São Paulo – As empresas estrangeiras já não são as únicas a ultrapassar as fronteiras dos países de origem para, em alguns casos, mirar o Brasil. Mais e mais, as nacionais também estão ampliando seu campo de atuação e fincando bandeiras em outros territórios.
Uma prova disso é uma pesquisa da Fundação Dom Cabral que mostra que o índice de internacionalização das companhias brasileiras pulou para 18% em 2012 - dois pontos acima do registrado em 2010.
Entre 2012 e 2013, por outro lado, o número de carteiras de trabalho emitidas para estrangeiros no país cresceu mais de 50%, segundo dados publicados no G1. Em outros termos, seja aqui ou no exterior, o contato do brasileiro com diferentes culturas aumentou – e o número tende a crescer nos próximos anos.
Por natureza, a cultura tupiniquim tende a ser mais aberta para o que é novo ou diferente. Mas, mesmo assim, temos alguns pontos de choque quando em contato com outros povos. Principalmente, quando o cenário para este encontro é o mercado de trabalho.
“O conflito cultural nasce porque tivemos experiências pessoais específicas e construímos, a partir delas, ritos e comportamentos”, diz Fabiana Gabrieli, professora da HSM Educação.
De fato, a imagem que se cria sobre um povo não é verdade para todos que estão inseridos naquele grupo. É só você pensar: nem todo brasileiro gosta de samba, futebol e feijão com arroz – características que fazem parte do nosso estereótipo no exterior.
Mas há características gerais que marcam uma dada cultura, como explica a consultora Jussara Nunes, da LCO Partners, que vive há 11 anos na Holanda.
Por isso, as atitudes listadas a seguir são fruto de uma reputação mais geral criada pelos brasileiros no mundo corporativo e baseadas nas experiências de três especialistas no assunto. Confira.
1 Rodear e rodear para, enfim, chegar ao ponto
O principal desafio do brasileiro ao lidar com outras culturas está, vejam só, na comunicação. E não é só uma questão de fluência em outro idioma. O que “pega” para os estrangeiros é a maneira como nos expressamos.
“O brasileiro precisa explicar antes de chegar ao ponto”, afirma Jussara. “Os anglo-saxões, em geral, vão direto ao ponto: falam primeiro o que querem e, depois, tecem uma conversinha conforme o que o outro pede”.
Pode parecer um pequeno detalhe, mas, na prática, esta diferença pode comprometer a relação profissional. “As pessoas chegam a ficar irritadas”, diz a especialista.
2 Usar o “sim” como um “talvez”
“A gente não quer ferir a outra pessoa, vamos falando devagarinho e, às vezes, não somos totalmente francos ou diretos”, diz Jussara.
Assim, o “sim” vira “talvez”; o “talvez”, “não” e o “não” propriamente dito nunca aparece – nas promessas, é claro, porque na prática, está presente o tempo todo. Diante disso, estrangeiros tendem a ficar confusos e, no pior dos cenários, frustrados.
3 Querer amigos, não colegas
Pesquisa da EY divulgada no mês passado mostra que o colega de trabalho ideal para quem mora no Brasil é inspirador, motivador, amigável e sociável.
Ou seja, na prática, mais do que alguém que ajude a conseguir bons resultados, o brasileiro quer trabalhar com pessoas com quem seja fácil se relacionar.
“O brasileiro tende a focar no relacionamento. Primeiro, ele tem que confiar e se dar bem. Depois, vem a tarefa”, diz Jussara.
Isso se materializa, por exemplo, nas (“necessárias”) conversas pessoais antes de começar uma reunião, na ocupação do espaço do outro (nos comuns contatos físicos) e até em nossa (velada) dificuldade em separar o que é profissional do que é pessoal.
“Você dá beijinho, mostra a fotos dos filhos, coloca um pouco de sentimento nas relações”, diz Cristina Santos, da EMDOC. Em outras culturas, o tom é outro: “viemos aqui para fazer negócios, não amigos”, descreve a especialista.
