A tecnologia substituirá o humano? (Oli Scarff/Getty Images)
Bússola
Publicado em 26 de outubro de 2022 às 16h30.
Última atualização em 26 de outubro de 2022 às 16h51.
“A arte está morta, cara”. Essa é uma frase dita por Jason M. Allen, ao jornal The New York Times. Allen foi o vencedor, na categoria de “artistas digitais emergentes”, da feira de arte do Colorado.
Ele usou um sistema de inteligência artificial que permite que imagens sejam criadas a partir de frases.
É imprescindível lembrar que a base que alimenta sistemas de IA é criada partindo de produções humanas, ainda. Não sabemos se será sempre assim, mas de qualquer maneira o fato é que dados disponíveis para qualquer uso foram gerados por seres humanos.
Em 21 lições para o Século XXI, o autor Yuval Noah Harari adverte que a maior luta do século 21 será contra a irrelevância.
O avanço da tecnologia provocará pessoas a se reinventarem.
Empregos mudarão e a cooperação entre humanos e robôs será característica principal do mercado de trabalho que irá se constituir.
Ainda segundo Harari, a informação é o bem mais valioso desta era.
O valor da informação determinará quem será relevante no futuro.
Profissionais de marketing têm se orientado por dados, ferramenta importantíssima e revolucionária que transformou o modo de criação de estratégias, mas a criatividade é mais do que necessária nos dias atuais, e para o futuro.
Ideias são valiosas assim como perguntas, para além de avaliações da concorrência.
Fazer igual, repetir modelos que já deram certo, pode render frutos, mas fazer o que ninguém faz, inovar, ir na contramão do corriqueiro, é sempre uma fórmula de criar coisas novas e existe a escassez do novo, que é sempre bem-vindo. Quem já leu Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, sabe que o escritor criou uma fábula futurista que tem se concretizado na contemporaneidade.
A criatividade reprimida era compensada pela ingestão do Soma, droga produzida para aliviar o desejo de criar. É certo que o nível criativo anda cada vez mais baixo e é aí que está o alerta. Robôs provavelmente não ameaçarão a criatividade à medida que ela aconteça.
É necessário, portanto, investir em repertórios, alimentar referências, valorizar o que é exclusivamente humano: a capacidade de invenção.
É o que faz a Liquid Death, startup de marca de água enlatada, avaliada em US$ 700 milhões, que tem como slogan “assassine sua sede”.
Os caras criam conteúdo com base em ideias que surgem internamente, sem levar muito em conta a relevância do momento. A premissa é postar coisas que os fazem rir, e levar a cabo suas ideias.
Conteúdo valioso, que provoca, que faz com que as pessoas queiram compartilhar, que gera emoções e, consequentemente, cria memória, é cada vez mais raro e, portanto, valioso.
Provavelmente a inteligência artificial substituirá muitas profissões, mas o capital humano será cada vez mais atraente quando direcionado para a inovação disruptiva em prol da criação.
*Alexandre Loures e Flávio Castro são sócios do Grupo FSB
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.
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