Desde a chegada do técnico português, no final de 2020, o Palmeiras foi campeão cinco vezes (Conmebol/Divulgação)
Isabela Rovaroto
Publicado em 8 de abril de 2022 às 07h30.
Última atualização em 11 de agosto de 2022 às 18h22.
Atual campeão paulista, o Palmeiras passou a ser um dos times mais estudados por adversários — mas também deveria ser inspiração para gestores.
Liderado por Abel Ferreira, o Palmeiras é considerado um dos melhores — se não o melhor — time do Brasil na atualidade. Desde a chegada do técnico português, no final de 2020, o time foi campeão cinco vezes.
No último título, o Palmeiras venceu o São Paulo por 4 a 0, no Allianz Parque, no jogo de volta da final do Campeonato Paulista, e levantou a taça estadual pela 24ª vez. Além disso, o Palmeiras de Abel Ferreira foi campeão:
Abel Ferreira pode ser considerado um bom exemplo de liderança? Para Rafael Souto, fundador e CEO da consultoria de carreira Produtive, o treinador alviverde reúne características de um líder contemporâneo. Para o especialista, líderes deveriam dedicar mais tempo em conversas inspiradoras com seus times e conectá-las ao propósito da empresa.
Confira abaixo quatro exemplos de liderança para seguir no seu time:
Segurança gera confiança. Para criar um time campeão é necessário que os integrantes acreditem genuinamente nas decisões tomadas pelo líder.
“Um líder que não tem confiança do grupo não consegue ter liberdade, presença, não consegue se conectar com o grupo”, afirmou Rafael Souto.
Em um ambiente sem segurança psicológica, feedback negativo vira uma cobrança vazia e sem valor.
O atual técnico do Palmeiras, que renovou seu contrato por mais dois anos, consegue passar confiança, motivação e segurança para o elenco.
O livro ‘Cabeça fria, coração quente’, publicado neste ano, conta bastidores das conquistas do Palmeiras nas temporadas de 2020 e 2021. Em um trecho, Abel destaca a importância do coletivo e da mentalidade vencedora.
“Meu orgulho é ver que os jogadores estão comprometidos. Estão dando o melhor em cada jogo. A grande diferença é a mentalidade e a cultura de vitórias. Eles se desafiam diariamente e isso se reflete no treino e no jogo”, disse Abel.
No modelo mental de crescimento, conhecido como growth mindset, o desafio é visto como uma oportunidade.
Dois exemplos mostram isso na liderança de Abel Ferreira. O primeiro foi o mundial de 2020, onde o Palmeiras ficou em quarto lugar. Naquele momento, todo trabalho construído até ali poderia ter sido descartado, mas não foi.
Para Rafael Souto, Abel conseguiu manter o grupo unido e aquela derrota foi vista como oportunidade de aprendizado.
“O time não desmoronou, ele conseguiu ver os erros, corrigi-los e buscar o próximo objetivo”, explicou.
Sobre o Mundial de Clubes, o atacante Rony disse que a equipe estava feliz por participar e que eles estavam saindo da competição de cabeça erguida. “Vamos fazer uma grande temporada na Libertadores para poder jogar o Mundial novamente”, disse.
Outro exemplo foi a recente final do Campeonato Paulista. No primeiro jogo, o Palmeiras perdeu de 3x1, o que para muitos significava o vice-campeonato.
“O mindset de crescimento vê o desafio, o obstáculo, como algo a ser superado. O Palmeiras conseguiu reverter o resultado ruim do primeiro jogo, algo que seria impossível para muitas equipes”, afirma Souto.
Manter-se no topo também é um desafio. Depois de muitas conquistas, é comum ver grupos vencedores perderem a motivação. Mas no Palmeiras, isso não parece acontecer.
"O Abel consegue manter a motivação do grupo através de conversa constantes sobre a importância do desafio e do crescimento como oportunidade. O Palmeiras está sempre em busca do novo desafio", disse Souto.
Além disso, o especialista destaca que o propósito do time também é sempre relembrado. "Abel fala da importância de marcar a história, fala do significado de cada conquista, para que as pessoas se motivem e consigam dar o seu melhor".
Um bom líder sabe valorizar e administrar a diversidade de perfis presentes no grupo, seja de faixa etária, seja da forma de pensar e agir. No caso do Abel, liderar jogadores jovens e experientes é um desafio.
“Um bom líder consegue extrair o melhor de cada um. Ele cria uma relação próxima com os integrantes, inclusive com os mais difíceis. O líder precisa criar conexões e deixar claro que a diversidade enriquece e torna o grupo vencedor”, comentou Souto.
No livro, o ex-jogador do Palmeiras Luiz Adriano, um dos mais experientes do elenco, fala sobre sua colaboração, além do campo, para o grupo:
“Pude contribuir da melhor forma possível, incentivando os companheiros, dando alguma palavra. Isso faz parte de chegar ao título. Não só jogar. Pude ajudar da melhor forma possível, passar concentração pra eles. Sou um dos mais velhos, dou um conselho, uma ajuda no dia a dia”.