Young black father feeling sad after relocating into new home with his kids. (skynesher/Getty Images)
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Publicado em 4 de outubro de 2024 às 15h00.
Por Thânisia Cruz*
A chegada de uma criança aos lares gera curiosidade. Às vezes, em uma dinâmica tão invasiva que demonstra, na verdade, um questionamento sobre o modelo da família, como se chegou à adoção ou como casais LGBTQIAP+ se tornaram mães e pais. Dentre tudo que invade a vida das famílias, é, sobretudo, a existência da criança que vai se acomodar em um local inseguro ou de muito desprezo.
Na rua, é comum que as pessoas se encantem com bebês de colo, mas demonstrem indignação ao ver uma criança expor suas emoções com um choro ou uma birra. Os bebês, considerados fofos e por isso podem ser importunados, são desrespeitados com toques, sugestões não solicitadas e interações constrangedoras. As crianças são colocadas na posição de petulantes, exigentes e barulhentas, quando saem da cartilha da expectativa dos adultos.
Mesmo com esses aborrecimentos ou micro violências, estamos em um momento singular sobre a avaliação de maternidades e paternidades, construindo um diálogo que apresenta à sociedade a noção de que para educar uma criança, independente de sua idade, é preciso que toda a comunidade se envolva.
Para muitas mulheres, o debate sobre as responsabilidades com a infância, ainda que elas não tenham o menor desejo de serem mães, está colocado. Anônimas ou celebridades, um grande número de mulheres tem refletido sobre o que Tracee Ellis Ross disse em um comício recente. Para ela, “Mulheres sem filhos têm sido responsáveis por maternar o mundo e elevar a cultura como tias madrinhas, professoras, mentoras, irmãs e amigas. A lista continua. Você não precisa dar luz a um bebê para ajudar a humanidade a evoluir”. (Revista TPM)
Enquanto mãe de primeira vagem e puérpera, ler isso me leva ao conforto de entender que algumas situações cotidianas dos pretensos cuidados externos também são reflexos da tentativa de, especialmente, mulheres, dizerem “eu já passei por isso ou vi isso acontecer e quando estava na minha vez funcionou”.
Contudo, em meio a tantas reflexões, a gente se pergunta: e os homens? Onde eles estão nessa conversa? Com excessos ou nenhum cuidado, onde eles estão?
Se a dinâmica com um bebê é assustadora, a dinâmica com a criança é ainda mais. Os primeiros anos de vida de uma criança são definidores para a sua vida adulta, para a sua construção de identidade e imaginários fortalecedores do seu bem estar.
Crianças que perdem as feições de bebê pertencem às incontáveis listas de espera por adoção. Mulheres ainda grávidas são abandonadas em meio a sua expectativa de gerar uma vida.
Há um convite para que eles dialoguem sobre masculinidades e esse convite transborda em algo imprescindível para a construção de uma infância com afeto e presença, independente da idade da criança. Por isso, neste momento, muitos homens, mulheres, casais, especialistas sobre infância estão falando sobre LICENÇA PATERNIDADE.
Com isso, convidamos toda a sociedade a avançar no debate sobre a infância à luz de novas possiblidades para as masculinidades e possiblidades de famílias.
A Elas no Poder está assumindo esse compromisso e se junta a essa conversa com uma série de artigos sobre a Licença Paternidade a serem publicados ao longo dos próximos meses.
Esta conversa continua. Junte-se a nós nesse diálogo e conheça campanhas como as realizadas pela Coalização pela Licença Paternidade – CoPai.
*Thânisia Cruz Coordenadora de Projetos e Diretora Presidente da Organização Elas no Poder.
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