Colaboração: ao contrário do que se pensa, nem todo mundo precisa saber trabalhar em grupo (Getty Images)
Claudia Gasparini
Publicado em 6 de junho de 2014 às 12h19.
São Paulo - Quem já teve que trabalhar em grupo conhece bem a situação. Discussão após discussão, cada um tem uma opinião diferente sobre o caminho a ser seguido no projeto - e nada sai do lugar. Com a aproximação dos prazos, bate o desespero.
Impacientes com os “pitacos” alheios, muitas pessoas preferem cuidar de suas tarefas sozinhas. Porém, no dia a dia profissional, esquivar-se da colaboração pode ser impossível. Para completar, muitos empregadores reforçam cada vez mais a importância do espírito de grupo.
“O discurso corporativo que enaltece a cooperação é problemático”, afirma Edson Carli, especialista em carreira. Para ele, as próprias empresas estão “matando” o trabalho em equipe ao estabelecerem metas individuais, inatingíveis pelo esforço coletivo.
Mas o que fazer se você simplesmente produz melhor na sua própria redoma? O que realmente diferencia os solitários dos gregários? Consultamos alguns especialistas para distinguir mitos e verdades sobre o assunto. Confira:
“Todo profissional precisa ser capaz de trabalhar em equipe”
MITO. “Toda empresa precisa de especialistas, que podem e devem trabalhar sozinhos”, diz Edson Carli, especialista em carreira. De acordo com ele, profissionais que prestam serviços como consultoria, advisoring e educação de equipes, por exemplo, cumprem muito bem suas funções sem precisar da participação de outras pessoas.
“O trabalho coletivo é fundamental para a inovação”
VERDADE. Segundo Edson, “várias cabeças juntas pensam melhor” no caso de projetos que envolvem a idealização de novos produtos, serviços e soluções. Para Adriana Tomazinho, gerente de recrutamento e seleção nacional do ManPowerGroup, a criatividade nasce da experiência que temos com o outro. Por essa razão, a vivência de grupo favorece a ousadia e a inventividade no trabalho.
“A capacidade de trabalhar em grupo é inata: ou você tem, ou não tem”
MITO. “Existe uma diferença entre o eu pessoal e o eu profissional”, diz Edson. Isso significa que, mesmo que você tenha um temperamento autossuficiente, é possível aprender a trabalhar em equipe. Segundo o especialista, no mundo corporativo existem papéis que podem ser assumidos com o treino - assim como no caso de atores que “vestem” outras personalidades depois de muito ensaiarem.
“Para trabalhar bem com outras pessoas, você precisa ter afinidade com elas”
MITO. “Quando você está produzindo algo em equipe, a diversidade é um ponto a favor do sucesso”, afirma Adriana Thomazinho, do ManPowerGroup. É importante respeitar as individualidades presentes no grupo para tirar o máximo proveito da interação entre elas.
“Pessoas tímidas não conseguem trabalhar em equipe”
MITO. Introvertidos podem contribuir - e muito - para um projeto coletivo. “Num ambiente saudável e aberto à participação de todos, mesmo os tímidos são capazes de expor e defender suas opiniões”, diz Adriana. Para ela, tudo depende da habilidade dos gestores em criar condições favoráveis para esse movimento.
“Profissionais que preferem trabalhar sozinhos tendem a ser líderes naturais”
VERDADE/MITO. “Impaciência, autodidatismo e inteligência são características que tipicamente aparecem em um profissional que sofre para produzir em grupo”, afirma Edson. Na opinião do especialista, esse também é o perfil do líder valorizado atualmente.
“Com a agressividade do mercado e a tendência à verticalização, chefes democráticos demais estão perdendo espaço”, opina. Já para Adriana, o modelo não se aplica em todos os casos. “Há empresas em que o líder precisa ser aberto à contribuição da equipe para ganhar o jogo”, conclui.