Currículo: erros nos dados pessoais podem impedir a participação em um processo seletivo (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2016 às 06h00.
São Paulo - Está começando mais uma temporada de processos seletivos para programas de estágio e trainee. A estreia de muitos jovens no mercado de trabalho tem início com a apresentação feita a empresas e recrutadores por meio do currículo.
“O documento é a primeira impressão que ele deixa, por isso deve representá-lo”, diz Manoela Costa, gerente da Page Talent.
Consultora da Cia de Talentos, Viviane Camerlingo dá uma dica: é bom ter um arquivo completo, com todas as atividades e cursos e ir sempre atualizando esse documento que servirá de base na hora de elaborar currículos direcionados às oportunidades do seu interesse.
“Se for participar de uma seleção em marketing, por exemplo, você pode ir neste documento original e selecionar as atividades que estão mais ligadas àquela área”, diz a consultora. Confira um roteiro para fazer o currículo e deixá-lo atraente mesmo quando faltam experiências profissionais.
1. Dados pessoais
É o primeiro item do documento. Nome completo, endereço, telefone e e-mail para contato devem estar no topo da página. Certifique-se de que todas as informações são atuais.
Negligenciar este campo do currículo é um erro comum, segundo os especialistas consultados. “Há jovens que perdem oportunidades porque deixam de colocar o telefone e nós não conseguimos falar com eles”, diz Manoela.
2. Objetivo
Neste campo coloque o cargo, a função ou a área de trabalho pretendida. “O objetivo é o campo principal na hora em que é feita a triagem com palavras-chave”, diz Viviane Cândido, especialista em recursos humanos da Vagas.com.
3. Resumo profissional
Embaixo do campo "Objetivo", Viviane indica que sejam elaboradas três ou quatro linhas com um resumo profissional. “Ali o recrutador deve encontrar as principais informações sobre você”, diz a especialista da Vagas.com. Principais conquistas profissionais ou acadêmicas são o foco deste pequeno resumo, segundo ela.
4. Formação acadêmica
Entram a instituição, o curso, horário das aulas e, sobretudo, o ano da conclusão. O ano previsto para a conclusão do curso não pode faltar, porque é uma informação essencial para o processo seletivo. “Para estágio, por exemplo, as empresas priorizam quem tem ainda dois anos para se formar”, diz Manoela, da Page Talent. Esses conselhos valem para graduação, MBA e outras modalidades de pós-graduação.
5. Experiência profissional
“Aqui entra tudo que envolve atividades profissionalizantes”, diz Viviane Camerlingo, da Cia de Talentos. Vale destacar todo e qualquer tipo de experiência, mesmo que não esteja relacionada à sua área de estudo ou de atuação hoje em dia, segundo as especialistas consultadas. “É importante porque mostra que o candidato já sabe como é atuar em uma organização, sabe o que é trabalho em equipe”, diz Viviane, da Vagas.com.
A ordem é sempre do trabalho mais atual para o mais antigo. E os candidatos devem destacar o nome da empresa, o período de permanência, o cargo e as principais atribuições.
Empresas júnior e trabalhos não remunerados podem também entrar neste campo, caso sejam as únicas experiências profissionais adquiridas até agora. Na opinião da especialista da Vagas.com, até experiências práticas adquiridas em cursos técnicos podem ser descritas.
“O erro é não ir tirando à medida que for avançando na carreira”, diz a consultora da Cia de Talentos.
Ela ainda indica que, de alguma maneira, o jovem coloque os resultados atingidos. “Como ele conseguiu contribuir para aquele projeto”, diz. Além de deixar o currículo mais atraente, é um ótimo exercício de preparação para entrevista.
6. Idiomas
“Nível básico não existe”, diz Manoela Costa, da Page Talent. O conhecimento de um idioma só deve entrar no currículo quando existe a capacidade de se comunicar por meio dele, o que só ocorre a partir do nível intermediário, na opinião dela.
Já Viviane Camerlingo, consultora da Cia de Talentos, não vê problema em colocar conhecimento básico de uma segunda língua, por exemplo. “Às vezes, em processos seletivos grandes, com milhares de inscritos, fazemos uma triagem por segunda língua e quem não coloca nada acaba ficando automaticamente de fora”, explica.
