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Além de produtos orgânicos, a Whole Foods aposta também no famoso “trabalho orgânico”

Empresas estão investindo cada vez mais nessa cultura que valoriza e estimula a flexibilidade, autonomia, crescimento e inovação dos funcionários

Devin Keate, líder da loja Whole Foods em Orlando, na Flórida: “É uma via de mão dupla: quanto mais o funcionário quer crescer, mais recursos a Whole Foods oferece para isso” (Divulgação/Divulgação)

Devin Keate, líder da loja Whole Foods em Orlando, na Flórida: “É uma via de mão dupla: quanto mais o funcionário quer crescer, mais recursos a Whole Foods oferece para isso” (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 26 de outubro de 2024 às 14h43.

Última atualização em 26 de outubro de 2024 às 14h51.

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Orlando, Flórida (EUA) — Fundada em 1980, a Whole Foods se tornou sinônimo de produtos orgânicos nos Estados Unidos, ampliando a rede para mais de 500 lojas espalhadas pelo país com um compromisso claro: nutrir as pessoas e o planeta.

Devin Keate é líder de uma loja da Whole Foods criada em 2008 em Orlando, cidade da Flórida, que conta hoje com 200 funcionários. Foi neste estabelecimento, que conta também com um restaurante self-service, que o gerente recebeu o time de mulheres que participaram do Programa Salto, evento que reuniu executivas brasileiras nos Estados Unidos para entender como as grandes marcas trabalham a sua liderança. E apesar do core business da Whole Foods ser alimentação, o foco para que a rede continue sustentável financeiramente, está nas pessoas.

“Para atender bem o cliente precisamos de um profissional bem treinado. Para oferecer um produto de qualidade, precisamos de funcionários engajados. O nosso foco, portanto, não está só em produtos de qualidade, mas em profissionais qualificados também”, afirma Keate.

É com esse pensamento que a rede de supermercados prioriza, além de alimentos orgânicos, o conhecido por muitos RHs como "trabalho orgânico" — uma abordagem de valorização dos funcionários que alia flexibilidade, crescimento profissional e cultura inclusiva.

O que é o "trabalho orgânico"?

No mundo corporativo atual a ideia do "trabalho orgânico" vem ganhando força, promovendo a adaptabilidade e o desenvolvimento natural dos talentos. Trata-se de um tipo de trabalho que evolui naturalmente, sem muita rigidez ou estrutura imposta de cima para baixo.

“Imagine um jardim, onde cada funcionário é uma planta que ocupa seu próprio espaço para crescer e se apoiar mutuamente, é assim que podemos imaginar o fluxo do trabalho orgânico”, diz Fabiane Borges, especialista em Recursos Humanos e mentora de líderes, que foi uma das palestrantes do Programa Salto Alto.

Flexibilidade, autonomia, crescimento e inovação são algumas das características desse processo de trabalho que está ganhando a cultura de muitas empresas – inclusive da Whole Foods.

A autonomia de querer ser melhor no que faz

Um dos programas mais valorizados dentro da rede é o de "Campeões de Cultura", em que o funcionário, após seis meses de experiência, tem a oportunidade de se tornar embaixador da cultura da Whole Foods. Esses campeões passam por módulos de treinamento e certificações, desde o nível básico até o avançado, onde são capacitados para impulsionar os valores e o espírito de cooperação entre as equipes.

“Ser um campeão de cultura significa mais do que usar um pin ou uma camisa especial; é ter a responsabilidade de promover a união e a comunicação, organizando eventos internos e atividades comunitárias”, diz o gerente.

A valorização desse papel é reforçada pela comunicação interna: os campeões são destacados na rede social interna da Whole Foods, uma plataforma onde são reconhecidos por suas conquistas. “Ser um campeão de cultura é uma honra que agrega ao currículo de qualquer um, não só dentro da Whole Foods, mas também para futuros passos na carreira,” afirma Keate.

O diferencial dessa ação, segundo Borges, é que estimula a autonomia do funcionário, uma vez que os embaixadores de cultura são voluntários, ao contrário do que acontece em muitas empresas, onde esses representantes são escolhidos por gestores. “Lá qualquer funcionário pode se voluntariar, o que faz com que falem da empresa com paixão e autenticidade”, afirma a especialista em RH.

O valor de um funcionário qualificado

Outra característica do trabalho orgânico é apostar no desenvolvimento do funcionário. Cada funcionário da Whole Foods, segundo o gerente, participa de um treinamento inicial obrigatório, onde aprende sobre a marca, valores e cultura organizacional. Após essa introdução, o crescimento é direcionado pelo próprio funcionário: quanto mais ele investe na empresa, mais a empresa investe nele.

“É uma via de mão dupla: quanto mais o funcionário quer crescer, mais recursos a Whole Foods oferece para isso, seja com treinamentos internos ou externo,” afirma o gerente.

Não à toa, as qualificações que a Whole Foods mais busca na hora da contratação são as soft skills, que segundo Borges, é mais uma característica das empresas que apostam no trabalho orgânico.

“Empresas que valorizam o trabalho orgânico priorizam as soft skills em vez das hard skills. Isso cria uma dinâmica e uma cultura de desenvolvimento dos funcionários”, afirma Borges.

Para Keate, o que a rede mais busca são funcionários que sejam atenciosos, que atendam com respeito e alegria e que sejam organizados e comprometidos com suas atividades. “E se caso precisarem de treinamentos sobre liderança ou atendimento ao cliente, ou seja, algo mais técnico, estaremos aqui para ajudar”, diz o gerente.

O poder do "bom dia" que não custa nada 

Em diversas lojas, a rotina da Whole Foods começa antes do amanhecer, com equipes que chegam às 2h da manhã para preparar as mercadorias. “Temos uma equipe que trabalha à noite, outra que começa nas primeiras horas da manhã, então a loja nunca dorme,” conta o gerente.

Para atender essas diferentes agendas dos funcionários, a empresa evita reuniões fixas diárias, respeitando o cronograma diversificado dos funcionários e promovendo breves encontros quando necessário, no início do dia de operação. “Antes de começar o dia nos reunimos com a equipe para passar o que esperamos atender. A comunicação clara é muito importante para o funcionamento do negócio”.

Antes mesmo de ser líder, Keate começava o dia cumprimentando todos os funcionários, inclusive os que não são da equipe, afinal, no ecossistema da Whole Foods o olhar para cada detalhe importa.

“Escolhemos todos os dias as melhores frutas e demais alimentos para que fiquem atrativos para o cliente, e isso tem dado certo há décadas. Por isso também acreditamos que ao escolher as nossas melhores ações como líderes ou colegas de trabalho, teremos também o melhor de cada um da equipe”, diz Keate.

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