São Paulo - Escritório descolado, estrutura horizontal e clima amistoso: para muitos, a perspectiva de trabalhar numa startup tem inúmeros atrativos.
"Atuar em empresas jovens, principalmente ligadas à tecnologia, está na moda", diz Carlos Eduardo Altona, diretor da consultoria Exec.
Segundo ele, as startups começaram a ganhar popularidade como empregadoras no Brasil nos últimos dez anos, graças ao crescimento econômico e à chegada de investimentos estrangeiros ao país na década de 2000.
Nesse período pré-crise, o clima geral de otimismo com a economia fez com que as jovens empresas brilhassem aos olhos de profissionais que buscavam autonomia e oportunidades de crescer rapidamente.
O fascínio exercido pelas startups continua até hoje. De acordo com Felipe Brunieri, gerente da Talenses, a geração Y é uma das maiores entusiastas do modelo. "Os jovens são acelerados, querem independência e não gostam muito de hierarquia, o que combina até certo ponto com a proposta desses empregadores", explica.
Não surpreende, portanto, que bater o cartão numa empresa tradicional seja o sonho de apenas 17% dos jovens brasileiros, segundo uma recente pesquisa do site 99jobs. O plano de 41% é se associar a um empregador flexível e inovador, como incubadoras e negócios ligados à tecnologia.
Lado B
Não há dúvidas, garante Brunieri, que startups sejam uma excelente opção para quem busca experiências do tipo “mão na massa” - que costumam levar a um rápido amadurecimento profissional.
Isso porque esses ambientes costumam exigir habilidades que dificilmente seriam exercitadas numa grande empresa, tais como iniciativa, adaptabilidade e senso de organização.
No entanto, o especialista alerta para o risco de idealizações. “Muita gente só enxerga o lado positivo das startups e acaba tendo expectativas equivocadas”, diz.
Veja a seguir 5 desvantagens que devem entrar na conta de quem pretende ingressar numa empresa nascente:
1. Mudanças sem fim
O posicionamento e a estratégia das startups costumam passar por reformulações inúmeras vezes, sobretudo nos três primeiros anos de operação.
Por isso, cancelar projetos mal iniciados e ou recomeçar tudo do zero após meses de trabalho são parte do cotidiano de quem trabalha nessas empresas. Por isso, diz Altona, quem não gosta de alterações de rota constantes, inevitavelmente, acaba sofrendo.
2. Escassez de recursos
Fazer muito com pouco é o lema da maioria das empresas, inclusive das grandes. Mas ele é especialmente verdadeiro no caso das startups.
Isso porque empresas nascentes geralmente contam com poucos recursos financeiros, tecnológicos e humanos. Apesar dessas limitações, a cobrança por resultados vem com toda a força por parte dos investidores. “O profissional precisa ser muito resistente a pressões e frustrações”, diz Altona.
3. Volume maior de trabalho
Por contarem normalmente com equipes pequenas, startups dependem muito mais de cada funcionário. De acordo com Brunieri, isso significa que a carga horária costuma ser mais pesada e não é exceção trabalhar em feriados e fins de semana.
Além disso, a rotina inclui uma boa dose de tarefas operacionais. “As suas atividades podem ir de analisar os números de uma planilha a comprar papel higiênico para o escritório”, brinca o especialista.
4. Marca desconhecida
A maioria das startups (ainda) é desconhecida pelo mercado. Isso implica algumas desvantagens, na opinião dos especialistas. Para Altona, a ausência de um nome forte obriga o profissional a se esforçar muito mais para fazer o negócio dar certo.
Além disso, lembra Brunieri, empresas “obscuras” costumam ser desvalorizadas num currículo. “O recrutador tende a não considerar muito um nome que não reconhece”, diz ele. Uma saída para isso é explicitar no CV que se trata de uma startup e, se possível, incluir os resultados que você trouxe para ela.
5. Rotatividade alta
De acordo com Altona, empregos em startups costumam ser ainda mais instáveis do que em empresas maiores.
A razão é que, nesses ambientes, reter ou demitir funcionários é uma decisão que depende direcionamento escolhido para o negócio - que está sempre mudando. “A manutenção do seu emprego está diretamente atrelada ao sucesso do empreendimento”, explica. “E sabemos que a maioria das novas empresas costuma fracassar”.
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1. Em busca de sentido
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1/12 (Thinkstock/ Creatas Images)
São Paulo - Encarar a profissão como uma mera forma de subsistência é uma visão com cada vez menos adeptos - principalmente entre os mais
jovens. Além de ganha-pão, o trabalho virou fonte de satisfação e
felicidade. Mais do que nunca,
ele precisa ter sentido. Mas como a
geração Y brasileira enxerga e busca significado na vida profissional? O site 99 jobs e a Oficina da Estratégia divulgaram recentemente uma
pesquisa que tenta responder à questão. Foram ouvidos 1.625 jovens, a maioria residente no Sudeste e nascida entre 1980 e 2000. As conclusões do estudo revelam um jovem emocionalmente envolvido com o trabalho e interessado em
empregos menos tradicionais. Clique nas fotos para ver os dados extraídos do levantamento.
