São 13,7 milhões de brasileiros que não estão empregados e buscam um espaço no mercado de trabalho (Maskot/Getty Images)
Bússola
Publicado em 26 de dezembro de 2021 às 10h17.
Última atualização em 26 de dezembro de 2021 às 10h25.
Por Manoel Valle*
Com a virada do ano, logo termina o breve descanso de quem está procurando um emprego. São 13,7 milhões de brasileiros que não estão empregados e buscam um espaço no mercado de trabalho, e muitos tentam novas qualificações para conseguir vagas. Porém, com a pandemia e o advento do home office e do modelo híbrido de trabalho, o cenário não é mais o mesmo e é difícil saber qual o profissional que o mercado busca.
Segundo pesquisa da Randstad, líder global em soluções e consultoria em recursos humanos com foco em recrutamento e seleção, aponta que os profissionais mais procurados serão os de finanças, recursos humanos e tecnologia. A tendência é mundial, assim como a oferta de vagas relacionadas aos e-commerce e logística, setores que apresentaram grande crescimento durante o isolamento social.
Os profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) serão requisitados não apenas em 2022 — a pesquisa Demanda de Talentos em TIC e Estratégia TCEM, da Brasscom, mostra que existirá o déficit de 530 mil entre 2021 e 2025, pois a média anual de vagas é de 159 mil contra 53 mil formados.
Existe também uma tendência nos contratos de trabalho mais flexíveis. Segundo a Associação Brasileira de Trabalho Temporário (Asserttem), até agosto de 2021, foram 1,7 milhões de admissões temporárias no ano, um crescimento de 31,5% comparado ao mesmo período do ano anterior. A terceirização também segue forte – de acordo com o sociólogo do trabalho Ruy Braga, cerca de 25% dos 47 milhões de empregos legais pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais) mais recente são terceirizados, o que equivale a 13 milhões de trabalhadores no total. Sua expectativa é que o número chegue a 75% na próxima década.
Além de focar na área de finanças, RH e TI e esperar por um contrato de trabalho flexível, o trabalhador também deve se atentar às soft skills, como resiliência, originalidade, criatividade e conexão com pessoas. Esses talentos tendem a ser ainda mais valiosos com o avanço da tecnologia, já que são impossíveis de automatizar, e se provaram mais necessários que nunca com as dificuldades da pandemia.
Será necessário, em entrevistas, além de dar exemplos de habilidades técnicas e experiências, mostrar exemplos de autogestão, dinamismo e comunicabilidade. É mais útil o autoconhecimento para desenvolver estas skills do que o treinamento de respostas batidas em processos seletivos. Os profissionais do futuro serão mais desejados por aprender rápido do que por um certificado de pacote Office.
Mas, de novo, cursos não devem ser ignorados e deixados de lado. Existem cursos online de programação básica, gestão de pessoas, finanças, que podem sim te fazer mais capaz de conseguir uma vaga nessas áreas, que são as mais procuradas. Com a tendência do BPO, ou business process outsourcing, existem empresas focadas em contratar apenas estes profissionais para prestação de serviços em outras companhias — ou seja, todo um mercado de vagas focado apenas nessas áreas.
É necessário ser plural, lidar bem com problemas e manter a maturidade emocional em conflitos. Focado em resultados e capaz de unir tecnologia e gestão de pessoas, este é o profissional ideal para qualquer empresa.
*Manoel Valle é presidente da Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo (Abrapsa)
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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