No entanto, ela alerta para o risco de mentir. “Se o jovem coloca domínio básico, eu espero que ele consiga entender e falar um pouco e ele poderá ser cobrado sobre isso”, diz
7. Intercâmbio
Períodos de estudo e/ou trabalho no exterior são bastante valorizados pelos recrutadores, principalmente em seleções de trainee. “Vale destacar, mas quando é intercâmbio de fato. Pode ser de um mês, mas tem que ter ido sozinho para estudar ou trabalhar”, diz Manoela, da Page Talent. Viagens turísticas em família não devem ser mencionadas como intercâmbio.
8. Conhecimentos de informática
A exigência de domínio do programas dos Pacote Office (Word, Excel, Power Point,etc.) é uma constante em oportunidades profissionais. Vale destacar o nível de domínio.
9. Atividades extracurriculares
Cursos, workshops e outras atividades podem ser descritas de maneira sucinta e objetiva. “Como é uma pessoa jovem que ainda não tem muita experiência, quanto mais recheado for o currículo, melhor”, diz Manoela.
Por isso, é importante valorizar esse campo do currículo, já que ele mostra um pouco do seu repertório, diz Viviane Camerlingo, da Cia de Talentos.
Currículo deve ser coerente com discurso na entrevista
Além de cuidar da estrutura, é importante prestar atenção à história que você conta com o seu CV. Para Felipe Maluf, sócio da YCoach, consultoria especializada em coaching para jovens, investir em um bom “storytelling” é tudo.
“O grande segredo é garantir que o seu currículo seja totalmente coerente com o discurso que você fará na hora da entrevista”, explica. “Cara a cara, o recrutador vai explorar tudo aquilo que você trouxe em palavras e frases no documento”.
Como o jovem tem pouca ou nenhuma experiência profissional, a narrativa presente no CV pode — e deve — refletir suas vivências e projetos pessoais.
A dica de Felipe é fazer com que o currículo deixe transparecer as suas motivações, objetivos e expectativas quanto ao futuro. “Um jovem com pouco tempo de mercado precisa falar sobre suas conquistas pessoais, o que dirá muito sobre quem ele é”, diz.
Vai uma ajuda na sua preparação? EXAME.com reuniu cinco modelos de currículo adaptados a diferentes necessidades e contextos. Confira e baixe os arquivos a seguir:
Modelo 1: Padrão internet
Este é um modelo de currículo fornecido pela Page Talent e parecido com o que os jovens encontram na hora de cadastrar informações em sites de recrutamento. “O nome do pai e o nome da mãe, por exemplo, não precisa deixar se for enviar o currículo por e-mail”, diz Manoela Costa.
A foto também não é necessária, de acordo com ela. “Hoje em dia os jovens se candidatam por sistemas e nomrmalmente quando se inscrevem por sites há espaço para foto, é como se fosse uma foto do perfil dele numa rede social profissional”, diz Manoela.
Modelo 2: Foco em formação acadêmica e projetos
Elaborado pela Companhia de Estágios, este modelo põe ênfase na formação acadêmica do candidato, bem como nos projetos realizados por ele durante a graduação. Como a maioria dos jovens ainda não teve muitas experiências formais de trabalho, é interessante ressaltar trabalhos voluntários e projetos em empresas juniores. Segundo a consultoria, esse tipo de atuação indica habilidades comportamentais importantes, tais como engajamento, dinamismo, capacidade de trabalhar em grupo, entre outras.
Modelo 3: Foco em qualificações e habilidades
Outra opção interessante é apostar num resumo do seu perfil profissional. O potencial de desenvolvimento e o estilo comportamental do jovem são o foco de muitos processos seletivos. Elaborar uma síntese de qualificações, habilidades técnicas e competências comportamentais fornece um panorama geral do seu perfil para o recrutador. O template foi desenvolvido pela Companhia de Estágios.
Modelo 4: Foco em inovação no layout
Certas empresas, sobretudo da indústria criativa, valorizam atitudes criativas na apresentação de um candidato. Para esses casos, é interessante criar um currículo na modalidade infográfico, isto é, com um layout que explora elementos gráficos e visuais integrados a textos e números. Este currículo, criado por uma estudante que se candidatou a uma vaga no Twitter, combina poder de síntese e originalidade. Compartilhado pela Companhia de Estágios, o modelo é um exemplo de como você pode dar um visual moderno e atrativo para o documento sem abandonar a objetividade.
Modelo 5: Foco na objetividade das informações
O modelo é indicado pela Cia de Talentos e o foco dele é na apresentação das informações mais relevantes de uma maneira simples e objetiva. “É um modelo enxuto que traz as informações mais relevantes. Tem o essencial”, diz Viviane Camerlingo, da Cia de Talentos.