Jovens funcionários da Nextel: satisfação no trabalho: (Raul Junior/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2013 às 13h12.
São Paulo - Entre 2009 e 2010 a Vivo contratou 5 300 pessoas em seis meses. Os novos funcionários eram terceirizados das suas lojas. Trazer esta turma, que tem em média 26 anos, para dentro de casa foi iniciativa encabeçada pelo presidente, Roberto Lima. (No dia 4 de maio foi anunciado que ele ficará no cargo até 30 de junho.) “Isso mudou a empresa, porque eles são nosso melhor contato com os clientes”, diz Roberto.
Em 2010 a Vivo cresceu 10% em receita e 13% em clientes. Para o futuro, o plano é investir na expansão da internet móvel e na venda de serviços agregados, como músicas, por exemplo. “Os jovens fazem parte da nossa estratégia, pois são indicadores de tendências. É o que queremos para o nosso negócio”, completa.
Ter profissionais na quantidade desejada e com preparo adequado para movimentar a linha de frente da companhia é vital para que suas metas sejam atingidas. Essa realidade não é exclusividade da Vivo. Segundo levantamento com as 30 empresas finalistas deste guia, 76% delas passam por um momento de expansão. Portanto, atrair, desenvolver e reter jovens são temas importantes na gestão de pessoas dessas organizações.
Da necessidade de descobrir e entender melhor quais são as expectativas dessa turma é que surgiu a iniciativa do Guia VOCÊ S/A — As Melhores Empresas para Começar a Carreira, pesquisa pioneira no mundo, que dá voz ao que pensam os jovens e procura mapear o que as companhias estão oferecendo a eles na prática.
A pesquisa é feita em parceria com a consultoria Cia de Talentos — uma das maiores especialistas em jovens profissionais no Brasil — e com a Fundação Instituto de Administração (FIA), que detém expertise em clima organizacional e é também responsável pela metodologia do Guia VOCÊ S/A-EXAME – As Melhores Empresas para Você Trabalhar, publicado há 15 anos pela VOCÊ S/A.
Desafio às empresas
Se por um lado os jovens são combustível para os negócios e uma alternativa ao apagão de mão de obra no mercado, por outro representam um grande desafio: eles são ansiosos, exigem maior coerência entre discurso e prática e são mais críticos que os profissionais de outras gerações. Exemplo disso é a avaliação que fizeram de suas empresas nesta pesquisa: a nota média é 10 pontos percentuais menor do que a dos funcionários que participaram da pesquisa que gerou o anuário As Melhores Empresas para Você Trabalhar em 2010.
“Essa postura dos jovens chama a atenção, pois comprova que eles realmente têm um grau de exigência e expectativa maior em relação ao trabalho”, diz o professor Joel Dutra, que, com o professor André Fischer, é responsável na FIA pela metodologia dos dois levantamentos. Ambos os professores são coordenadores do Programa de Estudos em Gestão de Pessoas (Progep), da FIA.
Para lidar com isso, muitas empresas têm buscado alternativas em suas práticas de gestão de pessoas, mas a maioria ainda tateia para achar uma solução que agrade a galera em início de carreira. “As empresas não sabem direito como satisfazer aos anseios dos jovens e ao mesmo tempo mostrar a eles que há limites naturais para crescer na carreira”, diz Joel.
Entre as premiadas neste guia, há desde companhias que criaram programas específicos para jovens até as que oferecem as mesmas políticas a todos, independentemente da fase da carreira. “Não há regras que sirvam a todas as organizações, mas o importante é que, para os jovens, não importa só receber bons benefícios ou ter qualidade de vida sem perspectivas claras de crescimento, por exemplo. Eles querem tudo ao mesmo tempo”, diz Sofia Esteves, presidente do Grupo DMRH, do qual a Cia de Talentos faz parte.
Um jovem diferente
Outro aspecto interessante da pesquisa foi a descoberta de um jovem adaptado ao mundo corporativo. O que se diz é que eles querem alcançar altos postos em pouco tempo, não respeitam hierarquia e buscam sempre qualidade de vida. Na prática, o que a equipe de dez jornalistas da VOCÊ S/A encontrou na conversa com cerca de 620 profissionais em início de carreira, durante as visitas às pré-classificadas na segunda etapa da pesquisa, foi um jovem que compartilha dos valores da organização.
Quer crescer, sim, mas não a qualquer custo. Se inspira em profissionais que admira (nem sempre o chefe) e está disposto a ficar na organização por um bom tempo. “Os jovens são muito comprometidos com projetos em que acreditam e dos quais se sentem parte. Eles topam trabalhar além do previsto, desde que vejam sentido no que fazem e tenham uma contrapartida, não necessariamente financeira”, diz Sofia.
O que mostra a pesquisa é que, na hora de escolher uma empresa para começar a carreira, não há um aspecto que se destaque muito dos demais: os jovens buscam uma relação equilibrada entre fatores como aprendizado, grana e tempo livre. Entre reclamações estão a carga excessiva de trabalho e a dificuldade de planejar a carreira. Questões críticas para manter a galera engajada e motivada, o que impacta diretamente no poder de retenção e na produtividade das companhias.