Insatisfeito: apenas 37% viram progresso em qualquer aspecto do trabalho além da remuneração (foto/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2019 às 16h49.
Nos EUA, milhões de empregos foram gerados e os ganhos salariais se aceleraram nos últimos anos, mas as pessoas não estão gostando tanto de trabalhar.
Uma pesquisa divulgada na quarta-feira mostrou que apenas 40% da população ocupada acredita estar em bons empregos, comparado a 44% que se veem em empregos medíocres e 16% em empregos ruins. Em suas respostas, os entrevistados mostraram que a qualidade de seus empregos tem forte correlação com sua qualidade de vida: 79% daqueles que se consideram em bons empregos relatam boa qualidade de vida, contra apenas um terço daqueles em empregos ruins.
A pesquisa Gallup pediu a 6.633 adultos ocupados para avaliar seu trabalho atual em 10 dimensões de qualidade, como benefícios, compensação e estabilidade.
Os aspectos mais importantes, conforme classificados pelo entrevistado, ganharam peso maior na pontuação final, com máxima em 5. Um bom trabalho tem pontuação igual ou superior a 4. Um trabalho ruim recebe pontuação igual ou inferior a 3.
Cerca de dois terços dos que ganham US$ 143.000 ou mais por ano — que estão entre os 10% mais ricos da amostra — descreveram seu trabalho como “bom”.
Menos de um terço daqueles que ganham menos de US $ 24.000 fizeram a mesma avaliação. No geral, apenas metade dos trabalhadores está satisfeita com seu salário atual, mas essa resposta varia muito com a renda. Entre aqueles na faixa de renda 10% mais alta, 89% se declararam satisfeitos com sua compensação.
Menos de dois terços dos entrevistados disseram que seus salários aumentaram nos últimos cinco anos, ressaltando que a maior expansão econômica em registro não produziu os mesmos benefícios nas diferentes faixas de renda.
Jerome Powell, o presidente do banco central (Federal Reserve), tem enfatizado a necessidade de sustentar o crescimento da economia para que “o forte mercado de trabalho alcance mais daqueles que foram deixados para trás. “
Com a diminuição da ociosidade no mercado de trabalho, as empresas têm reclamado da falta de qualificação. As ofertas de vagas atualmente superam o número de desempregados nos EUA.
No entanto, apenas 37% viram progresso em qualquer aspecto do trabalho além da remuneração nos últimos cinco anos, segundo o relatório, que foi financiado pela Fundação Lumina, Fundação Bill e Melinda Gates e Rede Omidyar.
Cerca de um quarto observou melhoria nos benefícios oferecidos pelo empregador e apenas um terço gostava de sua rotina de trabalho.
Em diferentes recortes demográficos, o estudo concluiu que raça, etnia e gênero têm elevada correlação com a qualidade do emprego. As mulheres negras foram as mais propensas a considerar seus empregos ruins (31%).
Homens brancos não hispânicos, seguidos por mulheres da mesma classificação, foram os menos inclinados a expressar decepção com a qualidade de seu trabalho. Homens hispânicos e mulheres negras foram os mais propensos a esse desapontamento.
Asiáticos, que apresentaram maiores níveis de renda e escolaridade que os americanos brancos, descreveram menor qualidade no emprego que os entrevistados brancos.
A pesquisa foi realizada por correspondência entre 8 de fevereiro e 1º de abril. Os principais resultados têm margem de erro de 1,9 ponto percentual.
“Não podemos confiar apenas na taxa de desemprego para explicar o que está acontecendo no mercado de trabalho dos EUA”, afirmou Jonathan Rothwell, economista-chefe da Gallup, em comunicado divulgado juntamente com o estudo. “Esta pesquisa oferece uma visão detalhada do que as pessoas valorizam em seus empregos e como se sentem em relação à vida profissional — e mostra que as pessoas querem mais que apenas um emprego. “