São Paulo — O Canadá é um dos destinos mais populares entre estudantes que buscam cursos no exterior. Além de ser aberto à diversidade e à multiculturalidade, o país faz esforços contínuos para atrair — e formar — mão de obra qualificada.
Quem estuda por lá muitas vezes decide ficar e pleitear a cidadania canadense. De acordo com o Escritório Canadense para Educação Internacional, 51% dos alunos estrangeiros no país pretendem solicitar um visto de residência permanente no país ao fim de seus estudos.
Obter um diploma expedido por uma instituição de ensino canadense é uma das principais portas de entrada para interessados em imigração. Entre 2006 e 2016, dizem informações oficiais, 18.697 brasileiros se mudaram definitivamente para o país.
Educação de qualidade, excelentes serviços públicos, cultura amigável e alto nível de qualidade de vida parecem formar um cenário perfeito na cabeça de alguns brasileiros que sonham com o Canadá.
Mas não é bem assim: para tomar a decisão de estudar, trabalhar ou até morar definitivamente no país, é preciso conhecer bem as contrapartidas exigidas pela aventura.
Uma delas é o custo de vida, que pode ser bastante alto em cidades como Vancouver e Toronto, além do fato de que as instituições do país raramente oferecem bolsas de estudo. Isso para não falar nas temperaturas geladas do Canadá e a escassez de luz solar durante uma parte do ano.
Para ajudar você a embasar sua decisão, reunimos 7 fatos que você necessariamente precisa saber sobre o assunto antes de fazer as malas:
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1. A maioria dos brasileiros vai estudar em faculdades, não em universidades
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De acordo com Rosa Maria Troes, presidente da Canadá Intercâmbio, agência especializada em facilitar estudos no país, os brasileiros costumam buscar o país para fazer ensino médio ("high school"), aprender idiomas (inglês e francês) e fazer cursos em faculdades (“colleges”) ou universidades. A formação em um “college” costuma ter de um a dois anos de duração, e é voltada a ciências aplicadas, isto é, ensina a prática do que o mercado de trabalho em uma determinada área exige. “É a opção mais comum e também a mais indicada para brasileiros, inclusive para cursos de pós-graduação”, afirma Troes. O certificado de um “college” costuma ser bastante valorizado pelas empresas — para não falar no fato de que ter uma qualificação local faz muita diferença na hora de arrumar um emprego no país.
Já as universidades são direcionadas à pesquisa e desenvolvimento. Não são indicadas apenas para quem busca carreira acadêmica, mas costumam ser menos abertas à entrada de estudantes estrangeiros, segundo a especialista. Vale ainda mencionar que a opção depende do seu nível de inglês. Cursos em faculdades e universidades exigem nível avançado em inglês ou francês. Se o seu domínio do idioma ainda não é tão elevado, uma alternativa é procurar cursos técnicos com foco em estudantes internacionais, que costumam durar entre 6 meses e dois anos.
Na província de Québec, os cursos superiores e técnicos são, via de regra, bastante parecidos com os que existem no Brasil, o que facilita a equivalência das profissões lá e cá. Assim, para grande parte das áreas, não é necessário revalidar o diploma obtido no Brasil, com algumas exceções importantes: é obrigatório o reconhecimento pelo conselho local no caso de engenheiros (veja o site da ordem) e contadores (confira o site), por exemplo.
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2. Não há grande oferta de bolsas (mas os cursos são mais baratos do que nos EUA)
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2/7 (PamWalker68/Thinkstock)
O Canadá tem cerca de 90 instituições de ensino públicas e 18 privadas. Mesmo as públicas são pagas. Via de regra, o estudante estrangeiro precisa se submeter a uma mensalidade mais alta do que o doméstico — afinal, o canadense já paga impostos que subsidiam a educação no país.
Segundo Troes, faculdades e universidades canadenses não oferecem bolsas de estudo para alunos internacionais com tanta frequência quanto as norte-americanas.
Por outro lado, os valores da mensalidades no Canadá costumam ser mais baixos do que nos Estados Unidos. O preço varia muito. Em “colleges”, o custo pode ir de 12 a 20 mil dólares canadenses por ano acadêmico. Já nas universidades, o valor depende muito do curso escolhido, mas pode chegar a 35 mil dólares canadenses por ano.
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3. O processo seletivo é bem peculiar
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3/7 (Filmwork/Thinkstock)
Não existe uma única prova, como o vestibular ou o Enem no Brasil, para ser aceito por uma instituição canadense. O candidato é avaliado pelo seu histórico acadêmico, isto é, pelos quatro últimos anos da sua educação.
