Estádio em final do Super Bowl (A. Messerschmidt/Getty Images)
Camila Pati
Publicado em 3 de fevereiro de 2013 às 08h00.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2019 às 17h10.
São Paulo — Hoje à noite milhões de pessoas voltam suas atenções para assistir a um duelo de gigantes do futebol americano no estádio Mercedes-Benz Superdome, em Nova Orleans. É lá que acontece a final do Super Bowl, a disputa mais acirrada em dos esportes mais populares nos Estados Unidos, e que tem lá seus fãs no Brasil também.
O enfrentamento entre as 11 estrelas do San Francisco 49ers e as 11 do Baltimore Ravens - mais do que um grande espetáculo esportivo de mídia e marketing - também pode trazer inspiração de carreira para quem encara o expediente bem longe de um gramado dividido em jardas.
“Há inúmeras estratégias de que podemos nos beneficiar na carreira profissional a partir de um jogo de futebol americano”, diz Mike Martins, diretor executivo da Sociedade Latino Americana de Coaching (SLACoaching).
Para ele, que já foi praticante do esporte durante os 12 anos em que morou nos Estados Unidos, a realidade do jogo, embora inspiradora, é também cruel. “O risco de lesões é alto, é um esporte violento”, destaca Martins. No entanto, se o mundo corporativo é menos brutal, muitas vezes pode também ser cruel.
Talvez esteja aí a primeira semelhança entre o dia a dia de um escritório e um dos esportes preferidos na terra do Tio Sam. Confira a seguir algumas lições de carreira que você pode aprender enquanto assiste ao Super Bowl 2013:
1 Estratégia traçada de acordo com equipe, fatos e dados
Há os jogadores rápidos, os receivers, e há os jogadores mais pesados, que bloqueiam os adversários e formam a linha de defesa (defense). Dependendo da qualidade dos atletas, a estratégia para vencer pode ser explorar a velocidade (se este é o ponto forte do time) ou ganhar posições jardas após jardas (se a rapidez é o calcanhar de Aquiles da equipe).
“As estratégias são traçadas de acordo com as aptidões da equipe e do time adversário”, diz Martins. Ou seja, antes de decidir qual a melhor jogada é preciso saber como é equipe e também estudar os adversários. “Eles trabalham com o que eles têm naquele momento”, explica, lembrando que se algum jogador sofre lesão, a estratégia pode mudar durante o jogo.
No mundo corporativo, lembra Martins, acontece o mesmo. “Para saber qual é a melhor estratégia, é preciso saber como é a sua equipe, desenvolver as competências necessárias dentro dela e estudar a concorrência”, explica Martins.
2 Falta de comunicação entre estratégia e tática traz conflitos
O técnico do time tem a visão estratégica, enquanto o quarterback, que é o capitão da equipe, responde pela tática. Se fizermos a comparação entre um time de futebol americano e uma empresa, podemos dizer que o CEO e a diretoria têm a visão estratégica e os gerentes, a tática.
Assim o técnico do time traça a estratégia, posta em prática pelo capitão. “Mas, muitas vezes, o quarterback muda a jogada sem o aval do treinador e isso causa conflitos”, diz Martins.
Na empresa, se a comunicação entre as duas partes (alto e médio escalão) falhar, o conflito também é certo. “O presidente estabelece a estratégia e quando passa as informações para o gestor, muitas vezes, ele não concorda e os dois entram em conflito”, diz Martins.
Por isso, a boa relação e comunicação entre as duas partes são fundamentais para evitar problemas. “A parte estratégica precisa dar atenção e conhecer a parte tática e esta última precisa desenvolver uma visão de futuro, mais estratégica”, sugere Martins.
3 Conhecer a jogada e evitar o vazamento de informações
“Os jogadores precisam decorar jogadas e códigos, quem não faz isso não pode jogar”, diz Martins. A comunicação dentro do campo é feita por sinais ecódigos para que a equipe adversária não descubra qual jogada está prestes a acontecer.
Em uma empresa, conhecer o produto, entender do negócio em que ela está inserida é fundamental. O sigilo e confidencialidade de algumas informações estratégicas também é um ponto importante. “Na Apple, por exemplo, quem compartilha informações é obrigado a se demitir da empresa”, diz Martins.
4 Ascensão profissional pela determinação e resiliência
Com as atenções voltadas para as estrelas do San Francisco 49ers e do Baltimore Ravens, milhares de jovens sonham um dia ocupar uma posição de destaque em uma equipe vencedora.
Mas o caminho até um salário milionário no futebol americano é longo. “O que as pessoas assistem pela televisão é 10% do que acontece, o treinamento é intenso e quem joga no High School ou na faculdade precisa ter boas notas para poder praticar”, diz Martins. Mesmo cansado , com o corpo doendo, é preciso treinar e estudar. Lembra o especialista.
Quem encara o expediente no escritório todos os dias sabe bem que a ascensão profissional só vem acompanhada de muita determinação e resiliência. “Muitas vezes é preciso passar horas e horas desenvolvendo um projeto, uma equipe e ter resiliência para, mesmo desmotivado, atingir as metas”, diz Martins.
5 Trabalho em equipe é a alma do negócio
De nada adianta uma estrela brilhando sozinha em campo. A vitória, nos esportes coletivos, é sempre resultado da atuação do grupo.
Na empresa não é diferente. “De que adianta um departamento ter lucro e o outro não?”, pergunta Martins. Além disso, saber trabalhar em equipe é uma das competências comportamentais mais valorizadas pelos recrutadores.
6 Meritocracia
Quem se destaca é valorizado. Basta conferir quanto ganham os melhores atletas do futebol americano. “Os jogadores são muito bem pagos e recebem inúmeras vantagens”, diz Martins.
Bônus, promoções, aumento de salário e reconhecimento profissional também são agentes motivadores no mundo corporativo. É isso que estimula os melhores profissionais a continuarem nas empresas em um momento em que o turnover atinge níveis altos.