A perda de talentos devido ao esgotamento emocional é um custo significativo para as organizações (Malte Mueller/Getty Images)
Pesquisador, consultor e palestrante sobre a vida organizacional
Publicado em 11 de março de 2025 às 08h01.
O mundo corporativo nunca foi tão desafiador. Sob pressão por produtividade e resultados cada vez mais agressivos, muitas empresas enfrentam um problema que afeta diretamente sua maior força de trabalho: o esgotamento emocional. O chamado burnout — uma síndrome ocupacional reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) — deixou de ser uma preocupação secundária para se tornar uma epidemia silenciosa dentro das organizações.
Seus sintomas incluem exaustão emocional, despersonalização e perda de realização pessoal, impactando não apenas os indivíduos, mas também a coesão das equipes e o desempenho organizacional.
Mas o que causa essa exaustão extrema e como as empresas podem prevenir a fuga de talentos devido ao esgotamento mental?
A exaustão emocional, caracterizada por uma fadiga que parece nunca ter fim, dificuldade de concentração, sentimentos de sobrecarga e falta de motivação, é o primeiro e mais evidente sintoma do esgotamento. Quando os funcionários tentam compensar essa falta de energia com esforço extra, acabam caindo em um ciclo vicioso de exaustão, alimentando ainda mais a chama do burnout. Esse ciclo se retroalimenta, porque quanto mais exaustos os funcionários se sentem, mais difícil se torna lidar com as demandas do trabalho, levando a um aumento do estresse e do desgaste emocional.
À medida que o esgotamento avança, os funcionários podem erguer muros emocionais, desenvolvendo um mecanismo de defesa conhecido como despersonalização. Eles se desconectam emocionalmente do trabalho e das pessoas ao seu redor, resultando em cinismo, apatia e falta de empatia. Esse comportamento não apenas afeta o indivíduo, mas também envenena a dinâmica e a coesão das equipes. A despersonalização cria barreiras na comunicação, dificulta a colaboração e mina a confiança entre os membros da equipe, impactando negativamente o ambiente de trabalho e os resultados da organização.
O esgotamento emocional também pode levar à perda de realização pessoal, uma crise de propósito que abala os alicerces da autoestima e do bem-estar geral dos funcionários. Eles passam a duvidar de suas próprias habilidades e se sentem inúteis e desvalorizados, mesmo quando estão dando o seu melhor.
Essa baixa realização pode evoluir para quadros de depressão, levando ao desligamento completo do trabalho ou até mesmo ao abandono da carreira. A perda de talentos devido ao esgotamento emocional é um custo significativo para as organizações, tanto em termos financeiros quanto em termos de conhecimento e experiência perdidos.
É importante ressaltar que o esgotamento emocional não é um sinal de fraqueza individual, mas sim um sintoma de um sistema que prioriza resultados acima das pessoas. A cultura do excesso, com longas jornadas de trabalho, prazos apertados, pressão constante e falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, é um terreno fértil para o desenvolvimento do burnout.
Para combater essa epidemia silenciosa, é necessário que líderes, funcionários e organizações unam forças para colocar o bem-estar emocional no centro das discussões e ações no ambiente de trabalho. Isso requer uma mudança de mentalidade, políticas e práticas que valorizem a saúde mental e o equilíbrio dos funcionários.
A epidemia do esgotamento emocional nas organizações é um alerta para a necessidade de humanizar o trabalho e construir ambientes mais saudáveis e sustentáveis. Quando o trabalho deixa de ser uma fonte de esgotamento e se torna um espaço de propósito e realização, em que todos saem ganhando: as pessoas, as equipes e as empresas.