São Paulo — Fazer networking é muito difícil: são raros os profissionais que realmente cuidam das suas redes de contatos de forma estratégica, mesmo entre aqueles que já acumulam décadas de experiência no mercado.
Para um jovem universitário ou recém-formado, o desafio vem em dobro. Por ter tido poucas vivências profissionais até o momento, ele conhece um número reduzido de pessoas e acredita que não tem muito a oferecer a elas em troca de uma oportunidade.
No entanto, o quadro não é tão dramático quanto parece: quem está em início de carreira está em perfeitas condições para construir um círculo de contatos amplo e eficiente, diz Maurício Cardoso, co-fundador do Clube do Networking.
O primeiro passo é entender a estrutura de uma boa rede profissional. Cardoso divide a composição desse grupo em cinco categorias:
- Mentores, isto é, as pessoas que já chegaram aonde você quer chegar e podem “patrocinar” a sua carreira. Professores da faculdade, altos executivos da sua área e ex-chefes são os exemplos mais típicos.
- Pares, ou seja, ex-companheiros de turma e colegas de profissão de forma geral. Eles podem ser extremamente úteis para trocar dicas técnicas e solucionar problemas do dia a dia.
- Juniores, pessoas que não têm os seus conhecimentos e desejam aprender com você. Elas ajudarão a divulgar os seus talentos e impulsionar a sua reputação no mercado. Não necessariamente são mais novas que você: pode ser um ex-chefe mais maduro para quem você ensina bastante sobre tecnologia.
- Primos, isto é, conexões que atuam no mesmo segmento que você, mas não têm a mesma profissão. Se você é publicitário, por exemplo, um "primo" seu seria o designer. Esses contatos permitem que você saia um pouco da sua redoma e enxergue a situação do seu mercado de forma mais abrangente.
- “Pontes”, ou seja, profissionais cujo trabalho não tem absolutamente nada a ver com o seu. É importante conhecer essas pessoas para tornar a sua rede maior e mais eclética, algo fundamental para encontrar conexões e oportunidades imprevistas.
De acordo com Cardoso, o ponto de partida para qualquer jovem profissional é buscar pelo menos cinco pessoas para preencher cada uma das categorias listadas acima.
Esse trabalho pode ser facilitado pelas regras a seguir:
1. Use a faculdade como “celeiro” de contatos
As suas primeiras experiências profissionais podem nascer de amizades feitas nos bancos da universidade. “As parcerias que você faz na faculdade servirão para o resto da vida”, diz Cardoso. “Por isso, frequente as aulas, conheça o maior número possível de pessoas e aprofunde as relações com professores, colegas, veteranos e funcionários”. Se você já se formou e tem falado pouco com essas pessoas, é perfeitamente possível retomar o contato — e quanto antes, melhor.
2. Não tenha medo de comunicar os seus interesses
Como é perfeitamente esperado que um jovem profissional esteja sedento por oportunidades, não há razão para esconder as suas ambições. De acordo com Cardoso, é importante ser ousado para firmar os seus primeiros passos no mercado. Numa conversa com um ex-professor, por exemplo, diga com clareza quais são as suas necessidades, desejos e anseios. Da mesma forma, diz ele, não tenha receio de comunicar a qualidade das entregas que você pode oferecer.
3. Leve as suas ações na internet a sério
Todo mundo sabe que precisa dar atenção ao LinkedIn, mas até o que você publica em redes sociais como Facebook, Instagram e até WhatsApp pode ter algum impacto sobre a sua imagem profissional. Segundo Fabrício Barbirato, diretor executivo do IDCE (Instituto de Desenvolvimento de Conteúdo para Executivos), o jovem pode e deve usar a internet para enriquecer seu networking, mas precisa tomar cuidado com sua reputação online. “Você pode perder um contato importante se publicar uma foto ou um texto inapropriado”, explica.
4. Frequente (muitos) eventos
Embora a internet seja um instrumento fundamental para impulsionar e preservar a sua rede de contatos, nada substitui os encontros presenciais. Além de cafés, almoços e outros encontros informais, é importante frequentar congressos, cursos, palestras e outros eventos direcionados à sua área de atuação. "Para o jovem, é vital frequentar o maior número possível de eventos profissionais”, diz Barbirato. “Esses espaços são excelentes para conhecer pessoas, trocar cartões e descobrir oportunidades”.
