São Paulo - O discurso corporativo está cheio de jargões, estrangeirismos e muitas - muitas - frases feitas. Não raro, os maiores propagadores de clichês dentro da empresa são os seus próprios líderes.
De acordo com o consultor de empresas britânico Bernard Marr, o problema de certas expressões está no seu uso excessivo e indiscriminado: elas até faziam sentido no passado, mas acabaram se tornando vazias pela repetição.
“O que talvez tenha sido um raciocínio original e inspirador na primeira vez em que foi dito virou material para séries e filmes de comédia sobre péssimos chefes”, escreve Marr em artigo para o LinkedIn Pulse.
Mas riscar clichês corporativos do seu repertório não é apenas uma forma de evitar o ridículo - e o consequente desdém da equipe que você lidera.
Ao eliminar as expressões batidas, você também atualiza o seu discurso e passa a dizer frases que realmente significam algo. Com isso, você aumenta o seu poder de influência sobre os demais.
“Em vez de se render às expressões de sempre, use técnicas atualizadas de engajamento, gestão e liderança para ser o tipo de líder que se torna famoso - e não infame”, escreve o consultor.
No Pulse, Marr selecionou alguns dos clichês que todo chefe deveria eliminar do seu vocabulário. Confira a seguir alguns deles:
1. “Não existem perguntas idiotas”
O objetivo desta expressão é benevolente. Seu intuito é garantir que todos se sintam à vontade para expor suas dúvidas - quaisquer que sejam elas. Mas, na opinião de Marr, há uma certa demagogia por trás da expressão.
“Existem sim perguntas que não acrescentam nada e não fazem a conversa avançar”, escreve ele. Em vez de prometer uma falsa realidade - em que haveria todo o tempo do mundo para perguntas irrelevantes ou redundantes - um chefe deveria incentivar a equipe a otimizar sua comunicação e economizar o tempo alheio, diz o consultor.
2. “O cliente tem sempre razão”
Clichê dos clichês no mundo dos negócios, esta frase manda involuntariamente um recado pouco amigável para a equipe: o de que o chefe nunca estará do lado de seus subordinados, ainda que o cliente esteja completamente errado.
Ao proferir uma expressão como essa, diz Marr, o líder perde a confiança da sua equipe. No lugar de culpar o liderado de antemão por qualquer eventual conflito, o papel do chefe é mostrar a ele que todo cliente merece ser bem atendido - até quando, de fato, não tem um pingo de razão.
3. “Pense fora da caixa”
O problema deste clichê é que, na prática, a maioria das pessoas não faz ideia do que seja a tal “caixa” - e muito menos do que estaria fora dela.
Ao conduzir um processo criativo, explica o consultor britânico, não adianta nada usar frases de efeito. Segundo ele, é mais inteligente criar um processo estruturado para a inovação, bem como incentivar a equipe a buscar pontos de vista diferentes no dia a dia, com exemplos e situações concretas.
4. “Não dê 100% da sua capacidade, dê 110%”
“Além de ser impossível matematicamente, essa expressão sequer é compreendida pelos seus funcionários”, afirma Marr. “Você está pedindo para eles ficarem até mais tarde? Trabalharem na hora do almoço? Aumentarem a produtividade em 10%?”.
No lugar de expressar as suas expectativas de forma vaga e superlativa, é melhor estabelecer metas claras, concretas e específicas. Não ser claro quanto ao que você espera só servirá para deixar a equipe confusa, insegura e menos produtiva do que poderia ser.
5. “Fracassar não é uma opção”
Como no ponto anterior, esta expressão só seria possível em uma realidade alternativa. No mundo real, há uma infinidade de caminhos pelos quais um projeto, uma tarefa ou uma ideia podem naufragar.
Segundo Marr, muitos chefes usam esse clichê para encerrar um debate ou evitar perguntas sobre uma decisão questionável que precisaram tomar. “Em vez disso, defenda a sua decisão, incentive o debate, responda às perguntas difíceis e, se possível, procure com isso evitar o fracasso”, orienta o consultor.
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1. Eles são terríveis...
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1/17 (Divulgação/Facebook/The Simpsons)
São Paulo - Você conhece algum Sr. Burns na vida real? De
chefes insanos, manipuladores e egocêntricos, nem a ficção está livre. Clique nas fotos para ver patrões que promovem o caos em
filmes,
séries e animações - e comemore o fato de que você não trabalha para nenhum deles.