4 Ajustar o alcance da visão
Segundo Fabiana Gabrieli, da HSM Educação, o brasileiro tende a ter uma visão de negócios focada no curto prazo. “Queremos fechar negócio, fazer movimentos rápidos”, diz. “Enquanto na cultura oriental, por exemplo, as pessoas não fazem negócios com quem não conhecem”.
Por outro lado, tendo em vista as condições do mercado no Brasil, aprende-se desde cedo que, muitas vezes, é preciso improvisar. Com isso, apesar de não elaborar planos rígidos, por exemplo, o brasileiro tende a guardar na manga um plano B. “Ou C ou D”, brinca Jussara.
5 Buscar exceções – o tempo todo
“Nosso cotidiano é repleto de exceções”, diz Cristina. É o código de conduta que não é seguido à risca; a lei que, na prática, “não é bem assim” e por aí vai.
Isso não é válido em outras culturas. “Tendemos a ser indisciplinados, precisamos trabalhar com regras rígidas para que o "jeitinho" seja controlado”, afirma Fabiana.
Quando em contato com outras linhas corporativas, o brasileiro, além de ler, precisa seguir o manual – sem criar atalhos.
6 Não andar no ritmo dos ponteiros
Uma consequência desta cultura de flexibilidade é a maneira como lidamos com o tempo. Atrasos fazem parte da rotina de muitas corporações por aqui. Quantas vezes, por exemplo, você foi pontual e teve que esperar alguns bons minutos para que a reunião começasse?
Em outros países ou culturas, esta rotina é quase um insulto. E não levar isso em conta quando você trabalha em equipes multiculturais pode ser danoso para a sua própria carreira.
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1. Para mudar hábitos
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São Paulo - A maneira como você percebe e compreende o mundo pode ser o principal entrave para que seus planos (sabe aqueles que você jurou de pé junto que cumpriria em 2014?) não saiam nunca do papel. Para que você saia deste labirinto de pensamentos automáticos, selecionamos, com a ajuda de alguns especialistas, 13
livros que apresentam a
carreira, a vida e o mundo de uma maneira pouco convencional. Na seleção, há desde obras do filósofo Sören Kierkegaard até a autobiografia do cineasta John Huston. Confira.
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2. The 5 Essentials
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A chave para o sucesso está em você. A frase repetida por autores de autoajuda por aí, neste livro, ganha argumentos práticos elencados pelo neurocientista cognitivo Bob Deutsch.
Com base em entrevistas feitas com pessoas que, aparentemente, atingiram o ápice do próprio potencial, Deutsch elenca os cinco fatores essenciais para uma vida plena.
“Você pode usar os seus próprios recursos internos para isso”, afirma Marcio Beauclair, diretor de planejamento da agência África.
The 5 Essentials: Using Your Inborn Resources to Create a Fulfilling Life
Bob Deutsch
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3. O ponto da virada
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O que diferencia uma ideia que viraliza de uma que cai no ostracismo do conhecimento? O que falar então de produtos que entram na moda daqueles que ficam parados nas prateleiras?
Em “O ponto da virada”, Malcolm Gladwell investiga exatamente os fatores que conduzem produtos, ideias e até pessoas a essa condição, que ele classifica como epidemias.
O ponto da virada
Malcolm Gladwell
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4. Um livro aberto
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A autobiografia do cineasta e ator John Huston, segundo Henrique Szklo, da Academia de Criatividade, pode servir de inspiração para guiar a vida.
“Ele não lamentava as coisas ruins, nem festejava demais as boas. Ele tinha uma postura interessante diante da vida”, diz Szklo.
Um livro aberto
John Huston
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5. O poder do mito
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“Ele conta a história da humanidade por meio dos rituais e mitos. Com isso, você tem um panorama da evolução do ser humano”, afirma Henrique Szklo, da Academia de Criatividade.
