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Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2013 às 13h36.
São Paulo - Conceitos como mobilidade, conectividade e redes sociais estão criando novas formas de trabalho e estão na cabeça dos profissionais mais antenados. A seguir, uma síntese desses e de outros assuntos que vão estar na agenda executiva em 2010.
1 A vez dos nativos digitais
A fala é de Almir Narciso, presidente da Nokia: “Estamos percebendo uma transição dos chamados ‘migrantes digitais’, aqueles que são familiarizados com as novas tecnologias, para os ‘nativos digitais’, a geração de executivos que já nasceu na era digital”.
Essa transição, segundo Almir, terá efeitos na forma de conduzir empresas e equipes, especialmente em termos de mobilidade no trabalho. “A presença física deve se tornar menos relevante, o que gera necessidade de se gerenciar por resultados.”
2 Gerentes-gerais: mais autonomia
As filiais de multinacionais no Brasil estão crescendo mais do que suas matrizes. Como efeito, os gerentes-gerais estão ganhando mais autonomia para criar soluções mais adequadas aos consumidores locais — na área de marketing ou em produtos. É o momento de construir sua reputação.
3 Gerentes-gerais: mais poder
“O profissional precisa ter capacidade de análise, planejamento e argumentação, para mostrar o que pretende fazer”, diz Rodolfo Eschenbach, sócio da consultoria Accenture. Esteja preparado.
4 Mais empregos na volks
A indústria automotiva volta a crescer, mas com outro foco. “O brasileiro deseja carros mais seguros e ambientalmente corretos”, diz Josef-Fidelis Senn, vice-presidente de RH da Volkswagen. Segundo Josef, haverá demanda por engenheiros (mecânicos e de eletrostática) e técnicos para gestão de projetos. A empresa quer ser a “empregadora líder” do setor automotivo até 2018.
5 Já ouviu falar na teoria do u?
O alemão Otto Scharmer, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, defende a tese de que o conhecimento, tanto para liderar quanto para inovar, deve ser buscado em oportunidades futuras que aparecem no presente. Confuso?
Sua “Teoria do U”, uma referência ao processo de mergulhar na compreensão de um problema (e neste ato abrir a mente, o coração e a vontade para superar preconceitos) para em seguida emergir com uma solução criativa e inovadora, propõe respostas para questões que ainda estão abertas.
A tese tem repercutido no Brasil entre executivos da Natura, Unilever e Telefônica. “É importante ter a mente aberta para observar as coisas com um novo olhar e se desvincular do passado, de hábitos antigos, para perceber as oportunidades que estão emergindo.” Otto deve visitar, a trabalho, o país em 2010.
6 Novos MBAs?
Um artigo na revista inglesa The Economist discute a necessidade de as escolas de negócios repensarem seus cursos no pós-crise. A revista inglesa sugere que uma boa dose de história e ceticismo faria bem aos alunos: eles poderiam conhecer melhor os vaivéns de crises e avaliar as várias teorias de administração, para peneirar o que é apenas modismo. Professores e coordenadores de cursos, entenderam?
7 Diploma global
Para 2010, as universidades locais expandirão os cursos brasileiros, mas com padrão internacional, reconhecidos no exterior. Feitos para quem roda o mundo.
8 Sul-Sul
O investimento do governo em acordos com outros países do Hemisfério Sul vai demandar profissionais que trabalhem com comércio exterior e explorem novos mercados. Até 2015, o Brasil pretende ampliar o comércio com a Índia e a África do Sul em 25 bilhões de dólares. Hoje as transações entre os três países somam 10 bilhões de dólares.
9 Gestor sustentável
Um profissional que será cada vez mais procurado é o gestor de sustentabilidade. “É necessário sensibilizar e conscientizar os funcionários, para que cada um pense como adaptar sua área”, diz Miguel Dantas, gerente sênior de sustentabilidade da Goodyear.
Lá, o executivo tem a missão de difundir a visão de sustentabilidade na empresa. Ele planeja treinamentos para as diferentes áreas e para os revendedores de pneus (são 1.000 no total).