Tanto as notas quanto as disciplinas cursadas são levadas em consideração. Se o seu curso na Canadá envolve matemática e as suas notas mais recentes na matéria não são boas, é provável que você seja rejeitado. O veredicto será esse ainda que atualmente você seja capaz de tirar 10 numa prova sobre o assunto.
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4. Você precisa conhecer as regras se quiser trabalhar enquanto estuda
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4/7 (monkeybusinessimages/Thinkstock)
Troes explica que, até o ensino médio, o estudante não pode trabalhar no país. Depois disso, na faculdade ou universidade, está liberado — mas só durante 20 horas por semana. Se está fazendo estágio, está autorizado a cumprir 40 horas semanais.
As leis trabalhistas são iguais para nativos e estrangeiros; o que pode mudar é o valor da hora trabalhada de cada um.
É fundamental conhecer a fundo as regras para trabalhar legalmente, diz a presidente da Canadá Intercâmbio, assim como buscar o máximo de informações para solicitar o tipo de visto mais adequado ao tempo e ao objetivo da sua viagem ao país.
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5. Toronto e Vancouver são as cidades mais caras
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5/7 (bpperry/Thinkstock)
“Todas as cidades canadenses recebem bem os estrangeiros, das menores às maiores”, garante Troes. “Ainda assim, quem vai fazer o ensino médio ou cursos de idiomas costuma preferir cidades pequenas, porque lá as pessoas têm mais tempo e disponibilidade para ajudá-las”.
Cidades maiores como Toronto e Vancouver, por outro lado, são mais efervescentes do ponto de vista cultural. São também as mais custosas para morar e comer. Vancouver é uma das cidades mais caras do mundo para viver, embora seja um destino bastante popular entre brasileiros.
Uma alternativa para quem não quer abrir mão desses destinos é morar na Grande Toronto ou na Grande Vancouver. As regiões metropolitanas costumam ser um pouco mais baratas, e o transporte público de qualidade do país permite deslocamentos relativamente fáceis até o centro.
De acordo com Troes, cidades localizadas na província de Québec, como Montréal, têm um custo de vida mais baixo do que cidades similares que ocupam regiões anglófonas do país.
O dinheiro é um ponto de atenção para qualquer brasileiro que pretenda estudar no país. Além de proficiência no inglês ou no francês e as devidas qualificações acadêmicas, o aluno estrangeiro precisa provar que tem condições financeiras para se manter naquele período no país, inclusive com demonstrativos bancários.
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6. A essência do país é o multiculturalismo
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6/7 (Jacob Ammentorp Lund/Thinkstock)
Historicamente, o Canadá é resultado de tradições indígenas, britânicas e francesas, que formaram um complexo mosaico cultural e linguístico. Com a abertura do país a imigrantes de todas as partes do mundo, esse “caldeirão” se tornou ainda mais temperado.
Hoje, convivem nacionalidades das mais diversas matizes no país. Segundo o jornal “The Guardian”, o Canadá recebeu cerca de 300 mil estrangeiros em 2016, dos quais 48 mil são refugiados. Cerca de 85% dos recém-chegados se tornam residentes permanentes. A região metropolitana de Toronto é a cidade mais diversa do planeta: metade dos seus residentes nasceu em outro país.
“Muita gente vai para o Canadá e diz que ‘o que menos vê é canadense’, no sentido de não ver tantas pessoas brancas, de olhos azuis”, diz Troes. “O Canadá é um país multicultural por excelência, então venha sabendo que você encontrará a diversidade, principalmente nas cidades maiores”.
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7. O Canadá é um “país de regras”
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7/7 (Voyagerix/Thinkstock)
Apesar de habituado à multiculturalidade, o canadense tem seus próprios padrões de comportamento — que podem causar algum estranhamento inicial em estudantes brasileiros. Embora amigáveis e educados, os locais costumam ser mais reservados do que nós. Também são mais diretos e objetivos: se você não fizer um certo esforço para se enturmar, dificilmente será incluído automaticamente em jantares e saídas, por exemplo. Vencida essa “inércia” inicial, porém, os canadenses se tornam amigos verdadeiros e extremamente leais, garante Troes.
Outra diferença cultural importante é a atenção às regras. “Se algo é proibido, é proibido”, diz a presidente da Canadá Intercâmbio. “Eles esperam que você respeite horários e cumpra com todas as suas obrigações”. Festas e baladas são menos frequentes, e a maioria das pessoas passa bastante tempo em casa — inclusive ocupada com limpeza e outras tarefas, já que o preço cobrado por empregadas domésticas é alto.