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Saída para o Brasil é trabalhador especializado, não barato

Apesar de ter sido difícil de aceitar, a globalização dos mercados é um fato que não se discute mais. Deve-se a partir dela construir uma economia nacional que possa enfrentar a competição de outros países, especialmente os asiáticos. As regras do jogo dos mercados e das transações econômicas são implacáveis e acabam impondo suas leis. […]

A china não é aqui (Ilustração: Nik Neves)

A china não é aqui (Ilustração: Nik Neves)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2013 às 18h45.

Apesar de ter sido difícil de aceitar, a globalização dos mercados é um fato que não se discute mais. Deve-se a partir dela construir uma economia nacional que possa enfrentar a competição de outros países, especialmente os asiáticos. As regras do jogo dos mercados e das transações econômicas são implacáveis e acabam impondo suas leis.

Mas essa realidade não deve ser construída à margem da realidade política e social dos países. Não podem ser adotadas as mesmas medidas em um país democrático, como o Brasil, e em um país sem democracia, como a China, em que os mecanismos, as instituições e a cultura são diferentes dos daqui. Portanto, não podem ser adotadas as mesmas regras.

A preocupação com o nível de vida e o bem-estar do cidadão, por exemplo, não pode ser posto de lado na democracia. Como consequência, o equilíbrio que uma sociedade deve alcançar entre o bem-estar das pessoas e a competitividade é mais difícil de ser atingido e supõe um desafio permanente, que não se enfrenta em uma ditadura. O que se consegue obter na China com uma mão de obra barata para reduzir seus custos deve ser compensado no Brasil com uma maior eficiência nas operações, seja pela qualidade de seus profissionais, seja pela melhor organização, seja pela modernidade das instalações. Cada país deve competir com suas próprias armas e é muito difícil comparar realidades tão diferentes na cultura, na configuração política e na realidade social como Brasil e China, apesar de ambos viverem um período de forte crescimento econômico.

Por essas razões, se o Brasil quiser aproveitar a fase de expansão econômica e de concentração de eventos de todos os tipos que vão ocorrer nos próximos anos, e manter-se competitivo no mundo, deve utilizar suas próprias armas. Acima de tudo, realizar um esforço para formar seus trabalhadores em profissões especializadas, de alto valor agregado e que lhes permitam manter salários suficientes, que sejam justificados por sua rentabilidade. Explorar a mão de obra barata não deve ser nunca o caminho a seguir pelo brasileiro para competir com países como a China. No lugar disso, é preciso investir na especialização de seus trabalhadores, no desenvolvimento de uma tecnologia mais avançada e centralizar os investimentos produtivos. 

Sandalio Gómez é professor de gestão de pessoas em organizações, SEAT chair do Labor Relations e Ph.D em gestão pelo Iese Business School, da Universidade de Navarra, na Espanha

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