10 Experts em crédito
Os setores de infraestrutura — de portos, metrô, ferrovias e energia —, construção civil e varejo começam o ano a todo vapor. Haverá também a intensificação das fusões e aquisições. Por trás desse crescimento estão os profissionais da área de crédito, que analisam e pré-aprovam o financiamento dos negócios. Eles terão muito trabalho em 2010.
11 Mercado novo
Investidores de venture capital e private equity, como Arminio Fraga, da Gá- vea Investimentos , devem fechar 2009 com 31 bilhões de dólares comprometidos em novos empreendimentos no Brasil. Esses fundos possibilitam que projetos ousados, que teriam dificuldade para encontrar financiamento nos bancos, saiam do papel. De acordo com a FGV de São Paulo, existem mil novos negócios cujos planos devem ser desengavetados nos próximos dois anos. Boa parte dos recursos dos fundos vai para empresas de tecnologia.
12 Saúde é o que interessa
A partir de janeiro estão valendo novas alíquotas para o Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT) com a aplicação de um fator que premia empresas cautelosas e pune as que apresentam mais acidentes. De olho nas contas, companhias devem investir em pessoal da área de saúde e em engenheiros de trabalho para reduzir os acidentes. E de quebra aumentar o rigor de exames admissionais.
13 Desengavete seu plano B
Com o momento positivo da economia brasileira, está mais fácil encontrar financiamento e oportunidades de negócio. Se você tem um plano B, esta pode ser a hora de colocá-lo em prática. Um setor para apostar é o de serviços. “Nessa área, a estrutura ainda não é ampla”, diz Vicente Ferreira, vice-diretor de Educação Executiva do Coppead, no Rio de Janeiro.
14 Vez dos universitários
As grandes empresas vão aumentar o número de visitas às universidades para despertar os jovens para suas oportunidades. A Fiat já firmou acordo com 44 universidades nacionais e internacionais. A cervejaria AmBev também tem incentivado seus executivos a falar de perto com os estudantes de administração, economia e engenharia. É a guerra dos talentos em 2010.
15 Vem consolidação por aí
Se as fusões e aquisições ceifam empregos, também geram oportunidades de trabalho para advogados, tributaristas, especialistas em tecnologia e financistas. “A movimentação em 2010 deve superar os altos volumes de 2006 e 2007”, diz Carolina Lacerda, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
16 Mais vendas e mais bônus
Entre 2003 e 2008, 25,9 milhões de pessoas subiram para a classe C. “Para 2010, o crescimento da classe C deve ter ritmo semelhante ao que teve antes da crise”, diz Marcelo Neri, professor da FGV-RJ. Uma das razões é que a inserção no trabalho, o nível educacional e a renda da previdência estão altos.
“A capacidade de geração de renda é sustentável no longo prazo”, diz. Profissionais de varejo, construção civil, indústria de bens de consumo e alimentos devem assistir às vendas bombarem. E, com isso, é de se esperar que os bônus voltem aos patamares elevados de 2008.
17 Tabelas e contas
Matemáticos e estatísticos serão mais requisitados pelas pontocom para que a audiência e os resultados dos sites e ações via internet sejam analisados. Em tempo: este ano, 1 925 pessoas inscreveram-se para o curso de matemática na Universidade de São Paulo. Procura baixa se comparada à medicina, que teve 11 574 inscritos.
18 Tchau, telemarketing
Perguntas, reclamações e compras já não são mais feitas apenas pelo telefone. É cada vez maior o uso dos chats online das empresas para resolver problemas. Na Tecnisa, 35% das consultas são feitas pela web. O nível de trabalho aumentou para os corretores, que agora atendem várias pessoas ao mesmo tempo.
19 Além das leis verdes
O tema sustentabilidade está em voga há tempos, mas poucas empresas foram além de se adequar às leis. “Hoje não basta cumprir a legislação. As empresas têm de buscar sustentabilidade social e ambiental em todas as áreas”, diz Rogério Gollo, consultor em sustentabilidade da PricewaterhouseCoopers.
