Expatriação é desafiadora e enquiquecedora, além de aumentar o valor do passe do profissional (Getty Images)
Camila Pati
Publicado em 7 de setembro de 2013 às 08h00.
São Paulo – A expatriação é um momento importante na vida de qualquer profissional. Muda o país, muda a língua, muda a rotina de trabalho e também de vida. A experiência é desafiadora e enriquecedora, segundo quem já passou uma temporada trabalhando em outro país.
É que mostra uma pesquisa feita com 450 profissionais expatriados de diversas nacionalidades pela Berlitz Educação Global.Caso tivessem a chance de repetir a experiência, 90% dos entrevistados não hesitariam em fazer as malas e a mudança novamente.
O estudo levantou também quais as principais dificuldades antes durante e depois da expatriação e também quais são os ganhos adquiridos, de acordo com os profissionais que participaram do estudo. Confira o que eles disseram:
As dificuldades:
1 Lidar com novas maneiras de tomada de decisões e estilo de gestão
Geralmente o expatriato chega à empresa e é inserido em time que já traz uma dinâmica própria de atuação. Por isso, para 48% dos entrevistados deparar-se com formas diferentes de tomada de decisão é a principal dificuldade de quem passa por uma temporada de expatriação.
No retorno ao país, a história se repete e as diferenças no estilo de gestão foram apontadas como grandes dificuldades por 46% do repatriados.
“A tomada de decisão muda porque existe o fator cultura”, lembra Silvia Freitas, diretora de relações corporativas do Berlitz Educação Global. A cultura de um país tem, segundo ela, influencia tanto na percepção individual de crenças e valores como também na função que será exercida e no comportamento da equipe.
De acordo com ela, alguém que vá ser expatriado em breve deve buscar entender os principais pontos da cultura do país e também novo time em que será inserido. Treinamentos multiculturais podem ajudar neste processo.
2 A empresa pode não ajudar no processo de reajuste
Não dá para contar com grande ajuda por parte da organização, nem antes nem durante ou depois da expatriação. Segundo 62%, a empresa não ajudou no processo de reajuste.
E esse reajuste citado pelo estudo envolve, segundo Silvia, a adaptação da família também. “Não ha um cuidado com os familiares para quem o processo de adaptação é mais difícil e isso pode trazer até prejuízos para a empresa”, diz a diretora de relações corporativas da Berlitz Educação Global.
Isso acontece porque, caso a família não se adapte o profissional sofre uma pressão para desistir da expatriação colocando todo o investimento da organização em risco. O mesmo problema pode ocorrer n a volta do profissional ao seu país de origem. “Quando uma família passa 5 anos fora, por exemplo, a dinâmica muda”, diz.
3 A experiência adquirida pode não ser aproveitada
Segundo 22%, conhecimento adquirido durante o período de expatriação nem sempre é bem aproveitado pelas empresas, o que desmotiva os profissionais que voltam ao país de origem.
Muitos, inclusive, acabam deixando a empresa já que uma expatriação aumenta o valor do passe destes profissionais. “Ao não ultilizar este conhecimento que os repatriados trazem a empresa corre o risco de perder profissionais para o mercado”, diz Silvia.
A pesquisa revelou que um terço dos entrevistados buscaram novos rumos com base na posição que lhes foi oferecida após o seu regresso.
Os ganhos:
1 “Mente aberta”
É certo que uma viagem internacional já é suficiente para “refrescar” o pensamento. Imagine então o efeito de uma temporada longa vivendo e trabalhando em outro país. É certo que “abre a cabeça” de qualquer profissional.
Por isso, 70% dos entrevistados citaram mente aberta como uma dos principais ganhos.
2 Flexibilidade
É outra característica que desponta depois de uma temporada de trabalho fora do país, segundo 60% dos participantes da pesquisa.
“Ao vivenciar diferentes experiências, conhecer e trabalhar com pessoas de diferentes orientações o profissional acaba ficando mais flexível”, diz Silvia.
3 Tolerância
Perceber e vivenciar na pele as mudanças culturais de um país para outro ajuda a tornar a pessoa mais tolerante também. É o que disseram 50% dos expatriados.
Ao presenciar as diferentes formas de trabalhar, de se relacionar com os colegas de escritório e também de gerir uma equipe e tomar decisões, o profissional é estimulado a aceitar e conviver melhor com as diferenças.