(PUGUN SJ/iStockphoto)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 5 de março de 2025 às 13h00.
As recentes propostas da Comissão Europeia para flexibilizar as regras de sustentabilidade corporativa refletem uma crescente onda de politização indevida de políticas ambientais, sociais e de governança (ESG). No dia 26 de fevereiro, a Comissão Europeia apresentou um pacote de medidas denominado "Simplificação Omnibus", com o objetivo de aliviar as obrigações de relatórios de sustentabilidade e transparência nas cadeias de suprimentos. A justificativa é tornar as empresas europeias mais competitivas em relação aos mercados dos Estados Unidos e da China, reduzindo a carga burocrática e os custos associados ao cumprimento das regulamentações. Espera-se que essas medidas reduzam as exigências de relatórios em 25%, resultando em uma economia de 40 bilhões de euros para as empresas europeias.
Embora essas iniciativas indiquem uma tentativa de reduzir o ritmo das transformações sustentáveis, elas ainda não representam um retrocesso ou uma mudança de direção na tendência global em prol da sustentabilidade. No entanto, essa desaceleração já é suficiente para gerar impactos sociais e ambientais significativos, especialmente em um contexto onde crises sistêmicas exigem ações rápidas e eficazes.
Afrouxar as regulamentações pode minar a responsabilidade corporativa e os avanços em sustentabilidade conquistados nos últimos anos. Organizações ambientais e alguns investidores alertam que tais mudanças podem criar insegurança regulatória e desconfiança no mercado global, levando investidores e consumidores a optarem por parceiros de países com políticas anticorrupção e ambientais mais rigorosas.
Apesar dessas pressões, a direção global em favor da sustentabilidade permanece. Empresas e investidores continuam reconhecendo a importância das práticas ESG, não apenas por questões éticas, mas também pela percepção de que a sustentabilidade está intrinsecamente ligada à resiliência e ao sucesso econômico a longo prazo. No entanto, a desaceleração na implementação dessas políticas pode agravar crises sociais e ambientais já em curso, como as mudanças climáticas e a desigualdade social, que demandam respostas rápidas e transformadoras.
Em resumo, embora a onda política contrária à sustentabilidade tenha conseguido reduzir o ritmo de implementação de políticas e práticas ESG, ela ainda não reverteu a tendência global em direção a um desenvolvimento mais sustentável. Contudo, essa lentidão já é suficiente para causar impactos negativos significativos, ressaltando a urgência de ações mais decisivas e aceleradas para enfrentar os desafios sistêmicos contemporâneos.
*Danilo Maeda é diretor geral da Beon, consultoria de ESG da FSB Holding.
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