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Renato Krausz: somos uma ilha cercada de risco e loucura

Relatórios de riscos para 2022 mostram um planeta em chamas e escancaram o tamanho dos desafios de governos e empresas, do ESG e de todos nós

Se o ESG fosse uma pessoa, diante de tanto trabalho, certamente já estaria à beira do burnout (Nasa/Divulgação)

Se o ESG fosse uma pessoa, diante de tanto trabalho, certamente já estaria à beira do burnout (Nasa/Divulgação)

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Publicado em 13 de janeiro de 2022 às 13h52.

Última atualização em 13 de janeiro de 2022 às 14h00.

Por Renato Krausz*

O ESG nasceu especialmente com a finalidade de mapear riscos para o mercado financeiro e, fosse ele uma pessoa, diante de tanto trabalho, certamente já teria pedido as contas ou estaria à beira do burnout, sob risco (olha aí mais um) de infartar.

É abismal a quantidade de riscos que nos cercam, e resvala na insensatez a nossa capacidade de fazer pouco caso de muitos deles, evitando olhar para cima ou para onde quer que eles estejam.

Só para começar, estamos cercados pelos riscos das catástrofes climáticas, já em curso, da pandemia e da violência, esta última muito mais premente em países como o nosso — e, se você for mulher ou negro, tem esse risco multiplicado à exaustão. Muitos humanos estão às voltas com o risco da fome, que para outros milhões já deixou de ser risco e virou realidade.

Há quem viva constantemente sob o risco de ter sua casa levada pelas águas. O risco do apagão. O risco de doenças causadas por falta de saneamento básico. O risco de ouvir o estrondo de barragens se rompendo. Até num simples passeio de barco existe o risco de uma rocha gigante cair sobre nossa cabeça — risco que deveria ter sido muito antes mapeado por burocratas que depois têm a cara de pau de aparecer dizendo que foi tudo uma “fatalidade”.

Na terça-feira, 11, o Fórum Econômico Mundial publicou seu Relatório de Riscos Globais para 2022. A peça é um libelo de um planeta em chamas. Além dos já consagrados riscos climáticos, há riscos cibernéticos, riscos na mobilidade internacional, riscos de desordem na transição energética e até riscos de competição no espaço sideral. A Beon ESG Strategies fez um bom resumo do relatório (confira aqui).

Outra lista com grandes riscos para este ano foi divulgada na semana passada pela Eurasia Group, uma das principais consultorias políticas do planeta. Entre eles há o risco de uma covid sem fim em alguns países, como a China, o risco do aumento da polarização nos Estados Unidos com os republicanos retomando o controle da Câmara dos Deputados, o risco de uma crise internacional perpetrada por uma Rússia beligerante e outra por tensões entre um Irã nuclear com os Estados Unidos e Israel. Outro risco apontado pela consultoria, como escrevi na semana passada, é resultante de uma colisão entre as metas de descarbonização de longo prazo e as necessidades de energia no curto prazo.

É muito risco. Já estou achando arriscado até mesmo terminar esse texto e vou parar por aqui. Mas não sem antes dizer que o mercado financeiro precisa acirrar ainda mais seus escrutínios de ESG, que as empresas devem ir muito além do que já haviam se programado em suas estratégias de sustentabilidade, que os governantes precisam cair na real e que todos nós precisamos nos livrar dessa loucura de ver tudo isso que está acontecendo e achar que não é com a gente.

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

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