O poder do mito
Joseph Campbell
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6. O livro de ouro da mitologia
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Para Homero Reis, esta é uma leitura obrigatória. “O livro apresenta o mito na sua construção mais original e como eles foram evoluindo em histórias com embrulhos diferentes, mas com o mesmo conteúdo”, afirma.
Na prática, a obra prova que “o seu grau de inovação no mundo não é tão grande como você imagina”, diz Reis.
O livro de ouro da mitologia
Thomas Bulfinch
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7. Amar e brincar
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A origem da cultura patriarcal europeia, a relação materna e a democracia. Na obra, estes três temas estão ligados pela biologia do amor.
“Ele defende que os contatos entre criança e mãe estabelecem padrões de afetividade que as pessoas reproduzem no mundo adulto”, diz o consultor Homero Reis.
Na percepção desta relação está a base para se compreender no mundo, afirma o especialista. “Quando eu não percebo, nem valorizo, gero adultos neuróticos”, diz.
Amar e brincar
Humberto Maturana
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8. O cérebro de alta performance
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Nesta obra, o terapeuta Luiz Fernando Garcia ensina como treinar o cérebro para trabalhar ao favor de nosso resultados e decisões.
Na obra, o autor ensina o funcionamento do órgão e, com base nisso, lança dicas práticas para conseguir encarar as demandas do dia a dia.
O cérebro de alta performance
Luiz Fernando Garcia
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9. Maestria
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Quais as características que tornaram pessoas, aparentemente, comuns como Leonardo Da Vinci e Albert Einstein em sinônimos de genialidade? A resposta a esta pergunta é o principal foco de Robert Greene nesta obra.
Para ele, a genialidade e a excelência estão latentes em cada pessoa. Só são necessárias as condições necessárias para que isso aflore.
Maestria
Robert Greene
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10. Temor e tremor
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Esta é uma das obras clássicas do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard. Nela, o autor mostra a diferença entre obediência e submissão. “Vivemos em uma época em que o conceito da disciplina e obediência é colocado em péssimo lugar”, diz Reis. “Essa é uma reflexão sobre o seu papel como adulto na sociedade”.
Temor e tremor
Sören Kierkegaard
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11. Você é criativo, sim, senhor
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“Somos feitos para adquirir padrões. Com isso, a gente entra no automático”, diz Henrique Szklo, da Academia de Criatividade. “Isso é bom por um lado, mas, por outro, é ruim”.
Na obra, por meio de personagens fictícios, o autor ensina princípios para romper os padrões e alimentar um pensamento criativo.
Você é criativo, sim senhor
Henrique Szklo
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12. Sabedoria, a competência perdida
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12/15 (Divulgação)
Neste livro, Homero Reis defende que a capacidade de descobrir o sentido das coisas e aprender com as próprias vivências é a base da sabedoria.
O autor prova isso com base na história de personagens como São Franscisco de Assis, passando por Gandhi, até o empresário grego Aristóteles Onassis.
Sabedoria, a competência perdida
Homero Reis
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13. Velocity
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“Em um mundo em que você precisa agir cada vez mais rápido, não há como pensar no conceito da velocidade”, afirma Marcio Beauclair, diretor de planejamento da agência África.
Com a experiência de quem sente esta demanda na prática, Stefan Olander, VP de esporte digital da Nike e Ajaz Ahmed, fundador da agência AKQA, apresentam sete leis para sobreviver e se destacar em um mundo dominado pela tecnologia digital.
Velocity: The Seven New Laws for a World Gone Digital
Ajaz Ahmed and Stefan Olander
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14. Spreadable Media
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Como se comportar e se destacar em um contexto de comunicação marcado pelo compartilhamento e não mais pela centralização? Esta é uma das respostas que o livro “Spreadable Media” fornece.
“Hoje, não há como você não estar ligado em rede”, afirma Marcio Beauclair, diretor de planejamento da agência África.
Spreadable Media: Creating Value and Meaning in a Networked Culture
Henry Jenkins
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15. Agora, veja obras para ser mais criativo
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