A laughing Japanese businesswoman having a conversation with her African-American coworker while they are sitting at the desk. (FreshSplash/Getty Images)
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Publicado em 6 de setembro de 2024 às 13h00.
Por Cecília Ivanisk*
Já passou pela sua cabeça que para uma comunicação eficiente acontecer é preciso saber escutar o outro? Talvez você pense que isso seja simples, afinal, é só ficar em silêncio e balançar a cabeça de vez em quando. Nada disso! Escutar de verdade requer um esforço da nossa parte.
Ouvir e escutar são coisas diferentes. Na primeira, ocorre uma ação física quando seu ouvido percebe o som que chegam até ele. Já na segunda, um significado é criado a partir do que é ouvido. Ouvir é passivo, escutar é ativo. Você pode “ouvir” a TV no fundo sem ter ideia do que acontece no filme, mas não pode escutar outra pessoa sem prestar atenção nela.
Praticamos a escuta ativa quando deslocamos a atenção do nosso mundo interno - pensamentos, julgamentos, sentimentos - e criamos condições para fazer contato real com a fala do outro. Do mesmo modo, aquele que nos fala percebe um espaço para expressar diante de nós.
É escutando ativamente que começamos a nos aproximar do universo interno do outro. É nessa hora que aquele com quem falamos se sente ouvido e considerado em seu ponto de vista, e que o clima da interação se torna propício para a transmissão de mensagens entre as pessoas.
Em um experimento realizado pelo psicólogo social Camiel Beukeboom, ficou entendido que as expressões faciais e corporais dos ouvintes influenciam a escolha de palavras do falante e a forma como este vai dar ou não continuidade à sua narrativa.
No estudo, os participantes discutiam um filme. Quando quem escutava estava sorridente, os narradores se mostravam mais propensos a dar suas opiniões sobre a trama, já que a expressão facial positiva os encorajava a se sentirem mais aceitos e compreendidos. Já aqueles que conversavam com ouvintes com a cara fechada, limitavam seus comentários à sinopse e elementos factuais porque sentiam-se menos seguros e dispostos a dividir perspectivas mais pessoais.
De novo: parece fácil, mas não é! Existem muitas barreiras que atrapalham nossa escuta ativa e nós nem percebemos.
Pesquisadores de neurociência cognitiva explicam que nosso cérebro é programado para obter informações e rapidamente avaliar uma nova pessoa com base em nossas experiências prévias. Ou seja, antes mesmo de alguém começar a falar, o ouvinte já começa a julgá-la. E essa é só uma das barreiras que nos atrapalham a desenvolver uma escuta ativa.
A boa notícia é que há estratégias que podemos usar para melhorá-la. Precisamos conhecer as duas para desenvolver melhor essa habilidade.
É quando você deixa de prestar atenção na conversa e se deixa levar pelos seus pensamentos, às vezes até, tentando "ler a mente" do outro enquanto ele fala.
Acontece quando você está ocupado pensando no que vai falar, e deixa de prestar atenção no que a outra pessoa diz. Pode acontecer de você se pegar completando as frases de quem está falando.
É ter "ouvido seletivo", escutando apenas determinadas partes da conversa, mas não todas. Geralmente focamos no que concordamos, ou pior, só no que nos contraria, deixando de ouvir o contexto geral.
É escutar através de seus próprios julgamentos e suposições. Muitas vezes paramos de escutar o outro pois já criamos rótulos sobre ele.
Quando sua atenção é dividida por algo interno (dores ou preocupações) ou externo a você ( ruídos ou conversas paralelas). Outra distração é fazer piadas no meio da fala do outro.
Você pode repetir, com suas palavras, o que a outra pessoa disse. Use frases como "em outras palavras" ou "o que você está dizendo é que...".
Ao observar o que o outro sente, você reafirma o que a pessoa disse e reforça o que acha que ela está sentindo.
É quando você diz à outra pessoa o que acha que ouviu, descobre se está certo ou errado e depois faz perguntas para que tudo fique claro.
Sua linguagem corporal passa a mensagem de que você está interessado e incentiva o outro a falar. Manter contato visual, afirmar com a cabeça, manter a postura aberta e evitar distrações são bons exemplos.
Praticar a escuta ativa não é apenas um ato de cortesia, mas uma habilidade essencial para estabelecer conexões genuínas e profundas. Quanto mais nos empenhamos em escutar verdadeiramente, mais fortalecemos nossas relações e criamos ambientes de comunicação mais eficientes e empáticos.
Então, na próxima vez que alguém falar com você, pergunte-se: estou apenas ouvindo ou realmente escutando?
*Cecília Ivanisk é fundadora da Learn to Fly.
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