Carreira

Abílio Diniz é o rei do emprego

O Grupo Pão de Açúcar pretende abrir 10 000 vagas este ano. Nesta entrevista, Abílio Diniz, presidente do conselho de administração do grupo, fala do profissional que a empresa procura e das características que valoriza num líder


	Abílio Diniz, empresário
 (Germano Lüders/EXAME)

Abílio Diniz, empresário (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2013 às 16h18.

VOCÊ S/A - O Pão de Açúcar anunciou investimento de 5 bilhões de reais e boa parte desse montante vai para o Norte e Nordeste. Como serão contratados os profissionais para essas regiões?

Abílio Diniz - No processo de expansão, há espaço para gente que já está lá e também para quem quer uma nova experiência de trabalho e de vida. Temos feito esforços para acolher quem quer se desenvolver em outra região e para quem deixou o Nordeste ou o Norte e agora quer voltar. Nós valorizamos o interesse de sair do eixo Rio-São Paulo, mas o importante não é a região onde se está. Queremos criar condições para que as pessoas tenham oportunidades em qualquer trajetória que desenvolvam aqui dentro do grupo.

VOCÊ S/A - Essa expansão vai exigir um profissional diferente do que você procura para o sudeste?

Abílio Diniz - Não. O conhecimento dos hábitos, dos costumes e da cultura local facilita o entendimento dos negócios e a adaptação, mas o que faz a diferença nesse processo é o alinhamento do profissional aos nossos valores. 

VOCÊ S/A - O que você espera que seus executivos façam fora do ambiente de trabalho? 

Abílio Diniz - Procuro inspirar as pessoas que estão próximas a mim a adotar hábitos saudáveis. Acredito que o segredo de uma boa gestão é manter o equilíbrio entre alimentação, amor, atividade física, espiritualidade, controle do estresse e autoconhecimento. O bom gestor deve se cercar de  uma equipe consistente e perseverante. Um líder não pode exercer seu papel sozinho. Ele precisa ter uma equipe que o admire e que tenha os mesmos objetivos.

VOCÊ S/A - Há um perfil mais adequado para trabalhar no grupo?

Abílio Diniz - Nem sempre uma pessoa reúne as mesmas qualidades de outra na mesma posição. Falando por mim, elegi algumas questões que julgo fundamentais: determinação — algo que sempre digo é saber onde é o norte, qual rumo a pessoa está seguindo — e disciplina.

Sou uma pessoa de rotinas, que cumpre a agenda, e acho importante que o líder tenha a inteligência de organizar sua rotina e saber priorizar. Objetividade e transparência para que possa estabelecer relações de confiança, inconformismo para corrigir o que está errado e controle do estresse também estão nesta lista.


VOCÊ S/A - Você escolheu um executivo financeiro para ocupar a presidência do grupo num futuro próximo. Por que é tão importante ter essa bagagem para o posto?  

Abílio Diniz - A questão técnica é menos relevante nessa escolha. Um líder deve ser uma pessoa que consegue equilibrar vários papéis com uma visão macro sobre o negócio e condições de decidir sobre a estratégia da empresa, para que ela dure. Foi isso que busquei ao profissionalizar o grupo em 2003.

A chegada do Claudio Galeazzi [que foi consultor e é presidente do grupo há dois anos] foi um passo decisivo, pois ele atuou diretamente na preparação do seu sucessor [Enéas Pestana, vice-presidente executivo do grupo, que fez carreira na área financeira].

Essa escolha tem mais a ver com o potencial e a competência como líder e, no caso do Enéas, isso ficou muito claro em vários momentos da empresa, além da sua atuação estratégica decisiva na compra do Ponto Frio e na associação com as Casas Bahia.

VOCÊ S/A - Há diferenças entre o perfil do profissional que está numa empresa de capital aberto e o de uma empresa fechada?

Abílio Diniz - Um bom profissional não depende disso. Competência, capacidade de organização, proatividade, preocupação com gestão de pessoas, estruturação de processos e de trabalho são essenciais em um profissional capacitado. Com a entrada na bolsa, profissionalizei o grupo com pessoas do mercado. Isso contribuiu para a estruturação dos processos, da forma de trabalho e da transparência na gestão da empresa.

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