Competitividade além dos limites saudáveis pode resultar em atitudes antiéticas (Getty Images)
Camila Pati
Publicado em 28 de abril de 2013 às 09h00.
São Paulo - Um toque de competitividade é saudável no ambiente de trabalho. Sentir-se desafiado a se superar a cada dia é estimulante e ajuda profissionais a alcançarem o sucesso no mundo corporativo.
Na opinião de Márcia Dolores, a competitividade positiva acontece quando o próprio profissional usa estratégias para se superar a partir da comparação entre sua performance atual e desempenho anterior na carreira. “É me comparar comigo mesmo”, explica.
Mas não é sempre assim que a competitividade se dá nos escritórios. Muitas vezes ela extrapola os limites e é a matéria prima de ambientes profissionais extremamente agressivos com colegas de trabalho e sócios competindo o tempo todo entre si.
Neste cenário não há colaboração e, em grande parte dos casos, a ética também vai embora. Sobram puxadas de tapete e sabotagens. EXAME.com perguntou a dois especialistas quais as atitudes são sinalizadoras de uma competitividade exacerbada e desagregadora durante o expediente. Confira:
1 Exposição pública dos defeitos do outro
Expor defeitos e erros alheios com objetivo de ser mais valorizado em detrimento do outro é uma atitude reveladora de um ambiente exacerbadamente competitivo. “O profissional se transforma em um agente divulgador das limitações do outro”, explica Márcia.
Alexandre Rangel, sócio-fundador da Alliance Coaching, conta já ter presenciado situações limite envolvendo esta questão. “Tenho visto e acompanhado disputas bem competitivas”, diz.
Ele conta uma situação real que mostra até onde a exposição pública de erros e defeitos pode chegar. “Era uma empresa familiar, com dois irmãos disputando a presidência, e durante uma reunião com todos os diretores, um deles disse textualmente ao outro que não concordava que ele assumisse o comando porque estava roubando”, lembra.
A declaração pegou toda a diretoria de surpresa e, inclusive, o pai dos dois. “Ele não avisou nem ao irmão nem a ninguém que faria isso na frente de todo mundo”, diz Rangel.
2 Falsidade ideológica e apropriação intelectual indevida
Fingir ser quem não é, plagiar trabalhos, “roubar” ideias de outras pessoas e desfrutar sozinho dos “louros” de um sucesso construído a partir do trabalho de toda a equipe são alguns dos exemplos dados pelos especialistas.
“A competitividade é tão grande que a pessoa perde os limites da ética e realiza apropriações intelectuais indevidas. Quer ter um crescimento mais visível para ganhar o foco de seus superiores e cai no plágio”, explica Rangel.
3 Sonegar ou distorcer informações
Ter acesso a uma informação estratégica, que deveria ser de conhecimento de todos da equipe, e guardá-la para si é outra atitude de uma pessoa que cai nesta seara competitiva.
“A pessoa se esquece do objetivo da equipe e, deliberadamente, sonega ou distorce informações para se beneficiar sozinho”, diz Márcia.
Há diversas situações em que isso pode acontecer. Por exemplo, seu chefe tem acesso a um feedback positivo do diretor a respeito de você e resolve ficar quieto. Mas quando se trata de uma bronca é o primeiro a repassar “tim tim por tim tim” do que foi discutido.
Chefes assim são inseguros e consideram o bom desempenho de seus subordinados diretos uma ameaça ao seu cargo. Por isso têm tendência a competir com a própria equipe que lideram.
4 Ruptura no relacionamento
É difícil disfarçar e manter as aparências quando se está envenenado pela competitividade agressiva e não saudável.
“A pessoa se distancia e deixa de falar com o profissional que ele encara como seu oponente”, explica Rangel. Este isolamento também deixa explícito o ambiente de disputa acirrada na empresa.
5 Dar corda para o outro “se enforcar”
Ele sabe que o colega está indo pelo caminho errado e não só não o alerta como também o estimula a continuar. “Já presenciei profissionais dizendo que dariam corda para o outro se enforcar sozinho”, conta Rangel.
Exemplo: sabendo que a pontualidade é uma exigência do chefe, o profissional supercompetitivo é sempre o primeiro a chegar. Mas entre seus pares, que chegam sempre atrasados, ele diz que a cobrança é absurda e que eles não deviam se preocupar tanto com isso.
“Nesse caso ele está estimulando que a regra não seja seguida e que os outros mantenham o comportamento inadequado, mesmo sabendo da cobrança do chefe”, diz Rangel.
Confira agora como ser competitivo de uma forma saudável, segundo Renato Grinberg, autor do livro “Instinto do Sucesso” (Editora Gente), em mais um vídeo de Carreira:
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