Amizades podem melhorar nossa saúde e nos fazerem viver mais (Getty Images/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 24 de julho de 2024 às 09h18.
Última atualização em 24 de julho de 2024 às 09h31.
Estudos recentes indicam que nossa rede social pode influenciar tanto nossa saúde quanto uma rotina de exercícios. David Robson, autor de um livro sobre relacionamentos, explora as evidências e razões por trás dessa ligação. As informações são da BBC.
Caso você acompanhe as discussões mais recentes sobre bem-estar e longevidade, deve ter notado um foco crescente no estado de nossos relacionamentos. Pessoas com redes sociais robustas tendem a ser mais saudáveis do que aquelas que se sentem isoladas. Nossas interações são tão fortemente ligadas à longevidade que a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a Comissão de Conexão Social, classificando-a como uma prioridade global de saúde.
O modelo biopsicossocial de saúde tem sido estudado há décadas, revelando que amizades podem influenciar desde a força do sistema imunológico até a chance de morrer de doenças cardíacas. Pesquisas mostram que, se queremos viver uma vida longa e saudável, devemos começar a priorizar as pessoas ao nosso redor.
Ficou claro que todos os tipos de relacionamento importam, mas alguns são mais significativos que outros. Conexões com cônjuges e amigos próximos oferecem maior proteção, mas até mesmo conhecidos casuais ajudam a evitar doenças graves. A audácia dessa afirmação explica porque foi inicialmente negligenciada nas orientações de saúde pública. No entanto, pesquisas extensas confirmam que a conexão e a solidão influenciam nossa suscetibilidade a muitas doenças.
O apoio social pode fortalecer o sistema imunológico e proteger contra infecções. Na década de 1990, Sheldon Cohen, da Universidade Carnegie Mellon, testou a conexão social de 276 participantes e os expôs ao rinovírus. Aqueles com redes sociais ricas tiveram menor probabilidade de desenvolver sintomas, demonstrando a importância das relações sociais.
A conexão social também reduz o risco de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, que ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente e as células do corpo não respondem adequadamente à insulina. Um estudo com 4 mil participantes encontrou uma ligação entre a solidão e o desenvolvimento de diabetes ao longo de uma década. Pessoas com laços sociais fortes também têm menor risco de desenvolver Alzheimer e outras demências.
As evidências mais fortes, no entanto, estão nas doenças cardiovasculares. Estudos mostram que pessoas com relacionamentos sociais pobres são mais propensas a desenvolver hipertensão e têm um risco 30% maior de sofrer um ataque cardíaco, angina ou derrame.
Julianne Holt-Lunstad, psicóloga da Universidade Brigham Young, compilou os resultados de 148 estudos envolvendo 300 mil participantes para comparar os efeitos da conexão social com outros fatores de estilo de vida, como fumar, beber, fazer exercícios, índice de massa corporal, poluição do ar e medicamentos para controle da pressão arterial. A conexão social superou quase todos os outros fatores na determinação da mortalidade.
Para entender como os laços sociais influenciam a saúde, devemos considerar nossa evolução. Humanos primitivos que viviam em grupos tinham mais chances de sobreviver, e a perda de conexão social poderia significar perigo. O cérebro e o corpo podem ter evoluído para interpretar o isolamento social como uma ameaça séria, desencadeando reações fisiológicas que, a longo prazo, podem causar danos à saúde.
Mesmo pessoas naturalmente introvertidas podem desenvolver habilidades sociais e colher os benefícios de uma vida social ativa. As habilidades sociais, assim como os músculos, ficam mais fortes quanto mais as utilizamos.