20 Bom para os biólogos
A demanda por etanol deve aumentar 15%, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética. Logo, 2010 vai ser o ano de biólogos e engenheiros químicos e genéticos que pesquisam formas de aumentar a produtividade e criar produtos.
21 Menos CO2
A procura das empresas por consultoria em gestão de sustentabilidade da PricewaterhouseCoopers aumenta 30% ao ano desde que a área foi criada.
22 Pense verde
Seja qual for a sua carreira, sua empresa vai esperar soluções sustentáveis vindas de você.
23 Financistas nas seguradoras
Com a perspectiva de que a taxa de juros vai continuar baixa, o setor de seguros tem um grande desafio: ganhar eficiência na área de processamento, que emite contratos e paga sinistros.
“Essa pode ser uma boa oportunidade para profissionais da área financeira de empresas de grande fluxo, como operadoras de cartão de crédito. Eles têm experiência para fazer reengenharia de processos”, diz José Roberto Loureiro, presidente no Brasil da MetLife seguros de vida e previdência.
24 Contador, você por aqui?
A partir do ano que vem, o balanço consolidado das empresas brasileiras de capital aberto e das instituições financeiras deverá ser apresentado de acordo com normas internacionais. A mudança vai exigir dos contadores um conhecimento maior sobre a natureza das operações.
Trocando em miúdos: é bem provável que você veja o contador de sua empresa perambulando mais vezes pelos corredores, querendo conhecer o trabalho de outras áreas do negócio que não a financeira.
25 A consagração do dedão
Engenheiros de computação e programadores preparem-se para trabalhar mais com celulares. Do total de novos aparelhos comprados no Brasil em 2009, 2% a 3% são smartphones. A tendência é que essa procura aumente em 2010, já que seu preço vai se tornar mais acessível. A criação de aplicativos para esses aparelhos deve ter demanda alta, para fornecer ao usuário mais serviços na ponta do dedo.
26 Na horizontal
As empresas devem caminhar para uma estrutura com equipes multidisciplinares e compartilhamento de decisões. Isso é uma reação à crise, mas também à presença da Geração Y, que não aceita decisões sem que tenha alguma participação.
27 Mais com menos
Um dos legados da crise é de que se pode fazer mais com menos. Por isso, os profissionais de análise de processos, responsáveis por aumentar a produtividade das empresas, têm trabalho garantido.
Segundo especialistas ouvidos pela VOCÊ S/A, uma revisão na área de cobrança de hospitais pode aumentar o faturamento em 15%, um planejamento adequado nas áreas de vendas, produção e compras pode reduzir o estoque em 30% — o que reduz custos com armazenamento e capital parado. Na área de bens de consumo, uma melhora nos processos de atendimento ao cliente pode reduzir a devolução de produtos em 30%. Os analistas de processos têm emprego garantido em 2010.
28 TI analítico
Investimento em tecnologia vai continuar na pauta dos presidentes, mas será importante atrelar investimentos a indicadores de resultado. Uma compra de aparelhos e softwares para atendimento, por exemplo, só deve ser feita se provar que traz mais satisfação ao cliente. Profissionais de TI têm de se capacitar para quantificar o impacto da implementação no negócio da empresa.
29 Na linha
Durante a crise, as empresas perceberam que, se todos os funcionários não estiverem alinhados, decisões são tomadas precipitadamente. As empresas precisam de uma comunicação sólida, para todos caminharem no mesmo rumo.
“É fundamental observar o comportamento dos executivos, para garantir que eles irão convergir”, diz a headhunter Fátima Zorzato, presidente da Russell Reynolds.
30 Aprenda com quem é de fora
O número de estudantes estrangeiros no Brasil aumenta, o que gera oportunidades para interagir com outras culturas e treinar idiomas. No Coppead, escola de negócios top no Rio de Janeiro, o número de estrangeiros quase triplicou. Na FGV-SP, desde agosto é oferecido um curso de mestrado em inglês. Há alunos dos Estados Unidos, da França, da Áustria e da Alemanha.
