Pesquisa da McKinsey mostra que 53% dos produtores brasileiros utilizam pelo menos uma tecnologia (Divulgação/Divulgação)
Bússola
Publicado em 5 de julho de 2021 às 14h37.
*Por Paulo Humaitá
O brasileiro médio ainda tem uma imagem de que pouca coisa mudou na zona rural, e que a tecnologia está apenas nos grandes centros, quando, na verdade, o agricultor brasileiro tem trabalhando em uma lavoura cada vez mais conectada. Uma pesquisa realizada em 2020 pela McKinsey&Company com cerca de 750 produtores de 11 estados brasileiros mostra que 53% deles já utilizam pelo menos uma tecnologia ou estão dispostos a adotar pelo menos uma nas próximas duas safras.
Esse dado revela a grande oportunidade de agtechs dispostas a criar e pulverizar essas novas tecnologias no solo fértil do agro brasileiro.
Colaborando para esse cenário, a Jacto, fabricante global de máquinas agrícolas 100% brasileira, adotou soluções integradas para os grandes, médios e pequenos produtores. A empresa criou uma startup interna para colaborar na digitalização faltante nas fazendas.
A Jacto Next promove serviços integrados, permitindo ao produtor conectar em uma única plataforma todas as suas máquinas. Da mesma forma que a Alexa pode integrar spots de luz, ligar e desligar uma TV, a Jacto facilitou o uso integrado de máquinas agrícolas. A startup vai até a lavoura verificar o que precisa ser modificado para fazer a tecnologia de fato se conectar.
Foi uma solução simples de uma empresa gigante, que encontrou mais uma forma de resolver o problema do cliente em um ecossistema único. Com um sistema como esse funcionando, o produtor consegue armazenar informações em lugar só, comandar máquinas e acompanhar o processo. Se até Pero Vaz de Caminha disse que “aqui se plantando, tudo dá”, imagina só o tamanho do impacto da tecnologia no campo brasileiro, que já representa ¼ do nosso PIB.
Os drones, que já passam de 1.500 em uso no Brasil, têm ajudado na produtividade no campo. A gigante Bayer investiu na startup Rantizo, especializada em drones agrícolas. Apesar de ser uma história americana que aconteceu no final de 2020, vale a pena lembrar dois pontos: o primeiro é como os drones estão se modernizando e se já foram utilizados em seu total potencial e, o segundo, a inovação aberta.
Operadores de drones
Os agricultores são atraídos tanto pela eficiência de Rantizo, como pelo fato de que podem evitar a compactação do solo, deixando um drone fazer a pulverização em vez de maquinário pesado.
Drones também podem acessar mais facilmente locais de difícil acesso, como encostas íngremes ou áreas perenemente úmidas. Além do drone, deve-se pensar no operador do drone também. A startup oferece sua tecnologia por meio de um modelo de serviço em que profissionais independentes entram em cena para fornecer a mão de obra. Um contratante de serviços de aplicativos da Rantizo pode adquirir um sistema pronto para uso que inclui equipamentos de drones, licenciamento, treinamento e certificações para operar a plataforma.
Inovação aberta
Investir em uma empresa pronta, com potencial de mercado e que tem a ver com o seu nicho é a realidade das empresas com inteligência em inovação. Bayer e Jacto possuem ambientes de inovação aberta há alguns anos no Brasil. Esta última, inclusive, atuando na construção de um novo ecossistema de inovação focado em tecnologia genômica e inteligência artificial, o Vale do Genoma, lançado em junho.
É importante lembrar que grandes empresas podem cultivar agtechs, criando soluções dentro da porteira. Sejam soluções biodigitais, novas máquinas agrícolas, mão de obra qualificada, sistemas inteligentes, diversidade de mercado, antecipação de tendências e tantas outras necessidades.
Do lado das agtechs, a Bluefields está com o processo de seleção aberto para o programa de inovação aberta e aceleração Biodigital Startups. Os exemplos descritos aqui estão próximos do agricultor brasileiro para seguir o caminho mais ágil da startup e continuar inovando no setor.
*Paulo Humaitá é fundador e CEO da Bluefields
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