Busca de emprego (tommy/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 22 de maio de 2020 às 12h01.
Última atualização em 22 de maio de 2020 às 12h10.
Enquanto algumas empresas correram para adaptar seus processos de seleção e integração de funcionários para o modelo remoto, negócios mais impactados pela pandemia do coronavírus congelaram suas vagas.
Segundo pesquisa da Spring Professional, divulgada com exclusividade para a Exame, 19% das empresas continuaram a contratar normalmente durante a crise. E 67% pretendem retomar as contratações após a pandemia.
A empresa de recrutamento de nível sênior, que pertence ao Grupo Adecco, fez o levantamento entre os dias 20 e 30 de abril com presidentes, diretores e gerentes de áreas de negócios ou Recursos Humanos de mais de 150 empresas de diferentes setores de mercado.
Entre as companhias que continuaram com seus planos de contratação, o destaque ficou com o setor de tecnologia, onde 23,33% disseram que mantiveram o ritmo de contratações, seguido de Alimentos (20%), Farmacêutico (13,33%), Agronegócio (11%), Industrial (10%) e Logística (8%).
Das empresas que pretendem retormar as vagas congeladas, 20% são startups de tecnologia, 19% são do segmento industrial, 13% do setor farmacêutico, 10% de bens de consumo, 10% de bancos e serviços financeiros e 6% da construção civil.
E 55% das organizações adaptaram seus processos de seleção e integração do presencial para o digital. A mudança agradou: 80% das companhias que implementaram mudanças no onboarding alegam que pretendem manter as inovações, mesmo após o fim do isolamento.
“As empresas estão sendo obrigadas a se reinventar, acelerar a transformação digital e, acima de tudo, repensar estratégias de engajamento e retenção de profissionais”, afirma Ricardo Rocha, diretor executivo da Spring Professional.
Confira algumas dicas do diretor da Spring Professional e do Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half, para navegar esse contexto no mercado de trabalho:
Para quem foi desligado recentemente, os especialistas recomendam ativar sua rede de contatos e se atualizar sobre sua área e o mercado. Ver dados sobre setores aquecidos, como os da pesquisa, também é importante para direcionar melhor a busca por oportunidades, segundo Ricardo Rocha.
“Outra recomendação importante é retomar contato com headhunters de sua confiança, para mostrar que está disposto a avaliar o mercado em um momento como esse, principalmente em casos onde o profissional tenha ficado ‘fechado’ ao mercado nos últimos tempos”, comenta ele.
Para Fernando Mantovani, a rede de contatos profissionais deve ser nutrida sempre, não apenas no momento de necessidade, para que seja efetiva e não pareça oportunista.
“Além disso, vale ficar atento às postagens em perfis [em redes sociais] que costumam compartilham vagas, aos anúncios de vagas em redes sociais, e nos sites de empresas de vagas e recrutamento e seleção”, diz ele.
Segundo Mantovani, o primeiro passo é ter em mente quais as vagas que gostaria de aplicar e conferir o que elas exigem de habilidades técnicas e comportamentais. A partir disso, o profissional pode aprimorar sua qualificação.
“Neste período de pandemia, uma pergunta que será comum nas entrevistas é a respeito do que os profissionais têm feito durante esse momento. Muitas escolas de gestão e instituições de ensino têm disponibilizado cursos e treinamentos online, com descontos e até mesmo gratuitamente. Aqueles que estiverem aproveitando o período da crise para aperfeiçoar seu perfil por meio cursos de especialização dentro da sua área, idioma ou habilidades socioemocionais serão bem vistos”, recomenda ele.
Rocha concorda com as dicas e adiciona que é importante estar alinhado a novas tendências que surgirem por causa da pandemia e a informações sobre retomada de mercado. Ele lista alguns aspectos para ficar no radar das pessoas: adaptação para trabalhar em home office, tecnologias de comunicação e trabalho remoto e autoaprendizagem.
“Independente do setor e do momento econômico, a trajetória de carreira de cada profissional deve ser pensada de forma planejada. Antes de qualquer mudança, é importante que o profissional entenda o seu momento dentro da organização e também o momento da empresa, para avaliar se faz sentido dentro do próprio plano de carreira uma movimentação”, avisa o diretor da Robert Half.
Uma leitura inicial de sua posição profissional em meio à crise pode ser precipitada, então é necessário ter cuidado antes de tomar a decisão sobre uma grande movimentação.
O especialista acredita que a mudança é uma opção, mas recomenda que a pessoa junte mais conhecimentos sobre as empresas no setor em que deseja entrar e sobre funções que façam sentido para si próprio dentro da área.
Rocha defende mais cautela no momento, apontando que as posições abertas agora são para cargos mais estratégicos. “Ou seja, as empresas precisam de profissionais que já ‘entrem jogando’, com know how, experiência e resultado comprovadas na função”, explica.
No entanto, ele acredita que mudanças menos radicais, como de um setor para outro, possam ser oportunas. “Estes profissionais, que eventualmente foram desligados ou estão em setores que estão sofrendo muito com a crise, certamente podem encontrar espaço em setores que já estão prosperando, ou que podem se recuperar mais rápido desta crise”, comenta ele.