31 Movimentos na Bolsa I
Em 2010 haverá uma expansão da bolsa de valores, com a retomada dos IPOs. Uma das razões é o baixo nível de poupança, fazendo com que seja necessário buscar financiamento no mercado de capitais. As oportunidades para investir devem se concentrar no primeiro semestre. A expectativa no início do ano é a capitalização da Petrobras, que deve somar 50 bilhões de dólares.
32 Movimentos na Bolsa II
Outra área importante é a de mineração. “Nas duas áreas [leia Movimentos na Bolsa I] ainda se aguardam decisões governamentais sobre marcos regulatórios”, diz Richard Wahba, estrategista da Fator Corretora, de São Paulo. Dependendo do que for decidido sobre minoritários da Petrobras e das novas regras para as mineradoras, o impacto pode não ser tão positivo.
34 Radar político e econômico
Na presidência da Standard & Poor’s, a primeira agência de classificação de risco a dar grau de investimento ao Brasil, em 2008, Regina Nunes é procurada para dar seu parecer sobre o país.
“O número de ligações que eu atendo aumentou”, diz. Segundo ela, é difícil encontrar um país numa situação tão favorável como a do Brasil. “O país tem economia privada forte, exportação diversificada e um setor de serviços bem estruturado.”
35 Confiança, motivação e inovação
As ideias do professor Marco Tulio Zanini, da Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, tem ganhado mais ouvintes no ambiente executivo. Doutor em gestão empresarial pela Universidade de Magdeburg, na Alemanha, ele publicou recentemente o livro Confiança – O Principal Ativo Intangível de uma Empresa (Ed. Campus/Elsevier).
Marco acredita que em 2010 o tema ganhará espaço na agenda executiva. “O aumento da incerteza no ambiente de negócios torna as relações de confiança mais raras. E, sem ela, não há compartilhamento de conhecimento. Daí o tema estar no foco das discussões sobre a motivação e inovação como base para criação de uma competência distinta e um diferencial competitivo de mercado”, diz.
36 Inovação: ideia que não se materializa
Pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, com 15.000 executivos de empresas de médio e grande portes mostrou que 98% dos líderes entrevistados acreditam que a inovação é um elemento estratégico, essencial para a longevidade do negócio.
Apenas 8% deles, no entanto, têm processos ou sistemas estruturados para facilitar a inovação em suas companhias. Tem muito espaço para melhorar.
37 Marketing com dinheiro e vendas mais relax
Este ano, as empresas focaram em revisões de custos. Com o crescimento do PIB, a área de marketing recupera parte de seu orçamento perdido em 2009 e a equipe de vendas terá de volta seus chefes mais mansos, pois vender fica mais fácil com o consumo em alta.
38 Novas operações
A perspectiva de juros baixos para 2010 exige que os grandes investidores diversifiquem suas aplicações. “Devem aumentar os investimentos em negócios novos”, diz Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban. Essa é uma boa oportunidade para analistas que trabalham no setor ou para quem quer montar um fundo próprio. Quem trabalha na área deve ter um bom networking, além de entender de finanças, claro.
39 Analista de risco: seu ibope vai aumentar
Uma especialidade que vai ganhar mais projeção em 2010 é a de análise de risco. Por um lado, em resposta à crise, que deixou lições sobre a importância de se avaliar bem o perfil de quem pega dinheiro emprestado. Por outro, porque aumenta as transações de financiamento, para pessoas com perfis diferentes.
40 Novos remédios
Haverá mais oportunidades para biotecnólogos e geneticistas no setor farmacêutico. A tendência é a produção de remédios biológicos, baseados em células vivas, que permitem tratar doenças que não tinham remédio, ou cujo remédio não servia para todos os pacientes. “Ainda há muita pesquisa a ser feita nessa área”, diz Adriano Antonio Treve, presidente da Roche no Brasil.
