Os fundadores da Jui, André Dalem e Felipe Alda (Jui/Divulgação)
Repórter Bússola
Publicado em 27 de março de 2025 às 13h00.
“Você pode até estar ‘fit’, mas não está saudável. Por que você não toma um suco verde?”. Quando ouviu esse conselho, André Dalém procurava uma solução para colocar mais saúde na rotina corrida. O que ele encontrou foi uma oportunidade de negócio na criação de um produto único no mercado brasileiro.
Junto com o amigo conselheiro, Felipe Alda, ele fundou a Jui, startup do segmento de bem-estar. O produto, com o mesmo nome da empresa, é um suco verde em pó funcional, com propriedades desintoxicantes, prebióticas e antioxidantes.
Com apenas um ano desde o seu lançamento, o Jui já vende 1600 latas por mês, um crescimento de quase 1000% em relação às 150 vendas dos primeiros 30 dias da empresa. Com foco nas vendas online, e público nos mais de 90% de brasileiros que miram uma rotina saudável, a dupla projeta um faturamento de R$ 4 milhões em 2025.
Jui, suco verde em pó funcional criado pela dupla carioca (Jui/Reprodução)
Mas o mérito não é só da originalidade do produto. A empresa, lançada em novembro de 2023, já ganhou alguns competidores, mas tem potencial para manter-se na liderança deste nicho. Com um lançamento oportuno, que envolveu a cantora Taylor Swift, a dupla carioca estabeleceu uma estratégia de marketing baseada na parceria com influenciadores, o que garante credibilidade.
Hoje o vento sopra nas velas da da Jui, mas quando começaram, o produto era improvável. Afinal, o sabor é difícil de acertar, e quem nunca tomou suco verde pode até achar que se trata de uma ‘vitamina de salada’.
Sim. O Jui tem um sabor muito semelhante ao de um suco de limão com hortelã levemente adocicado. Ele é refrescante e tem nuances proporcionadas pelas hortaliças. André sabia que o suco verde daria um produto saudável com grande potencial. Ele e Felipe só precisavam solucionar a questão do sabor.
“A gente ficou um ano e oito meses em desenvolvimento, conversando com endócrino e engenheiro de alimentos, até chegar numa fórmula adequada. Foi complicado porque o gosto do mato, da couve não é muito popular. Precisava ser gostoso e com ingredientes 100% naturais. Esse foi nosso maior desafio”, conta Felipe.
Foram necessários 65 testes e uma equipe grande, composta por nutrólogos, nutricionistas e engenheiros de alimentos. O produto final é natural, tem uma combinação de superfoods e ingredientes que não são encontrados em um suco verde normal, sendo bom até mesmo para pele e cabelos.
Isso porque, no desenvolvimento, Felipe estava mirando em um produto premium, com alto valor agregado e boa margem. A postura foi fruto de experiência anterior que não tinha dado muito certo.
Quando a ideia da Jui surgiu, nem Felipe nem André estavam satisfeitos com suas vidas. Os dois nasceram no Rio de Janeiro e se conheciam desde a infância. Felipe se formou em finanças e passou pela Miami Business School.
André o acompanhou nos EUA, fazendo um intercâmbio de seis meses, mas ficando por quatro anos ao abrir sua primeira empresa – uma startup com um ‘shot’ natural para dormir como carro chefe.
Felipe voltou para o Rio para tocar um negócio de água mineral oficial do Cristo Redentor. O projeto não atingiu as expectativas, da mesma forma que o trabalho no banco também não agradou André. A rotina era desgastante para os dois.
“Eu estava de saco cheio, cara. Morava sozinho, trabalhava no banco de manhã e cuidava da startup de tarde. Comia arroz com ovo todo dia e é isso. Não tinha tempo. Quando o Felipe recomendou o suco verde e tivemos a ideia da Jui, eu pensei: não existe oportunidade melhor que essa”, conta André.
Os dois abraçaram a chance. André largou tudo em Miami e voltou para o Rio. Eles tiraram R$ 200 mil do próprio bolso, desenharam a estratégia e começaram a Jui. A vontade de melhorar a própria vida motivou a meta de melhorar o produto e assim eles chegaram na fórmula ideal.
“Nós estávamos prontos para lançar, mas coincidentemente a data caiu no mesmo dia do show da Taylor Swift no Rio. Todo mundo só queria falar dela. Que semana ruim! Mas encontramos uma solução”, conta André.
Uma solução arriscada, que queimou 20% do caixa da empresa. Com a ajuda de um contato, eles garantiram a ida de 15 influenciadores ao show, com direito a camarote e uma experiência de marca voltada para saúde e entretenimento.
“Valeu muito a pena! Deu muita visibilidade e depois de um ano e meio ainda tem gente que comenta dessa ação quando vê a gente”, conta Felipe.
E eles seguiram nessa mesma linha, e hoje trabalham com influenciadores da esfera de bem-estar e saudabilidade. Creators, que são influenciadores de porte menor com compensação fixa, são a segunda alternativa para essa estratégia. Como o produto é inovador, ele acaba tendo grande sinergia com o público desses profissionais, que está sempre à procura de alternativas saudáveis e alimentos naturais.
“É muito importante para dar credibilidade para a marca. Nós praticamente só vendemos online e B2C, o que pode gerar desconfiança. Com pessoas respeitadas divulgando a marca, conseguimos quebrar essa possível barreira”, conta André.
Atualmente a Jui está focada em esgotar todas as suas alternativas de venda B2C e online. Eles têm uma parceria com as lojas da Track&Field no Sudeste e Nordeste do país, mas a expansão para o varejo virá só após a consolidação online.
O foco agora é criar uma comunidade no TikTok, mirando o mesmo sucesso que o suco verde teve no Instagram. O objetivo principal é expandir e saturar todos os canais possíveis.
Os jovens empreendedores transformaram uma bebida que não era muito popular em um um produto de destaque. A solução era apenas para eles, mas agora a dupla espera que o Jui possa, também, melhorar a rotina de outros.
“O nome Jui vem da palavra ‘juicy’, porque acreditamos que a vida pode ser mais assim. Mais sexy, mais verdadeira, mais intensa. Essa é a essência do nosso negócio”, conclui André.
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