Carreira

24 anos na mesma empresa, VP de RH diz que ainda há muito para aprender: ‘É preciso estar aberto’

Gustavo Siqueira, executivo da Saint-Gobain, revela como o aprendizado contínuo e a adaptação constante foram fundamentais para sua trajetória e para a multinacional

 (Gustavo Siqueira/Divulgação)

(Gustavo Siqueira/Divulgação)

Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 29 de novembro de 2024 às 13h39.

Última atualização em 29 de novembro de 2024 às 15h18.

Há quem acredite que, quanto mais experiente é um profissional, menos ele tem a aprender. Gustavo Siqueira, vice-presidente de Recursos Humanos da Saint-Gobain para a América Latina e membro do Clube CHRO da EXAME Corporate Education, não poderia discordar mais dessa percepção. 

Mesmo com quase três décadas de mercado, ele segue fiel a um princípio que o acompanha desde o começo de sua carreira: aprender sempre. “Quando eu assumi a posição de vice-presidente, 80% do que eu via era novo para mim. Eu cometi muitos erros. Está sendo uma verdadeira escola”, revela. 

Essa busca constante por aprendizado moldou sua trajetória profissional. Isso porque Siqueira ingressou na Saint-Gobain em 2000, aos 22 anos, na área jurídica. Mas não ficou limitado a essa função. Durante seus quase 25 anos na empresa, assumiu posições em finanças, marketing, negócios e, recentemente, como vice-presidente de RH na América Latina

“Estar há quase 25 anos na mesma empresa pode parecer acomodado, mas na Saint-Gobain, e em dezenas de outras empresas, dá para se reinventar a cada período”, diz ele. No entanto, há uma ressalva: “Você tem que estar aberto às possibilidades.”

Segundo ele, o segredo para enfrentar cada novo desafio foi estar aberto a aprender algo novo – mesmo fora da zona de conforto e em um grupo com 360 anos de história.

Como promover o aprendizado contínuo?

Assim como o aprendizado contínuo foi essencial para a trajetória de Gustavo, ele também é um elemento estratégico para o sucesso das empresas. Na Saint-Gobain, essa prática é vital para garantir a capacidade de adaptação em um mercado em constante transformação. 

“Essa longevidade da Saint-Gobain vem da capacidade de adaptação, de continuar forte, crescer e se adaptar às necessidades do mercado, mas sem perder sua forte cultura e os princípios”, diz ele. “Sem isso, a empresa não terá os melhores profissionais, nem a diversidade necessária. E Saint-Gobain é um exemplo disso.”

Com base em sua experiência, ele compartilha algumas recomendações para empresas que desejam adotar essa postura. Veja a seguir.

Acredite que é preciso mudar (se for o caso!)

Antes de iniciar qualquer transformação, é essencial entender que mudanças podem ser fundamentais – mas nem sempre obrigatórias. Segundo Siqueira, a necessidade de adaptação deve ser avaliada com honestidade e dentro do contexto de cada organização. 

“Existem empresas tradicionais fazendo sempre do mesmo jeito e com muito sucesso. E tem empresas que inovam e dão errado. Não há uma receita de bolo”, pondera. Por isso, a primeira etapa é identificar se a mudança é necessária e, caso seja, estar genuinamente disposto a abraçá-la, ajustando a cultura e os processos para que ela se torne efetiva.

Aceite que toda mudança leva tempo

Transformações não acontecem da noite para o dia. Siqueira destaca que um processo de transição exige paciência e compreensão das curvas de aprendizado. Seja ao implementar uma nova política, como o home office, ou ao assumir uma nova função, como ele próprio fez ao transitar por diferentes áreas ao longo da carreira, o especialista reforça a importância de respeitar o tempo necessário para que pessoas e processos se ajustem. “É preciso aceitar o ritmo da mudança e as dificuldades que surgem pelo caminho.”

Encontre caminhos para lidar com os erros

Errar faz parte de qualquer processo de adaptação, mas o importante é como se lida com esses erros. Para Siqueira, uma cultura de inovação só é possível quando há espaço para aprender com os equívocos – sem usá-los para penalizações desproporcionais. 

“Se uma estratégia não deu certo, mas foi conduzida de forma lógica e bem estruturada, o foco deve estar em entender o que deu errado e corrigir o rumo, não em culpar pessoas”, explica. Essa mentalidade pode criar um ambiente mais seguro para as mudanças.

É assim que a Saint-Gobain investe em aprendizado

Esse compromisso da Saint-Gobain com o aprendizado contínuo se traduz em iniciativas. É o caso do Hub de Performance, uma plataforma para a capacitação dos colaboradores. “A ideia é proporcionar uma estrutura padronizada e um conteúdo de qualidade conectado às necessidades da empresa”, explica Gustavo. 

O executivo explica que as capacitações são desenhadas com quatro objetivos principais:

  • Aumentar a produtividade dos times;
  • Impulsionar maior performance nas posições atuais;
  • Promover a aceleração de carreiras;
  • Incentivar o crescimento sustentável do negócio.

Para isso, o Hub oferece trilhas de aprendizado que combinam conteúdos técnicos e comportamentais, que vão preparar os profissionais para atuar em um mercado em rápida transformação.

"Não basta ser tecnicamente excelente. É crucial ter comportamentos alinhados aos valores da organização"Gustavo Siqueira, vice-presidente de Recursos Humanos da Saint-Gobain para a América Latina

Além de oferecer soluções específicas para as diferentes divisões do grupo, o Hub valoriza a experiência de aprendizado ao ponto de torná-la algo desejado pelos colaboradores. Um exemplo disso são os programas internacionais, no qual executivos de diversas partes do mundo se reúnem para desenvolver projetos apresentados diretamente ao CEO global.

Para 2025, há planos de crescimento. Programas de Excelência Comercial e Foco no Cliente devem ser expandidos e temas como inteligência artificial vão ganhar um foco ainda maior. Essa abordagem reforça a crença da empresa de que o aprendizado contínuo não é apenas um diferencial competitivo, mas uma condição indispensável para o sucesso

E Gustavo acredita nisso. Para ele, esse é o caminho em direção ao futuro. “É impossível sobreviver sem se adaptar e sem se transformar”, diz ele.

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