41 Gestores de fortunas, mais empregos
Enquanto a riqueza mundial caiu 11,8% em 2008, na América Latina as fortunas aumentaram 3%, revelam os dados da consultoria BCG, de São Paulo. Para evitar riscos, os milionários brasileiros, como Eike Batista, buscam assistência especial.
Gestores de grandes fortunas têm oportunidades em São Paulo, Rio de Janeiro e Nordeste, onde há um mercado a ser desenvolvido. A gestora carioca Rio Bravo, por exemplo, procura um executivo para sua recém-criada área de private banking no Nordeste.
42 Para entender o consumidor
Atenção, sociólogos, antropólogos e psicólogos. Empresas que lidam diretamente com o consumidor ou que fazem pesquisa de mercado terão de investir cada vez mais em métodos para descobrir quais são as tendências de consumo.Vocês serão requisitados.
43 Olho no futuro
Engenheiros de computação e cientistas terão trabalho nos próximos anos na área de modelagem e simulação. As reservas de pré-sal, que ainda não podem ser perfuradas, devem ser estudadas com modelos. Programas de modelagem também são a base para o avanço da ciência.
44 Cadê os engenheiros navais?
Na indústria de petróleo, a demanda no momento é maior por bens e serviços da indústria naval. “Há muitas oportunidades”, diz Mariângela Mondim, gerente de planejamento de RH da Petrobras. Um alerta: há déficit de engenheiros navais. Rio Grande do Sul e Pernambuco são os locais onde os novos estaleiros vão começar a operar.
45 Nuvens na web
“Em 2010 devemos assitir ao amadurecimento de três tendências: cloud computing, lado social da rede e o lado analítico da internet”, diz Alex Dias, presidente do Google no Brasil.
46 Expansão
Muitas empresas de software estão apostando nesse modelo (cloud computing) de armazenamento de dados, que permite o acesso a produtos remotamente, via internet. Haverá grande oportunidade para programadores e engenheiros de software.
47 Mobilidade
Com a expansão dos serviços de cloud computing, fica cada vez mais fácil conectar diferentes aparelhos à internet. O acesso à rede vai ser expandido para carros, aparelhos domésticos e outros objetos.
48 Redes
Além da expansão das redes sociais, como Facebook e Twitter, a tendência é que surjam mais aplicativos que se valham dos relacionamentos na web. Exemplo: a busca social, lançada pelo Google em outubro.
49 Sem fronteiras
O Brasil é hoje o terceiro maior exportador do agronegócio mundial. Em 2013, a América do Sul será a principal região produtora e exportadora de commodities agrícolas, como soja, milho, café e laranja. A profissionalização do setor abre grandes oportunidades para engenheiros agrônomos, profissionais de marketing e de TI.
50 Além do Sudeste
Algumas empresas estão dando atenção a outras regiões além do Sudeste. A Kimberly-Clark começou a montar três grupos de negócios regionais para que a empresa possa ficar mais perto de seus centros consumidores, dando autonomia às equipes para customizar produtos localmente. O movimento deve ganhar mais adeptos.
51 Aposte nessa
“A descentralização das operações é a oportunidade para crescer na carreira. Os executivos devem agarrá-las”, diz Maria Lucia Ginde, diretora de RH da Kimberly-Clark.
52 Lembra da convergência?
A tendência no setor de eletroeletrônicos, como já se viu este ano, é a redução do tamanho dos computadores pessoais, para dar mais mobilidade, e o aumento da capacidade dos celulares, para permitir a transferência de dados. Profissionais do setor terão de pensar em soluções que forneçam aos usuários comodidade.
53 Profissionalização continua
Setores tradicionalmente comandados por famílias estão passando por processos de profissionalização. De olho em gerentes e diretores para passar o bastão estão usinas sucroalcooleiras, redes de concessionárias de automóveis, hospitais e laboratórios.
Para quem entra numa empresa recém-profissionalizada, é importante avaliar se há identificação com os valores da casa, ser proativo, mas ter respeito pela cultura que já existe. “Haverá alguma mudança a ser feita, mas isso deve ser feito com jeito”, diz Wagner Luiz Teixeira, diretor-geral da consultoria Höft.
