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Turismo inicia reação, mas recuperação plena só em 2023

Crescimento do mercado doméstico é a aposta de lideranças do setor que participaram de webinar promovido pela Bússola

Cristo Redentor sendo higienizado: As expectativas são positivas também para Sandro Fernandes, do Bondinho Pão de Açúcar, que foi reaberto para os visitantes no dia 15 de agosto (Ricardo Moraes/Reuters)

Cristo Redentor sendo higienizado: As expectativas são positivas também para Sandro Fernandes, do Bondinho Pão de Açúcar, que foi reaberto para os visitantes no dia 15 de agosto (Ricardo Moraes/Reuters)

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Publicado em 13 de outubro de 2020 às 21h41.

Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 19h50.

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O setor de turismo, um dos mais castigados pela pandemia, já começa a registrar sinais de recuperação no Brasil, mas só deverá retornar aos patamares de faturamento anteriores à crise sanitária em 2023. O prognóstico, do diretor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Alexandre Sampaio, foi dado na live promovida nesta terça-feira, 13, pela Bússola para debater o futuro da atividade turística no país no pós-pandemia. Segundo Sampaio, mesmo que a recuperação plena leve mais algum tempo, representantes do segmento turístico já podem ficar otimistas com o ritmo da reação do mercado nos próximos meses.

A opinião de que já começou o caminho de retorno do setor turístico em direção ao cenário pré-crise foi compartilhada pelos demais convidados do webinar. Além de Alexandre Sampaio, participaram do debate o presidente-executivo da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), Gervasio Tanabe; o presidente da Orla Rio, João Marcello Barreto; e o CEO do Bondinho Pão de Açúcar, Sandro Fernandes. Todos acreditam que a tendência é de uma retomada gradual, porém, sólida, e impulsionada pelo mercado doméstico.

Se confirmada a reação já iniciada, o movimento será histórico após um prejuízo de R$ 207 bilhões contabilizados pela CNC no setor de turismo de março a agosto, com fechamento de quase 50 mil estabelecimentos ligados à cadeia turística. Um tombo que deverá resultar, no acumulado de 2020, a uma queda de 38% no faturamento em relação ao ano passado. A trajetória de reversão desse quadro dramático começou a ser planejada pelos empresários e agentes do turismo logo no início da pandemia no Brasil, levando a uma atuação organizada e conjunta entre os diversos players do setor.

Gervasio Tanabe, da Abracorp, destaca que a criação de movimentos como o Supera Turismo, com o seu Guia do Viajante Responsável, tem sido muito importante no enfrentamento à crise, já que a mobilização de todos – empresários, operadores e turistas – é fundamental para que os novos padrões de comportamento sejam entendidos; e os protocolos sanitários, respeitados. Ele acredita que os eventos de negócios virtuais devem prosseguir no pós-pandemia, sem, no entanto, impedir a realização dos eventos presenciais. “Já estamos realizando eventos híbridos, essa é uma dinâmica que já está acontecendo”, conta Tanabe, para quem os realizadores de encontros corporativos terão, mais que nunca, que investir na qualidade do conteúdo para atrair os participantes presencialmente.

No que diz respeito ao turismo de lazer, a expectativa é que o mercado doméstico seja a grande estrela na retomada das viagens. O Rio de Janeiro, tradicional destino de viajantes de todas as regiões do Brasil, já começa a registrar um aumento no número de visitantes, o que deverá se intensificar nos próximos meses, na alta temporada do verão.

João Marcello Barreto, da Orla Rio, disse que apenas 1% dos 309 quiosques administrados pela concessionária nas praias cariocas fechou as portas com a crise. A sobrevivência de quase a totalidade dos estabelecimentos foi resultado de um trabalho de gerenciamento de turbulências que teve início junto com a pandemia e garantiu, entre outros avanços fundamentais para os empresários do setor, a entrega de comida em sistema delivery ainda no período de interdição da orla, a retomada recente dos shows ao vivo e, é claro, o retorno cada vez maior dos clientes.

Segundo Barreto, foram realizados cursos on-line para que os mais de 3 mil funcionários dos quiosques se sentissem seguros para a volta ao trabalho e estivessem prontos para garantir também a segurança dos consumidores. “Nossa expectativa para o verão é muito boa, principalmente com o turismo regional. E estamos animados também com o Réveillon, que é como um décimo terceiro para o setor, sempre respeitando as regras sanitárias”, disse.

As expectativas são positivas também para Sandro Fernandes, do Bondinho Pão de Açúcar, que foi reaberto para os visitantes no dia 15 de agosto. “Mesmo com as atividades ao público interrompidas, não paramos de trabalhar para retornar com alto grau de segurança”, explica. Ele alerta para a necessidade de união entre o poder público, o setor privado e os visitantes para garantir que o turismo seja seguro.

Segundo Fernandes, a partir de dezembro, o Pão de Açúcar deverá voltar a operar nos sete dias da semana – atualmente, está fechado ao público às terças e quartas-feiras. “O verão, para nós, representa 60% do negócio e vamos garantir a segurança para atender à demanda crescente”.

Sampaio, da CNC, que também é responsável pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) e presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, acredita que o verão vai marcar o reencontro dos turistas brasileiros com as atrações domésticas. “A expectativa para o verão é a melhor possível, vai marcar essa trajetória de recuperação do turismo brasileiro”.

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