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2. Pensando na profissão
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2/12 (Flickr/Creative Commons/Alex)
Numa escala de 0 a 10, os entrevistados deram nota 7,31 para a relevância da profissão em suas vidas. O assunto, aliás, ocupa a cabeça do jovem mesmo quando ele não está trabalhando: a nota dada à frequência com que pensam no tema em suas horas vagas é 6,6.
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3. Felizes? Mais ou menos
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3/12 (Thinkstock/Medioimages/Photodisc)
De acordo com a pesquisa, os jovens estão medianamente satisfeitos com sua realidade profissional. De 0 a 10, a percepção de sentido no trabalho foi avaliada em 5,71. Já a nota média para a felicidade com o emprego foi 5,62.
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4. O que é trabalho?
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4/12 (Thinkstock/Rawpixel Ltd)
A definição de trabalho mais mencionada pelos jovens é “algo que agregue valor” (79,9%). Não que a recompensa financeira esteja fora do radar. Para 76,3% dos entrevistados, a resposta é “algo que ganho dinheiro para fazer”. Os significados menos citados foram “algo que é fisicamente extenuante” (1,1%) e “algo que alguém lhe diz para fazer” (2,3%).
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5. Dinheiro faz diferença
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5/12 (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)
As percepções sobre o significado do trabalho variam consideravelmente com a classe social do jovem. Entrevistados com renda familiar de até 1.085 reais são os que mais encaram a profissão como uma forma de servir à sociedade (25%) e ter contato com pessoas interessantes (15,38%). Já aqueles cuja renda familiar está acima de 9.745 reais são os que mais percebem o trabalho como interessante por si só (25,12%) e como uma forma de garantir status e prestígio (3,38%).
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6. Nada perdidos
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6/12 (Getty Images)
Contrariando os estereótipos, a geração Y não se enxerga como indecisa quando o assunto é carreira. De 0 a 10, a nota dada para a clareza com que os jovens enxergam suas próprias habilidades e talentos é 7,2. A insegurança quanto à escolha do curso universitária foi avaliada em apenas 3,6. Apesar disso, há interesse em receber conselhos de pessoas mais experientes: a vontade de fazer coaching profissional recebeu a nota 7,9.
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7. E se você ficasse milionário?
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7/12 (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)
O que você faria se ganhasse na loteria e tivesse dinheiro suficiente para viver confortavelmente para o resto da vida? Apenas 5% dos jovens parariam de trabalhar. Continuar trabalhando, mas de forma diferente, é a resposta de 89% dos entrevistados. Somente 6% continuariam no emprego atual.
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8. Ambientes inspiradores
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8/12 (Andrew Harrer/Bloomberg)
Com sua estrutura horizontal e escritórios coloridos, as grandes empresas de tecnologia têm um apelo especial para os jovens. Na visão dos entrevistados, as empresas que mais promovem um ambiente pleno de sentido são Google (58%) e Facebook (25%). Natura, Microsoft e Apple completam o ranking dos cinco empregadores mais bem avaliados no quesito.
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9. O papel do empregador
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9/12 (Thinkstock/Goodluz)
Os jovens acreditam que encontrar sentido no trabalho depende mais da postura dos empregadores do que dos funcionários. Numa escala que vai até 10, a nota dada à responsabilidade dos indivíduos em buscar significado na profissão é 5,4. Já a importância do apoio das empresas para esse objetivo é avaliada em 6,33.
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10. Flexibilidade é o futuro
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10/12 (Thinkstock/amanaimagesRF)
Quando pensa no futuro, a maioria dos jovens não se enxerga trabalhando em grandes empresas. Trabalhar numa empresa tradicional, como bancos e indústrias, é o sonho de apenas 17% dos entrevistados. O plano de 41% é atuar numa empresa flexível, como agências, incubadoras de negócios ou empresas inovadoras como Google e Facebook. Ter o próprio negócio é a ideia de 32%, enquanto 8% pensam em trabalhar em ONGs ou instituições ligadas a uma causa.
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11. O que traz sentido ao trabalho?
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Para 80% dos entrevistados, existe significado na profissão quando é possível acreditar no que se faz. Aprendizado e prazer também são fatores mencionados por 75% e 74% dos jovens, respectivamente. Já as formas menos citadas para ver sentido do trabalho são acompanhar o processo do início ao fim (43%) e enxergar sua contribuição pessoal como única para a empresa (44%).
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12. Veja agora quem são os jovens aprovados em programas de trainee
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12/12 (Getty Images)