54 Mais trabalho em equipe
Com a crise, as empresas aprenderam a operar de forma mais enxuta. “Com a redução na estrutura, o trabalho em equipe ganha destaque”, diz Glaucy Bocci, sócia da consultoria Hay Group, de São Paulo.
55 Procuram-se generalistas
Prepare-se para falar um pouco de finanças, marketing e logística, mesmo que essas não sejam suas áreas. É isso que se espera no trabalho em equipe no mundo pós-crise: multidisciplinariedade.
56 Curiosidade pelo diferente
“Durante a crise, as empresas estavam preocupadas em buscar o profissional que fosse especialista em corte de custos. Agora, a procura é por alguém que seja capaz de empreender, que seja criativo”, diz José Carlos Macedo, presidente da AON Affinity na América Latina. Na opinião de Marcelo Cardoso, da Natura, o grande desafio é encontrar pessoas que tenham curiosidade e que possam fazer coisas diferentes.
57 Eficiência salva
O mercado externo deve ser o patinho feio do próximo ano — o motor da economia virá de dentro do país. Exportadores devem sofrer com o câmbio desfavorável, perdendo competitividade. Uma das saídas será investir em produtividade e eficiência, para reduzir a diferença no preço em dólar.
Isso pode ser feito por meio de redução de custo dos produtos, reavaliação de processos e inovação. “Não será possível continuar com o mesmo negócio de antes”, diz José Antonio do Prado Fay, presidente da Brasil Foods.
58 Foco no aprendizado
Nos últimos anos, a Geração Y ganhou destaque — e muita atenção das empresas e de seus executivos seniores. O interesse é legítimo, pois eles são o sangue novo no mercado de trabalho, além de trazerem à mesa novas aptidões. Ao mesmo tempo ficou visível com a crise que os mais jovens precisam ter mais paciência para adquirir a experiência necessária para encarar os grandes desafios corporativos.
“Sinto falta nos jovens de humildade para aprender. Hoje, a geração mais nova está muito acelerada, querendo alcançar
posições altas de forma rápida, sem dar tempo para ter experiências. É claro que os jovens devem ter ambição, mas isso pode ser feito de forma menos veloz, buscando mais profundidade no aprendizado”, diz Marise Barroso, presidente da Amanco.
59 Faltam líderes
A fala é de José Antonio do Prado Fay, presidente da Brasil Foods: “Se o crescimento do país durar dois anos, vão faltar executivos de alta gestão”. Pesquisa recente da consultoria Empreenda, que ouviu 1 065 presidentes de empresas no Brasil, mostra que 63% deles afirmam que sua companhia não possui líderes para aproveitar o cenário otimista de 2010.
60 Geólogos do pré-sal: gordos vencimentos
Que o pré-sal existe não há dúvida. Como retirar o que está lá, entre 5.000 e 7.000 metros de profundidade, é a questão. Quem tem a resposta são os engenheiros de petróleo e geólogos, cujos passes estão em alta.
61 Além do pré-sal I
Não é apenas o pré-sal que traz empregos para a indústria de óleo e gás. Outros empreendimentos da Petrobras devem movimentar o setor. E não só no estado do Rio de Janeiro. Nas regiões Norte e Nordeste, três refinarias estão sendo construídas. A primeira, em Ipojuca (PE), deve entrar em operação no início de 2011.
62 Além do pré-sal II
Em Itaboraí, está em construção o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, que tem inauguração prevista para 2012 e deve criar 200.000 empregos diretos e indiretos.
63 Pense no futuro
Rolf-Dieter Acker, presidente da Basf para a América Latina, diz que inovação não pode ser responsabilidade de um único departamento. Todas as áreas devem buscar novas soluções. E mais: “Para inovar, é preciso pensar não só no que os consumidores querem agora, mas também no futuro”, diz Rolf.
