EXAME.com (EXAME.com)
Camila Pati
Publicado em 19 de fevereiro de 2013 às 06h00.
São Paulo – Garantir uma promoção no trabalho é o objetivo principal de quem busca ascensão profissional. Mas, para isso, não basta ter todas as qualificações técnicas para subir um degrau na carreira e assumir um cargo que demande mais responsabilidade.
De acordo com especialistas consultados é preciso também investir em aspectos comportamentais essenciais para chegar lá. “Muitos dos deslizes que minam as chances de conseguir uma promoção são de ordem comportamental”, explica Silvio Celestino, sócio-fundador da Alliance Coaching. Confira oito comportamentos citados pelos especialistas que podem atrasar a chegada ao topo da carreira:
1 Batalhar pela promoção porque você acha que merece
“Todo mundo acha que merece ser feliz, acha que merece ser promovido, mas o valor está atrelado à percepção do outro”, diz Edson Carli, especialista em gestão de carreiras. De acordo com ele, é comum alguns profissionais esperarem reconhecimento antes de executar o trabalho que realmente valha mais.
“As pessoas pensam 'eu mereço, eu preciso', mas não devem partir do pressuposto de que precisam e, sim, de que valem mais”, diz. Só que esse “valer mais” só vai entrar em jogo quando, de fato, o profissional se destacar porque entrega mais resultados, oferece mais à empresa.
2 Não “vestir a camisa” da empresa
A promoção virá para aquele tipo de profissional que defende a empresa, de acordo com Carli. “As pessoas têm medo de mostrar aos outros que elas vestem a camisa da empresa e a defendem, mas ser líder é isso”, explica.
Ou seja, se o seu assunto predileto durante o almoço com os colegas de escritório é criticar tudo o que acontece durante o expediente e ficar reclamando do trabalho ao invés de propor soluções para os problemas, a promoção pode ser um horizonte distante.
“O deslize mais prejudicial é ficar criticando a empresa, falar de coisas erradas que acontecem dentro da organização. Para ser promovido tem que ser alguém que traz soluções e não uma pessoa que só aponta problemas”, diz Celestino. “O medo de ser considerado o bajulador é um erro e quem quer ser promovido deve quebrar essa barreira”, diz Carli.
3 Parar de aprender
Um bom profissional deve estar em constante aperfeiçoamento de suas competências e habilidades. Achar que você já sabe tudo e que não é preciso continuar a estudar e participar de treinamentos pode deixá-lo para trás em relação aos seus colegas mais interessados.
Carli conta ter ouvido de um profissional de uma empresa brasileira - recém-comprada por uma companhia alemã - que, se quisessem que ele falasse inglês, que pagassem um curso para ele. “Esta pessoa não está se preparando para ser promovida”, diz Carli.
Jogar toda a responsabilidade do seu aperfeiçoamento em cima da empresa não é a melhor alternativa quando se busca subir alguns degraus na carreira. “Esse egocentrismo é o mais cruel dos erros”, diz o especialista.
4 Deixar de assumir tarefas por não ser pago para isso
Ficar agarrado ao 'job description' definitivamente não é passaporte para o sucesso profissional. “A pessoa será promovida quando for a escolha natural, limitar-se ao seu mundinho é um erro”, diz Carli.
Tudo bem, você pode não ser pago para assumir mais tarefas quando o seu chefe entra de férias, mas realizá-las com competência vai demonstrar que você já está preparado para um cargo de chefia.
“As pessoas associam muito à questão do dinheiro, dizem: paguem-me que eu faço. Mas, na verdade, é o contrário: faça primeiro e ganhe depois”, diz Carli. A promoção, diz o especialista, deve ser encarada como um investimento. “A recompensa vem sempre depois”, diz.
5 Não saber se comportar durante reuniões e eventos
As reuniões - rápidas ou extensas, produtivas ou não - são parte inevitável do expediente e é fundamental se portar adequadamente durante a sua realização. “Recebo muitos comentários a respeito de comportamentos inadequados, em relação à postura corporal que revela falta de interesse ou até contrariedade”, diz Celestino.
Cara fechada ou deixar explícito que não está de acordo com o que está sendo dito pelo seu chefe são atitudes prejudiciais a sua imagem na empresa.
Comparecer a eventos vestido de maneira inadequada para o ambiente também depõe contra você, segundo o especialista. “A questão da imagem é importante porque a pessoa que busca ser promovida precisa mostrar que tem maturidade para isso”, diz Celestino.
Esta maturidade a que se refere o especialista está relacionada à postura do profissional como um conjunto e engloba comportamento durante o expediente, comunicação, relacionamento interpessoal, entre outros aspectos.
6 Despreparo na hora de apresentar informações
O diretor convoca uma reunião e pede uma explicação em relação a dados que são de sua responsabilidade. Mas você não se preparou para apresentar os números, não os têm anotados e não sabe fazer a análise que ele pede. O seu despreparo, mesmo que pontual, pode custar a tão sonhada promoção.
“O gestor vai promover alguém quando sabe que pode contar com essa pessoa. Se o profissional não vai preparado a uma reunião e não sabe dar a informação que ele pede ele percebe que não pode confiar nesta pessoa agora, imagine se ela for promovida”, diz Celestino.
7 Falta de alinhamento com a empresa
A solicitação é para reduzir custos, mas, por não concordar, você faz exatamente o contrário. Descumprir as diretrizes ou criticá-las abertamente vai prolongar o caminho até a promoção.
“Nada é mais cansativo do que ter que ficar convencendo as pessoas sobre as decisões tomadas. Se o diretor ou presidente da empresa sentir que terá que convencê-lo a cada decisão, não vai promovê-lo”, diz Celestino.
8 Conhecer apenas a linguagem técnica
O domínio da linguagem técnica pode ser essencial dependendo do seu ramo de atividade. Mas saber traduzi-la para os gestores da empresa é igualmente fundamental se você quer assumir uma cadeira de chefe. Do contrário você não será compreendido por eles e as chances de ficar restrito a uma função técnica são grandes.
“Muitas vezes profissionais muito técnicos acham que ser gerente é ser o técnico dos técnicos e não é isso”, lembra Celestino. Cargos de liderança demandam capacidade de se relacionar com pessoas e domínio da comunicação com os diferentes níveis.