5. Busque projetos de voluntariado
Outra forma interessante de ampliar o seu networking é participar de projetos sociais ou ambientais, de preferência em alguma posição ligada à sua área de atuação. Segundo Barbirato, a experiência com o voluntariado ajuda o jovem a conhecer outros profissionais com quem compartilha valores e princípios — um tipo de afinidade que ajuda a estreitar (e muito) os seus relacionamentos.
6. Não tenha vergonha da sua inexperiência
Na hora de buscar conexões, uma das grandes dificuldades do jovem é puramente imaginária: ele pensa que, por estar “só começando”, será visto com desinteresse ou até desdém pelos demais profissionais. Não é verdade. “O estudante ou recém-formado tem muito a oferecer, a começar pelo brilho nos olhos”, diz Cardoso. “A inexperiência não é demérito nenhum”. Em vez de se intimidar, é melhor usar a sua “energia de novato” para inspirar e cativar as pessoas à sua volta, recomenda o especialista.
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1. Gestos de quem convence
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São Paulo — Ser um bom
vendedor não é uma competência valiosa apenas para quem trabalha na área comercial. Conseguir que os demais “comprem” as suas ideias é uma necessidade em qualquer setor de atuação. No mundo do trabalho, o poder de convencimento depende de inúmeros fatores, como o seu nivel hierárquico e a qualidade dos seus argumentos. Mas há uma variável de peso que costuma ser esquecida pela maioria das pessoas: a
linguagem corporal. A depender da posição dos seus braços, mãos, olhos e boca, por exemplo, os demais podem ficar mais ou menos propensos a aceitar o que você diz. Não que as pessoas sejam manipuláveis por meia dúzia de gestos ensaiados e vazios. “Você precisa acreditar nas suas palavras”, afirma Paulo Sérgio de Camargo, autor do livro “Linguagem corporal” (Editora Summus, 2010). “Se não for assim, você inconscientemente vai refletir essa descrença no seu corpo, e não irá convencer ninguém de nada”. Se convicção não lhe falta, vale conhecer alguns códigos não-verbais que permeiam a comunicação — e se apropriar dos seus efeitos para ter
sucesso na carreira.
Clique nas imagens para ver 8 lições dos estudiosos de linguagem corporal para ampliar o seu poder de persuasão.
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2. Cuide da articulação das palavras
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2/10 (Thinkstock/Credit: George Doyle)
Imagine um vendedor de loja que começa a conversar com você lentamente e, de repente, acelera o discurso. Além disso, ele fala baixo demais e não pronuncia todas as palavras com clareza. Você se interessaria pelo produto que ele está mostrando para você? De acordo com Sharon Sayler, autora do livro “Seu corpo fala no trabalho” (Editora Vozes, 2013), forma também é conteúdo: um profissional dificilmente convencerá alguém de suas ideias se tiver uma má articulação ou uma cadência irregular na fala. A especialista recomenda manter o som estável, deixando o queixo cair levemente ao final de cada frase. Também vale fazer pausas curtas onde entraria a vírgula, e pausas mais longas onde viria o ponto final. Nos intervalos maiores, relaxe e respire antes de retomar a palavra.
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3. Sorria — sem exagerar
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3/10 (Thinkstock/imtmphoto)
De acordo com Paulo Sérgio de Camargo especialista em comportamento Paulo Sergio de Camargo, autor do livro “Linguagem corporal” (Editora Summus, 2010), não existe persuasão sem conquista. Por isso, o primeiro passo para convencer qualquer pessoa das suas ideias é se aproximar dela e garantir que você não representa uma ameaça. O sorriso é um instrumento poderoso nesse processo. “Funciona como um recado não-verbal de que você não tem nenhuma intenção agressiva na conversa”, explica o especialista. “Sem oferecer essa garantia, você dificilmente vai conseguir ganhar a confiança do outro”. A recomendação, porém, proíbe exageros. Se você mostrar os dentes por um tempo muito longo, ou sem motivo, pode parecer pouco sincero. A melhor opção é sorrir suavemente de tempos em tempos, sempre adaptando suas expressões faciais às do outro.
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4. Mostre a palma das mãos e faça o “gesto do abraço”
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4/10 (Thiago Bernardes/Contigo)
Camargo diz que o apresentador Sílvio Santos é um mestre em dois truques clássicos de linguagem corporal para aumentar o poder de persuasão. O primeiro é mostrar a palma das mãos enquanto fala. “Esse gesto envia o recado primitivo de que você está desarmado, que não tem pedras ou armas na mão para agredir o outro”, explica o especialista. A outra posição típica de Sílvio é colar os cotovelos no corpo, na altura das costelas, como se abrisse os braços para “abraçar” o telespectador. A postura transmite sinceridade, credibilidade e segurança: é como se você pudesse acreditar sem medo no que ele está dizendo.