Para isso, empresas como Google permitem que seus funcionários invistam parte do tempo no trabalho pensando em novas ferramentas, serviços e produtos.
64 “The book is NOT on the table”
O domínio do inglês ainda é uma barreira à internacionalização. “Muitas empresas perdem clientes devido à falta de gente fluente no idioma”, diz José Ernesto Lima, da FGV-SP. Falar inglês é indispensável, já que o país ganha espaço na economia mundial.
65 Recado aos programadores
Em 2010, um dos setores que devem aumentar as vendas para as classes mais baixas é o de computadores — e o passo seguinte é a aquisição de banda larga. A entrada de novos consumidores na internet requer atenção especial para planejar sites e serviços.
66 Redes sociais
Headhunters e profissionais de RH incorporaram as redes sociais ao dia a dia. É cada vez mais comum entre eles consultar o LinkedIn, o Facebook e o Twitter para conhecer melhor o perfil de um profissional. Portanto, se você ainda não tem um profile na rede, faça o seu já!
67 De olho no próprio umbigo
Um bom líder conhece profundamente a si mesmo. É o que dizem os pesquisadores de dois renomados centros de estudo — o MIT, nos Estados Unidos, e o Insead, na França. Segundo os especialistas, o autoconhecimento é fundamental para o executivo de alta performance, pois dá a ele mais autoestima e autoconfiança, o que lhe permite ser um líder mais preparado.
68 Fique de olho
Veja os presidentes mais citados por executivos, consultores e headhunters ouvidos pela VOCÊ S/A:
Luiz Eduardo Falco, presidente da OI. “Ele administra uma empresa complexa, na qual colocou ordem. É um profissional inspirador.” Fátima Zorzato, presidente da Russell Reynolds
Denise dos Santos,presidente do hospital São Luiz. “Ela está levando um modelo de gestão diferente para um setor (saúde) que não tem profissionais com esse perfil (de gestor).” Sofia Esteves, presidente da DMRH
Artur Grynbaum, presidente do Boticário. “Ele é um executivo que pensa fora da caixa. Está desenvolvendo produtos inovadores e também tem um projeto de expansão.” Magui Castro, sócia da CT Partners
Sérgio Chaia, presidente da Nextel. “Chaia mostra uma capacidade para se cercar de pessoas brilhantes, criando uma equipe de alto desempenho, com valores fortes e compatíveis com os da organização. Isso faz com que a empresa seja diferenciada.” Sofia Esteves, presidente da DMRH
Cabeça de jovem
Aespontaneidade do administrador holandês Kees Kruythoff, de 41 anos, contrasta com o ar sisudo de muitos executivos que, como ele, ocupam posição de liderança. Presidente da Unilever no Brasil desde outubro de 2007, Kees é um entusiasta do Twitter, do Facebook e do YouTube.
Este ano a Unilever desafiou seus candidatos a trainee a gravar um vídeo, explicando seu interesse pela empresa ao mesmo tempo que faziam seu pitch, palavra inglesa que se refere à capacidade do candidato de se vender para o recrutador.
O programa teve 48 000 candidatos e mais de 200 vídeos no YouTube. “Gosto do tom desafiador dos jovens e acho inspirador ouvi-los”, diz. Quando fala dos negócios, costuma separar a parte financeira e quantitativa dos elementos intangíveis, como sustentabilidade e motivação.
Aos primeiros, chama de “itens essenciais” e aos segundos, “a alma do negócio”. Kees começou na Unilever, na Holanda, na área de marketing e vendas, em fevereiro de 1993. De lá, foi expatriado para a África do Sul e mais tarde para diversos países no leste asiático, antes de se mudar para o Brasil.
Pai de três filhas (e a quarta a caminho, a segunda nascida no Brasil), ele procura equilibrar a carreira com os interesses pessoais. Kees integrou o time nacional de hockey de grama na Holanda e hoje pratica corrida e squash. Desde que chegou ao Brasil, ele vem fazendo alguns ajustes na empresa que, segundo ele, vão garantir que a Unilever “voe” em 2010.