Carreira

6 sinais de que vale a pena trabalhar na empresa

Recebeu uma proposta de emprego? Confira como avaliar se aceitar o desafio é um bom negócio

Acompanhar notícias sobre a companhia em questão é essencial para checar a saúde financeira e, nas entrelinhas, a própria cultura corporativa (Getty Images)

Acompanhar notícias sobre a companhia em questão é essencial para checar a saúde financeira e, nas entrelinhas, a própria cultura corporativa (Getty Images)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 3 de outubro de 2011 às 17h18.

São Paulo – Uma conta bancária mais robusta no fim do mês pode ser sedutora para quem recebe uma proposta de emprego. Mas, os especialistas continuam batendo na tecla: salário não é tudo na hora de escolher um bom lugar para trabalhar.

“Toda escolha está diretamente relacionada à expectativa que a pessoa tem de acumular um capital profissional próprio”, diz Fernando Schuler, diretor acadêmico do IBMEC/RJ.

Mais do que as sentenças em negrito, as entrelinhas dos currículos tem um peso quase que eterno para seus futuros dias de carreira. Sem que você tenha muita consciência disso, o estilo de negócios e a cultura corporativa de cada empresa que você trabalhou falam muito sobre o seu próprio perfil profissional. E podem contar contra ou a favor de você no futuro.

Daí a importância de pensar além dos números monetários na hora de decidir por uma movimentação profissional. Mas quais os sinais de que a companhia e a proposta de emprego podem ser, realmente, interessantes para sua carreira?

1. Meritocracia

Os critérios da companhia para promover ou valorizar seus funcionários influenciam muito a maneira como a sua rotina de trabalho será modelada daqui para frente. Por isso, segundo os especialistas, prefira companhias que oferecem métodos claros de bonificação e plano de carreira.

Além de motivação extra todos os dias, essa estrutura poderá oferecer um norte para suas próprias decisões profissionais.

Mas não é só isso. Os olhos dos recrutadores tendem a brilhar quando percebem o quanto um profissional foi valorizado em uma empresa que segue o estilo meritocrático. “Isso é percebido como um ativo”, diz o diretor do IBMEC/RJ.

Por exemplo, se você foi promovido em uma companhia que se vale dessa prática, aos olhos do recrutador, isso pode ser um indicio de que você, realmente, fez um bom trabalho.


2. Responsabilidade social

O engajamento da companhia com causas sociais não é apenas mais uma estratégia de marketing para melhorar a reputação da marca. Segundo o diretor do IBMEC, investir em projetos de responsabilidade social também é um método para cativar os corações dos próprios funcionários.

“Essa é uma estratégia de endomarketing, para ganhar os próprios colaboradores”, diz o especialista. “Pesquisas mostram que políticas de sustentabilidade, responsabilidade social, além de padrões e compromissos éticos servem para aumentar os níveis de auto estima do público corporativo”.

Ou seja, dê alguns pontos para as companhias “candidatas” ao seu currículo que se preocupam com esse tipo de prática.
 

3. Reputação

Investigue a atuação da companhia no mercado em que ela atua. O comportamento da empresa com fornecedores, clientes e, até, competidores pode indicar tanto a saúde financeira dela quanto a cultura corporativa não oficial.

Por exemplo, se vez ou outra, a empresa faz uma manobra, digamos, pouco aceita ou até antiética no mercado, sinal vermelho. Isso pode indicar que você terá que repetir esse padrão no futuro. Ou pior, dependendo do cargo, ter que passar o dia apagando incêndios do tipo.

“Um dos melhores indicativos é o que aparece nas mídias sociais a respeito da empresa”, afirma Adriana Gomes, professora da ESPM. Sem papas nas línguas, muitos clientes fazem das redes sociais um verdadeiro termômetro da modus operandi da companhia na prática.

Por outro lado, o peso do nome da empresa no mercado também vai conferir mais peso para seu currículo no futuro. “As companhias vivem muito de reputação e o mercado de profissionais também”, diz Marco Túlio Zanini, professor da Fundação Getúlio Vargas. “Eu sempre oriento: num primeiro momento, não procure o melhor salário, mas um bom nome”.

4. Saúde financeira

Não deixe de acompanhar o noticiário com relação às companhias que podem fazer parte de sua carreira, no futuro. Nas reportagens sobre essas empresas, você poderá checar dados sobre a saúde financeira da companhia e as tendências para o futuro dela.

“Se a empresa for de capital aberto, o profissional pode fazer buscas no balanço da companhia”, diz Danielly Lopes Tahan, da Fantozzi & Associates. O documento fica disponível na página de relação com o investidor do site da companhia ou na página da Comissão de Valores Mobiliários.


5. Futuro

Para não afundar com a empresa no futuro, vale dar uma de vidente e checar se as propostas para a companhia nos próximos anos são realmente viáveis.

Primeiro, foque nos projetos em desenvolvimento. Avalie qual a viabilidade de cada um deles no mercado e se já foram regulamentados. Considere também os planos de difusão para cada um desses novos produtos.

Feito isso, parta para uma análise aprofundada da infraestrutura atual da empresa e dos planos de investimentos. A cadeia logística sustenta todos os projetos? A empresa, em si, tem viabilidade no longo prazo?

6. Recrutamento

A maneira como a empresa trata da contratação dos seus novos colaboradores também pode servir de medida para sua decisão. “Se o entrevistador está mal preparado é um sinal de que a empresa não preza por essa área”, afirma Zanini, da Fundação Getúlio Vargas.

Mapa de investigações

Para além do noticiário, redes sociais e até documentos da CVM, os funcionários da companhia são as melhores fontes de informação para a sua decisão. “O que não é dito para um jornalista em uma entrevista, pode ser dito para você, em um café”, diz Adriana, da ESPM.

Tente conversar com pessoas que trabalham na área correlata a sua. Não restrinja suas perguntas a questões macro relacionadas apenas à empresa. Vá além. Busque informações sobre futuros colegas de trabalho e, principalmente, sobre o futuro gestor. Mais do que qualquer política ou modus operandi corporativo, eles, sim, poderão influenciar sua rotina de trabalho e, até, sua vida como um todo.

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