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Transformar demanda: mais que vontade, é preciso desejo e coragem

O foco da mudança não é a tecnologia, mas as pessoas, e transformação tem tudo a ver com comunicação

O desafio de transformar é juntar braços e cérebros (Malte Mueller/Getty Images)

O desafio de transformar é juntar braços e cérebros (Malte Mueller/Getty Images)

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Publicado em 19 de agosto de 2021 às 16h19.

Última atualização em 19 de agosto de 2021 às 17h19.

Por Bia Magalhães e Rachel Mello*

Imagine uma banda de rock, um grupo de pagode ou uma orquestra sinfônica, o que preferir. Agora imagine se uma parte dos músicos tocasse num ritmo e a outra parte, em outra cadência completamente diferente. Horrível, né? Mas é justamente isso que fazem várias organizações, no setor público e privado, quando o tema é TRANSFORMAÇÃO. Um pedaço da banda toca a música “A paralisia do medo”, outra parte da banda toca “Mudança”. A plateia não entende nada, depois se irrita com a cacofonia, por fim, vai embora.

Sim, há uma plateia, os funcionários da organização que não estão nem entre os que resistem nem os que querem mudar e não foram envolvidos no processo. E eis que o desejo de TRANSFORMAR vira um PowerPoint estacionado em alguma gaveta e um monte de gente frustrada, cansada, desmotivada. Crônica de uma morte anunciada… Morte por fricção.

“Quando uma banda entende que tem de mudar e outra não, criam-se tensões, ineficiências, rupturas”, alerta o cientista-chefe da TDS Company e membro do conselho de administração do Magazine Luiza e professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco, Silvio Meira. “Esse é o maior problema das organizações”, dispara.

A fricção surge principalmente quando o eixo do TRANSFORMAR está na “inovação” em si, no processo, na cruel — e fatal — separação entre planejar e desenvolver. Ora, quando uma empresa quer e decide (SE) TRANSFORMAR o foco são as pessoas. O desafio é juntar cérebros, braços e corações. Mais que vontades, é preciso reunir desejos e coragem.

Logo, TRANSFORMAÇÃO tem tudo a ver com comunicação e com comunicação interna.

“Um dos fatores determinantes para o sucesso da transformação digital de um negócio é a construção de um storytelling bem-sucedido”, avisa o CEO da F5 Business Growth, consultoria de estratégia digital focada em crescimento de empresas, Renato Mendes.

São as histórias que têm o poder de reunir as pessoas, permitem compartilhar, sonhar, convidar a fazer juntos. “No final do dia, TRANSFORMAÇÃO é uma conversa sobre gente e não sobre tecnologia”, cutuca Mendes.

Nada mais humano. Desde que o mundo é mundo, contamos histórias que atravessaram milênios e nos encantam até hoje. Os mitos gregos nos trouxeram o cavalo de Troia, o canto das sereias, o charme de Penélope, nossos arquétipos dos heróis… Depois vieram as narrativas judaico-cristãs e as parábolas que encantam e ensinam, dos povos árabes, as mil e uma noites… E mais de 2.000 anos depois foram tomados por Freud e fundaram a psicanálise que se baseia justamente no falar e no ouvir.

Contar e ouvir histórias é parte da espiral em nosso DNA e crescem conosco graças aos contos de fadas. A gente vira adulto, mas isso não muda, mesmo quando estamos falando em tecnologias da informação e da comunicação ou de maturidade digital.

E a disciplina da comunicação interna tem cada dia mais se dedicado a essa capacidade de identificar histórias, organizar narrativas, compartilhá-las para criar um imaginário de mudanças que seja compreendido e abraçado.

Num processo de mudança, todos nos sentiremos mais seguros e participativos se soubermos onde estamos, por onde vamos e onde queremos chegar. E não perderemos a confiança mesmo se no caminho, seja preciso tomar atalhos ou mudar a rota e o ponto de chegada mude.

A comunicação interna pode e deve ajudar a criar esse fio, que nos enreda num projeto comum, de TRANSFORMAÇÃO. Pode ser a ponte que conecta o planejamento, o desenvolvimento, o monitoramento e a avaliação porque cada uma dessas etapas é feita por pessoas e as pessoas estão sempre em busca de um senso de pertencimento.

E em busca de harmonia. Banda, grupo, orquestra, todos temos de tocar no mesmo ritmo, as mesmas notas e curtir a música.

*Bia Magalhães é especialista em comunicação interna com formação em comunicação organizacional. Está na FSB Comunicação há sete anos atuando em projetos digitais e de comunicação corporativa e Rachel Mello é jornalista, mestre em comunicação social e diretora de planejamento na FSB Comunicação. Mãe da Isabel e torcedora do Atlético Mineiro

**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da revista.

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