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2. Gregory House, de "House"
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2/17 (Divulgação)
Inspirado em Sherlock Holmes, o personagem Gregory House (Hugh Laurie) é genial na resolução de enigmas sobre doenças. O problema é que ele também é um chefe narcisista, infantil, cínico, e grosseiro com seus funcionários. ("House", 2004-2012)
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3. Alonzo Harris, de "Dia de treinamento"
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3/17 (Reprodução)
Chefe do departamento de polícia de Los Angeles, Alonzo Harris (Denzel Washington) é um anti-exemplo para seu novo subordinado, Jake Hoyt (Ethan Hawk). Responsável pelo combate ao narcotráfico, Harris dá um treinamento de 24 horas ao novato, período em que revela seu caráter corrupto e manipulador. ("Training day", 2001)
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4. Miranda Priestly, de "O diabo veste Prada"
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4/17 (Divulgação/Facebook/The Devil Wears Prada)
Miranda Priestly (Meryl Streep) é a toda-poderosa editora de uma revista de moda em Nova York. Com sua personalidade implacável, ela cria constrangimentos e humilhações constantes para todos os seus subordinados, inclusive para Andy (Anne Hathaway), sua jovem e ingênua assistente. ("The devil wears Prada", 2006)
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5. Margaret Tate, de "A proposta"
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5/17 (Reprodução)
Sandra Bullock encarna Margaret Tate, uma executiva do mundo editorial que força seu assistente, Andrew Paxton, a se casar com ela. O motivo: a farsa evitará que ela seja deportada para o Canadá. Em troca do favor à geniosa chefe, Andrew exige uma promoção. ("The proposal", 2009)
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6. John Ammer, de "Click"
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6/17 (Reprodução)
John Ammer (David Hasselhoff) trata seu funcionário Michael Newman (Adam Sandler) de forma degradante. Quando Michael põe as mãos num controle mágico que permite controlar a realidade, o chefe é um dos primeiros a receber o troco por suas grosserias e abusos. ("Click", 2006)
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7. Sr. Burns, de "Os Simpsons"
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7/17 (Reprodução/Reprodução)
O famoso chefe de Homer Simpson é um homem que se orgulha de sua própria desonestidade. Proprietário da Usina Nuclear de Springfield, o Sr. Burns nunca perde a oportunidade de prejudicar e maltratar os outros. ("The Simpsons", 1989-presente)
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8. Dave Harken, de "Quero matar meu chefe"
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8/17 (Divulgação)
Dave Harken (Kevin Spacey) é um psicopata. Entre outras "brincadeiras", ele promete uma promoção a seu funcionário só para concedê-la a si mesmo no final. O que ele e outros chefes insuportáveis apresentados no filme não esperam é que seus subordinados tramam uma vingança. ("Horrible bosses", 2011)
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9. Buddy Ackerman, de "O preço da ambição"
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9/17 (Reprodução)
Buddy Ackerman (Kevin Spacey, novamente no papel de um patrão terrível) agride constantemente seu assistente Guy (Frank Whaley). "Você não é nada! Se você estivesse na minha privada, eu não me incomodaria em dar descarga em você", diz ele. Quando a crueldade do patrão começa a chegar a níveis insuportáveis, Guy decide reagir. ("Swimming with Sharks", 1994)
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10. John Milton, de "Advogado do diabo"
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10/17 (Reprodução/Reprodução)
Sem nunca ter perdido um caso na vida, o advogado Kevin Lomax (Keanu Reeves) aceita trabalhar para John Milton (Al Pacino), proprietário de um grande escritório em Nova York. Ao defender um cliente acusado de triplo assassinato, Kevin começa a ser sutilmente manipulado por seu estranho patrão. ("Devil's advocate", 1997)
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11. Gordon Gekko, de "Wall Street: Poder e Cobiça"
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11/17 (Reprodução)
Neste drama, Gordon Gekko (Michael Douglas) é o chefe de Bud Fox (Charlie Sheen), um jovem corretor disposto a tudo para ascender na carreira. Os problemas começam quando Bud percebe que está trabalhando para um homem inescrupuloso e desleal. ("Wall Street", 1987)
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12. Carter Pewterschmidt, de"Family Guy"
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12/17 (Reprodução)
Na série, Carter é um sádico magnata da indústria e proprietário de diversas empresas. Mestre na arte de dominar, manipular e distorcer, ele gosta de desprezar seus subordinados e seu genro, Peter Griffin, o protagonista da animação. ("Family Guy", 1999-presente)
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13. Michael Scott, de "The Office"
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13/17 (Divulgação)
Até a 7ª temporada da sitcom, Michael (Steve Carell) é o gerente regional da empresa Dunder Mifflin. Para evitar a punição por suas atitudes intempestivas, ele frequentemente usa seus subordinados como bodes expiatórios. ("The Office", 2005-2013)
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14. Andy Bernard, de "The Office"
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14/17 (Divulgação)
Andy (Ed Helms) é apresentado na 3ª temporada da série como o diretor regional de vendas da empresa. Inseguro e arrogante, ele frequentemente faz piadas às custas da equipe. ("The Office", 2005-2013)
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15. Bob Kelso, de Scrubs
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15/17 (Reprodução)
Diretor do hospital durante as primeiras sete temporadas da série, Kelso (Ken Jenkins) é conhecido por sua frieza diante de seus pacientes e subordinados. Famoso por declarar que se importar com os outros não faz parte das suas atribuições profissionais, sua preocupação central é o lucro do hospital. ("Scrubs", 2001-2010)
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16. Kristoffer, de "O grande chefe"
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16/17 (Reprodução)
Nesta comédia de Lars von Trier, o dono de uma empresa cria um presidente fictício para seus funcionários, que vive nos Estados Unidos e é o "responsável" por todas as decisões impopulares. Porém, quando decide vender seu negócio, o comprador exige conhecer o CEO. Em pânico, ele contrata o fracassado ator Kristoffer (Jens Albinus) para se passar pelo chefe. O que ele não previa é o comportamento errático e imprevisível do impostor. ("Direktøren for det hele", 2006)
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17. Conheça agora 6 personagens da literatura que podem inspirar sua carreira
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17/17 (Flickr/Creative Commons/Kate Ter Haar)