Edmilson Araújo, diretor de RH da Tetra Pak para Américas: "Microgerenciamento não funciona em um ambiente globalizado e híbrido. Como líderes, precisamos ser facilitadores e confiar no potencial das equipes” (Tetra Pak /Divulgação)
Repórter
Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 11h25.
É possível trabalhar à distância mesmo estando no regime híbrido – e a Tetra Pak, empresa sueca de alimentos e bebidas, é prova disso. A companhia se destaca quando o recorte é a exportação de talentos brasileiros. Atualmente, 208 funcionários brasileiros, de diferentes níveis hierárquicos, atuam em unidades da empresa fora do país, inclusive em cargos de liderança e C-Level. A Índia lidera o ranking da companhia com 291 profissionais exportados e o Paquistão fica atrás do Brasil, em terceiro lugar, com 167 funcionários trabalhando à distância.
"Nosso país fica atrás apenas da Índia quando falamos desses dados, e é bacana ver como os brasileiros se dão bem ao redor do mundo," diz Edmilson Araújo, diretor de RH da Tetra Pak para Américas, que começou na Tetra Pak como aprendiz em 1997.
Esse formato de trabalho permite que os funcionários aproveitem o melhor dos dois mundos: a flexibilidade do home office e a colaboração presencial, além de favorecer a circulação de talentos entre as diversas sedes da empresa, promovendo uma troca cultural e profissional.
"O modelo híbrido foi acelerado durante a pandemia e, hoje, está consolidado em todos os mercados. Ele possibilita flexibilidade para questões pessoais e ambientais, ao mesmo tempo que mantém a interação e o ambiente colaborativo que só o escritório proporciona," afirma Araújo que afirma que os funcionários administrativos vão três dias ao escritório.
Presente em 160 países, com uma estrutura global que inclui 100 escritórios de vendas, 27 empresas de mercado e 51 fábricas de produção, a Tetra Pak aposta na mobilidade internacional como parte da cultura da empresa de desenvolvimento interno de talentos. "Todas as vagas são divulgadas internamente antes de serem abertas ao mercado externo. Isso fomenta não apenas a carreira internacional, mas também o desenvolvimento dos funcionários dentro da organização," diz Araújo.
Araújo é um exemplo de trabalho híbrido com equipes à distância. Como diretor de RH da Tetra Pak para Américas, ele possui equipes espalhadas por seis mercados nas Américas — incluindo Estados Unidos, Canadá, México, Brasil e Cone Sul – e entre os desafios de coordenar pessoas à distância não está apenas o fuso horário, mas também de integrar culturas e legislações locais.
"Cada mercado tem a sua especificidade, como legislação trabalhista e práticas sindicais, além do fuso horário que exige uma boa administração da agenda”, afirma.
Apesar dos desafios, Araújo vê uma grande oportunidade em trabalhar do Brasil com profissionais em outros países. Para ele, a troca de experiências entre os times acaba ficando ainda mais rica. “Chamamos essa troca com profissionais de outros países de ‘fertilização cruzada’, onde ideias e soluções de um país servem como referência para outros," diz o diretor de RH.
Além de precisar adotar uma postura de liderança mais flexível com horários, para liderar funcionários à distância Araújo afirma que é preciso trabalhar a autonomia neste processo que exige muita confiança – de ambos os lados. "Microgerenciamento não funciona em um ambiente globalizado e híbrido. Como líderes, precisamos ser facilitadores e confiar no potencial das equipes," afirma Araújo.
Para preparar seus profissionais para uma dinâmica de trabalho internacional, a Tetra Pak oferece suporte em idiomas, como inglês e espanhol, e investe em programas de desenvolvimento global. "Nosso parceiro global, EF, auxilia no aprendizado de inglês, enquanto outros programas conectam colegas de diferentes países em treinamentos e projetos," afirma Araújo.
Além disso, a empresa implementou iniciativas voltadas à diversidade e inclusão, como grupos de afinidade e programas para fomentar a representatividade, especialmente de mulheres em áreas técnicas. "Criamos o programa #ElasNaEngenharia, em parceria com o Senai, para formar mulheres em cursos técnicos, como mecatrônica. Isso é fundamental para ampliar as possibilidades futuras de contratação," conta.
O programa foi criado em 2018 para estimular jovens universitárias a se engajarem nas áreas de engenharia onde ainda prevalecem funcionários homens. Ao longo de suas cinco edições (a mais recente em maio de 2024), o programa alcançou, em média, mais de 600 inscritas de diversas regiões do país.
Com um modelo híbrido consolidado e estratégias para exportar talentos e promover diversidade, a Tetra Pak segue investindo em criar um ambiente de trabalho que prioriza tanto o bem-estar quanto o desenvolvimento profissional.
"Nossa meta é constante: ser um lugar ainda melhor para trabalhar. Isso envolve ouvir nossos funcionários, realizar pesquisas regulares de engajamento e implementar melhorias contínuas," afirma Araújo.
A Tetra Pak possui cerca de 24 mil funcionários globalmente e, no Brasil, há cerca de 1,5 mil funcionários diretos que estão espalhados em duas fábricas nos estados de São Paulo, em Monte Mor, e no Paraná, em Ponta Grossa. Os 208 brasileiros que estão trabalhando fora estão espalhados, principalmente, nos seguintes países: Estados Unidos (93), Suécia (29), Portugal (15), Panamá (14) e Itália (12).
A companhia não divulgou faturamento, mas quanto aos números de vendas, a Tetra Pak fez 12,5 bilhões de euros em 2022, e chegou a 12,7 bilhões de euros em vendas em 2023.