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5. Use a expressividade dos seus olhos
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5/10 (Thinkstock/Eyecandy Images)
Em situações de trabalho, a maior parte das pessoas emprega o que Camargo chama de “olhar profissional”, isto é, mantém os olhos paralelos aos do interlocutor, com a visão fixa na região da testa. Essa forma de observar o outro transmite seriedade e profissionalismo. Para ganhar credibilidade, porém, é interessante intercalar esse estilo com o “olhar afetivo”, em que a sua visão se divide entre os olhos e a boca dele. Segundo o especialista, essa é uma forma mais amigável e menos impessoal de manter contato visual com alguém. Outra técnica para desarmar o outro é sutilmente arregalar os olhos e erguer as sobrancelhas enquanto ele está falando. “Isso vai transmitir imediatamente a mensagem de que você está enxergando a pessoa e se interessa por ela”, explica.
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6. Explore o poder dos “gestos de ensino”
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6/10 (Simon Dawson/Bloomberg)
Para ser convincente, é importante passar mensagens claras e confiáveis — como se você fosse um professor. Uma boa forma de atingir esse objetivo é incorporar os chamados “gestos de ensino”, isto é, mímicas e movimentos corporais que facilitam a visualização das ideias e prendem a atenção de quem está ouvindo. Muito usado em sala de aula, esse recurso serve para emoldurar e complementar o que é dito verbalmente. Um dos gestos mais comuns, diz Sayler, é levantar a mão e contar números com os dedos, algo que conhecemos desde a infância. É possível usar uma série de outras mímicas, desde que respeitem uma ordem lógica e representem visualmente uma ideia da forma mais simples possível. Não é interessante “inventar” muito: quanto mais o seu gesto refletir um lugar-comum, mais facilmente será ele será absorvido pelo interlocutor. Além de facilitar a comunicação, esses recursos gestuais ajudam a dar autoridade e credibilidade para o seu discurso.
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7. Elimine pausas com “hum” e “ééé”
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7/10 (Thinkstock/Portra)
Segundo Sayler, pessoas que fazem pausas audíveis, como “hum” ou “ééé”, têm menos credibilidade do que aquelas que conseguem falar de forma contínua. Assim, é fundamental eliminar ou reduzir a produção desses sons com a ajuda da linguagem corporal. Tente usar frases mais curtas e preencher os silêncios entre elas com um sorriso ou um gesto. Também é importante cuidar da respiração, isto é, mantê-la o mais calma e natural possível. Isso garantirá um ritmo cadenciado e constante de fala, um ingrediente fundamental para a credibilidade do seu discurso.
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8. Pratique o espelhamento
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8/10 (Thinkstock/XiXinXing)
Quando você imita algumas posturas corporais do seu interlocutor, inconscientemente ele vai começar a pensar que há algo agradável em você. É um mecanismo primitivo que funciona na maioria das negociações, diz Camargo. Não se trata de copiar exatamente os mesmos gestos da outra pessoa: o ideal é se inspirar neles e espelhá-los vagamente no estilo. O mais importante é acompanhar o ritmo dessas movimentações. Segundo o especialista, também vale criar “ecos” na conversa em si. “Se a pessoa disse que se chama Ana e trabalha numa determinada universidade, por exemplo, repita ‘Ana, então você trabalha na universidade X?’”, explica. “Quando você usa as mesmas palavras que o outro, amplia a sensação de espelhamento entre vocês”.
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9. Evite fazer “não” com a cabeça enquanto escuta
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9/10 (Thinkstock/Photodisc)
Você está tentando convencer o seu colega de um projeto e ele está dizendo que não gosta da ideia? Enquanto ele expõe seus argumentos, procure não fazer um movimento de negação com a cabeça — ainda que não concorde com uma vírgula do que está sendo dito. Às vezes, o gesto de negação é automático, mas é mais estratégico apostar no oposto. Faça leves movimentos de “sim” com a cabeça, para garantir ao outro que seus ouvidos estão abertos para ele. Isso irá desarmá-lo imediatamente, e evitará que a conversa ganhe contornos de disputa. “Se você já começa a contestar o outro enquanto ele fala, ele vai se sentir desrespeitado e ameaçado”, diz Camargo. “Dificilmente você vai conseguir convencê-lo do contrário quando for a sua vez de falar”.
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10. Por falar em linguagem corporal...
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