Sala de aula: olhar grade curricular é ideal antes de escolher o curso de MBA (Getty Images)
Camila Pati
Publicado em 30 de junho de 2014 às 16h31.
São Paulo – Para muitos profissionais, o diploma de MBA é encarado como degrau obrigatório na trajetória de ascensão de carreira.
Não é à toa que a sigla prolifera em cursos de especialização no Brasil e no mundo. Há opções das mais diversas que prometem agradar (e fisgar) todos os gostos e bolsos.
Mas, os motivos levam muitos profissionais de volta à sala de aula nem sempre estão de acordo com o que o curso pode e deve, de fato, oferecer aos seus alunos.
Conversamos com Arthur Diniz, sócio-fundador da Crescimentum, empresa de treinamentos especializada em desenvolvimento de líderes, para saber o que pode estar errado na motivação de quem procura um MBA. Ele, que já foi professor de uma escola de MBA, citou as principais razões erradas para fazer o curso:
1. Só para colocar no currículo
Existem profissionais que tomam a decisão de fazer um programa de MBA mais por cobrança do mercado, ou da empresa, do que por interesse próprio, segundo Diniz.“Vejo muitas pessoas fazendo apenas para ter o diploma, e isso é um grande erro”, afirma.
O equívoco é considerar que as três letras no currículo serão suficientes para um upgrade de três zeros no salário. Não, não serão.
Um aumento de salário está, em geral, ligado ao que a pessoa é capaz de entregar em termos de resultados efetivos para empresa.
2. Só porque há dinheiro disponível para investir
A decisão de cursar MBA envolve mais fatores do que um “gordo” saldo bancário, diz Arthur Diniz. Não é porque você tem o dinheiro agora que este se torna o momento ideal para embarcar no curso.
O curso de MBA é bastante interessante, segundo Diniz, para quem quer desenvolver uma visão sistêmica do negócio e, consequentemente, aperfeiçoar a habilidade de tomada de decisões em projetos de alto risco para a organização.
3. Para quem é inexperiente profissionalmente
As melhores escolas costumam barrar candidatos ainda inexperientes. Mas nem todas as instituições adotam esta postura, já que existem instituições picaretas.
“Acontece que quando o aluno não tem experiência profissional em gestão ele chega com teorias sem aplicação prática”, diz.
Contribui e aproveita mais o aluno que já comanda uma equipe. Boa parte do aprendizado, diz Diniz, vem do compartilhamento de casos e experiências vividas pelos alunos.
O momento de carreira ideal, segundo o especialista, é a partir do segundo ou terceiro ano em um cargo de gestão. “Ideal que o aluno seja formado há uns 8 anos. Mas, no mínimo, deve ter 3, 4 anos de graduação”, diz Diniz.
4. Para descobrir o que quer fazer da vida
Isso deve ser feito antes de fazer MBA, segundo Arthur Diniz. É que a escolha do MBA precisa estar conectada aos objetivos de carreira. “Já vi alunos que não sabiam direito por que estavam fazendo MBA e, assim, jogavam dinheiro fora”, diz.
Segundo Diniz, a escolha do curso deve passar pela análise da grade curricular. “Até para escolher o programa mais adequado. Por exemplo, o Insper tem foco em finanças, USP e FGV já são mais generalistas”, diz o especialista.