Carreira

A presidente da TAM já foi vítima de machismo; entenda

Claudia Sender conta como enfrentou situações em que sofreu preconceito de gênero ao longo da sua carreira e dá um conselho "de ouro" para as mulheres


	Claudia Sender, da TAM: " a competência tende a ultrapassar qualquer barreira"
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Claudia Sender, da TAM: " a competência tende a ultrapassar qualquer barreira" (Germano Lüders/EXAME.com)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 21 de agosto de 2014 às 10h45.

São Paulo – Há pouco mais de um ano, ela comanda dezenas de milhares de pessoas como presidente da TAM Linhas Aéreas e está na lista da revista americana Fortune dos 40 executivos mais promissores do mundo com menos de 40 anos de idade.

Aos 39 anos, Claudia Sender, engenheira química de formação e com MBA na Harvard Business School no currículo, não precisa mais provar para ninguém que não é menos competente por ser mulher.

Sob a sua batuta, a taxa de ocupação doméstica da TAM saltou de 68,48% no primeiro semestre de 2012 para 77,51% no mesmo período de 2013, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) o que a consolidou com uma das executivas mais talentosas de sua geração.

Mas nem sempre foi assim. Em bate-papo ontem organizado pelo site Na Prática, da Fundação Estudar, a presidente da TAM revelou que já sofreu com o machismo que ainda insiste em dar as caras, mesmo que sutilmente, no ambiente corporativo.

“Tive, sim, situações com clientes, quando ainda trabalhava em consultoria. Eles basicamente não me queriam nas reuniões por eu ser mulher”, contou ela que começou a sua carreira na consultoria Bain& Company. Mas a executiva nunca se sentiu intimidada pelo preconceito. “Sempre enfrentei isso com bastante leveza”, afirma.

É que, para ela, uma qualidade bastou para ultrapassar esta barreira: competência. A sua eficiência, diz, foi a chave para lidar com uma situação em que o machismo mais se fez presente na sua vida profissional.

“Teve um caso especificamente de um cliente que não queria falar comigo porque eu era mulher e ele achava que eu não ia ter nada para agregar em relação aos outros membros do time - que eram homens. Até o momento em que eu trouxe para ele uma análise, uma solução de um problema que ninguém tinha conseguido trazer antes”, lembra a presidente da TAM.

Deu certo. “A partir desse momento, ele queria que, em todos os projetos que a Bain& Company fizesse para ele, eu estivesse na equipe. Então ainda acho que a competência tende a ultrapassar qualquer barreira”, afirma.

Atenção, mulheres: "não tentem ser homens”

Este é o seu principal conselho para as mulheres que, de alguma forma, enfrentam o machismo no dia a dia de trabalho.
“O maior erro que, em geral, as mulheres cometem é tentar esconder o fato de que nós somos mulheres para que isso passe despercebido”, diz.

Ao tentar “disfarçar” seu gênero, as mulheres perdem oportunidades de trazer à mesa seus diferenciais como profissionais.
“E são competências e habilidades muito valorizadas hoje em dia no mercado de trabalho e que nos fazem diferentes e nos fazem complementares”, explica.

A diversidade, aliás, é um valor importante para a executiva comandar a TAM que, na fusão com a chilena LAN, tornou-se parte do Grupo LATAM, uma das 10 maiores empresas do mundo, tanto no transporte de passageiros quanto no de carga.

“Não existe porque você não ter dentro da tua tomada de decisão a contribuição de pontos de vista diferentes”, afirma.

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