É preciso formular estratégia de projetos de inovação, demandando uma análise profunda de dados do negócio e do mercado. (patpitchaya/Getty Images)
Bússola
Publicado em 28 de novembro de 2021 às 10h00.
Por Hugo Tadeu*
Existe um senso corporativo de que a agenda da inovação estaria associada aos ambientes coloridos, laboratórios, falhas, testes constantes e equipes animadas. Será?
No mundo real, inovação demanda uma clara estratégia de negócio, política de investimentos, governança corporativa, gestão de riscos, portfólio de projetos e equipes altamente qualificadas. Esta tem sido a aprendizagem das grandes empresas brasileiras e multinacionais.
Como ponto de partida, não acreditem em empreendedores de palco e apresentações perfeitas. O processo da inovação demanda muito tempo, uma ampla agenda de aprendizagem, acúmulo de conhecimento e visão de mundo. As empresas mais inovadoras no Brasil, por exemplo, compreenderam a importância da formulação estratégica dos projetos de inovação, demandando uma análise profunda de dados do negócio e do mercado.
Como consequência é preciso saber onde está o dinheiro. Para tanto, a disciplina da gestão de projeto é superimportante. Ou seja, alocar recursos, pessoas e adotar indicadores de resultados é relevante, ainda mais, para o convencimento da alta liderança. A experiência executiva é evidente: é preciso saber pedir dinheiro, mas também convencer como pagá-lo, em especial, na visão do acionista, diretoria e conselho.
Outro ponto importante é sobre a estrutura organizacional. Todos podem inovar? Depende do entendimento corporativo, maturidade do design organizacional, gestão de pessoas e equipes. Isto é, antes de afirmar que inovação deve estar em todas as áreas da organização, pense bem se a capacidade de entrega é real, evitando o aumento de possíveis de detratores para o tema.
Finalmente, nada melhor do que observar a prática real de mercado. Para quem realmente inova e recebe recursos para tanto, é preciso comprovar a capacidade de entrega das iniciativas, com lucro, novos conhecimentos registrados, propostas surpreendentes e com uma disciplina vital de gestão.
Conclui-se que a visão romântica da inovação serve bem para vender bons livros, mas não para estruturar iniciativas de negócio reais, com foco em problemas, mercado e clientes. Vale a reflexão e a busca por profundidade!
*Hugo Tadeu é professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral.
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