Carreira

7 mitos sobre ser mãe e executiva que assombram mulheres

Conciliar carreira e maternidade é um dilema profundo entre as mulheres. Veja mitos e ideias exageradas que rondam o assunto, segundo especialistas


	Mãe, bebê e laptop: há mulheres que trabalham durante a licença
 (GettyImages)

Mãe, bebê e laptop: há mulheres que trabalham durante a licença (GettyImages)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 10 de maio de 2014 às 06h00.

São Paulo – Carreira, casa, família, filhos. Quando se trata de mulheres, a palavra chave é ser multitarefa, certo? Mas, dar conta de tudo não é algo que ocorra sem que pesem sobre elas dilemas, dúvidas e, como afirma a coach Bibianna Teodori, crenças limitantes.

Algumas ideias preconcebidas sobre o papel feminino na sociedade acompanham as mulheres desde a sua infância, diz Bibianna, e podem ser verdadeiras barreiras para o desenvolvimento pessoal e profissional delas.

Dentro deste cenário, conciliar maternidade e carreira figura entre as preocupações fundamentais de muitas profissionais. E com relação a este tema, mitos e ideias exageradas surgem aos montes.

EXAME.com foi investigar em quais crenças equivocados muitas profissionais ainda acreditam. Veja o que os especialistas dizem:

Mito 1  Maternidade não é compatível com carreira executiva

“A maior pressão que sofre a mulher não é mais provar a sua competência, mas, sim, conciliar o trabalho com a família”, diz Bibianna, que atende muitas executivas que são mães.

Para muitas, só de pensar em dividir a pesada rotina de trabalho com os cuidados que exige um bebê, o frio na barriga é tremendo. Por isso, diz Bibbiana, há quem adie ao máximo a maternidade.

“É um dilema profundo que as mulheres enfrentam”, diz o CEO da Produtive, Rafael Souto. Todo mês, diz ele, batem à porta da consultoria, pelo menos 10 executivas preocupadas com esta questão.

Para quem se reconhece nesta angústia, diz Souto, duas ações são fundamentais: planejamento e infraestrutura. Creche, babá, ajuda de familiares e apoio com as tarefas de casa são algumas das alternativas das profissionais que voltam a trabalhar logo após o período de licença.

Mito 2 Com a gravidez, acabam-se as promoções

A trajetória de ascensão profissional acaba no momento em que a mulher contar para o chefe sobre a gravidez. Assim pensam muitas e muitas executivas, diz Souto. “Se ela é gerente, acha que nunca mais vão promovê-la a diretora”, conta.

Para ele, isto é um mito na era em que vivemos no Brasil, de valorização de talentos. “Dos anos 2000 pra cá, as empresas estão com dificuldade em encontrar profissionais qualificados”, explica. Com isso, este medo não se apoia na realidade, sobretudo, para mulheres competentes, qualificadas e com trajetória de entrega de resultados.

Mito 3 Mães perdem produtividade e aumentam chances de serem demitidas

“Um pouco antes de a mulher voltar da licença maternidade, ela já fica estressada e insegura e pensa se vai continuar produtiva”, diz Bibianna.

Repensar objetivos de carreira, manter a transparência na relação com o chefe e, com ele, promover uma conversa franca são os “antídotos” para lidar melhor com este receio.

“Ela deve confiar que a qualificação e a posição que ela garantiu até agora não vão se perder, a maternidade é um ciclo e as coisas vão se organizar”, diz Souto.


Mito 4 A rotina de cuidados do bebê não vai melhorar nunca

É comum que a chegada do primeiro bebê seja impactante ao ponto de a mulher achar que aqueles primeiros meses de cuidado constante serão para sempre.

“Ela generaliza a maternidade tendo em vista a rotina dos primeiros meses em que ela é totalmente absorvida pelos cuidados com o filho”, diz Souto.

Atenção, mães de primeira viagem: o primeiro ano é o mais crítico e a rotina vai melhorando com o tempo. Acreditem, boas e tranquilas noites de sono ainda virão.

Mito 5 É preciso se manter conectada durante a licença

Muitas mães não se permitem se desligar do trabalho nem mesmo durante a licença maternidade. Acham que vão perder o seu lugar na organização se não continuarem trabalhando remotamente durante os quatro primeiros meses do bebê.

“Isso é uma ideia exagerada, é claro que há casos assim, mas não dá para generalizar porque não é a maioria. De uma forma geral, as empresas amadureceram”, diz Souto.

Mito 6 Ao se tornar mãe, a profissional perde valor

Algumas mulheres atribuem todas as dificuldades que têm no trabalho à maternidade recente. “Acham que, por serem mães de filhos pequenos, estão sendo ou serão excluídas de reuniões e projetos”, diz Souto.

Ao se considerar, de antemão, vítima de preconceito, qualquer obstáculo que surge está relacionado à sua nova condição de mãe. “E na maior parte das vezes não há relação alguma com a maternidade. A área dela pode ter perdido espaço porque a empresa está investindo em novos negócios, por exemplo”, diz Souto.

Para reverter esta visão (ou perceber se é isso mesmo), a solução é uma conversa franca com o chefe sobre a carreira e o trabalho. “Se ela quer um novo projeto, deve ir lá e falar”, diz o CEO da Produtive. De acordo com ele, sair desse diálogo interno recheado de fantasias é a melhor opção para lidar com esse sentimento.

Mito 7 É impossível se “dar ao luxo” de diminuir o ritmo de trabalho

Há mulheres que não se dão o direito de diminuir o ritmo na carreira quando se tornam mães. Com medo de tentar negociar uma desaceleração e serem mal interpretadas, vão ao limite de sua capacidade para não decepcionar ninguém no meio do caminho.

No entanto, “a mulher tem sim o direito de fazer essa escolha”, diz Souto. Dar um tempo em viagens de trabalho, não precisar participar de reuniões fora do expediente, tudo isto pode ser negociado com o gestor.

É claro que isso depende muito do estilo do chefe. Mas Souto lembra que já há muitas empresas que fazem concessões: permitem home-office ou horários mais flexíveis, por exemplo.

O CEO da Produtive lembra que o momento profissional tem impacto nessas questões. Mulheres com alta empregabilidade, qualificadas e histórico de bom desempenho têm, obviamente, mais poder de negociação.

“Mas se é uma mulher com uma carreira que não engrenou, que passou muito tempo desempregada, a gravidez pode, sim, dificultar ainda mais as coisas”, diz.

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