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Reinvenção do entretenimento na pandemia: mais digital, remoto e on demand

O futuro do setor foi tema da live de hoje, que reuniu líderes empresariais para debater os novos hábitos culturais dos consumidores

Ramo do entretenimento foi um dos setores mais afetados durante a pandemia (KEHAN CHEN/Getty Images)

Ramo do entretenimento foi um dos setores mais afetados durante a pandemia (KEHAN CHEN/Getty Images)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 1 de setembro de 2020 às 21h01.

Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 21h17.

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Um dos setores mais afetados durante a pandemia, o ramo do entretenimento precisou reinventar-se. Somente o mercado de eventos no Brasil faturou, no ano passado, mais de 200 bilhões de reais, empregando quase 2 milhões de pessoas.

Para evitar aglomerações, festas e shows presenciais foram cancelados e substituídos por lives. Produções de cinema e TV foram paralisadas, dando lugar às reprises. O streaming e os podcasts, dois segmentos que vinham abocanhando uma grande fatia do mercado de entretenimento, ganharam ainda mais relevância nesse período, bem como audiolivros e livros digitais.

Para refletir sobre os novos hábitos culturais dos consumidores, a Bússola realizou nesta terça-feira, 1º, uma live com especialistas do mercado, que falaram sobre tendências e a realidade pós-covid-19. Durante o webinar, Luis Bianchi, diretor de marketing da Roku, plataforma de smarTVs, afirmou que 2020 marca o início da década do streaming, já que o segmento teve esse crescimento ainda mais acelerado com o fato de as pessoas estarem em casa.

“No contexto da pandemia o crescimento do mercado de streaming foi alavancado pelo consumo de canais de notícia, programação infantil e uma boa parte da audiência de esporte”, explica.

O executivo enxerga movimentos importantes no setor para um futuro próximo. É o caso da chegada do Disney+ ao Brasil, anunciada para novembro, depois de ter sido lançado há poucos meses nos Estados Unidos e já ter batido a meta dos próximos cinco anos. Ele cita também o anúncio feito pela Globoplay de canais lineares de TV por assinatura dentro da plataforma de streaming por um valor mais em conta do que na TV a cabo tradicional.

Para Bianchi, a próxima grande tendência do streaming é a migração do modelo de negócios de assinatura pago, como Netflix, para um conteúdo 100% gratuito com programas de TV e filmes de qualidade.

Uma forte evidência desse movimento é a plataforma gratuita de streaming Vix TV, que chegou recentemente ao Brasil e conta com mais de 1.500 horas de conteúdo em português, passando por séries, filmes, documentários, shows, entre outros. Outro player que já anunciou sua chegada ao Brasil é a Pluto TV, que entra no mercado brasileiro em dezembro.

Além do streaming em vídeo, o streaming em áudio, que já vinha se estabelecendo como uma importante plataforma para o público brasileiro, ganhou mais relevância durante o período da quarentena. O UBook começou em 2014 como uma plataforma de audiobooks e viu aumentar a demanda do público por outros tipos de conteúdo, como revistas, notícias, podcasts e até mesmo séries e documentários. A crise do coronavírus, porém, deu uma guinada no negócio.

“Nascemos tentando resolver um problema real que é a falta de leitura e de acesso à cultura e à informação. Durante a pandemia, entendemos que as pessoas conseguiram dedicar mais tempo para si, olhar para dentro, se capacitar e se aprimorar. E, com isso, tivemos números muito expressivos de crescimento de audiência. Em abril, ultrapassamos a audiência do ano de 2019 inteiro”, comenta Eduardo Albano, cofundador do Ubook.

A plataforma disponibilizou mais conteúdos gratuitos e ofereceu períodos de teste sem pagamento mais longos para quem quer dar um novo propósito ao tempo em casa. Já o Rock in Rio, maior festival de música e entretenimento do mundo, lançou um projeto de e-learning com a Courseria, o “How to Rock in Rio”, voltado para capacitação e atualização de quem trabalha no mercado de eventos.

Para Luis Justo, CEO do Rock in Rio, apesar de estarmos vivendo um momento agudo de crise, a emoção do ao vivo no entretenimento nunca poderá ser substituída. “O humano é um ser social. Estamos impossibilitados de encontrar com as pessoas e estamos dando cada vez mais valor a isso, então acredito que, para o futuro, teremos esse convívio social aliado à aceleração de conteúdos digitais em uma nova forma de entretenimento, mas sempre com grandes momentos de encontro e celebração, até porque o entretenimento é uma válvula de escape, mesmo em momentos de crise.”

Nova relação entre marcas e consumidores

Outro ponto importante da pandemia foi a relação das marcas com seu consumidor, que sentiram ainda mais necessidade de terem um propósito mais claro pensando em credibilidade e 100% alinhado ao contexto que vivemos.

Pensando nisso, a Mondeléz Brasil, detentora das marcas Lacta, Oreo, Trident, Halls e Club Social, entre outras, desenvolveu um projeto chamado Shift Behaviors, envolvendo 30 pessoas de diferentes parceiros em um time multifuncional que foi montado com foco no conhecimento coletivo, com olhar da liderança do entretenimento, pensando em identificar as tendências de consumo para o pós-covid-19.

“Um dos pontos mais fortes foi a mudança na forma como as pessoas consomem entretenimento. Com tudo isso em mente, recentemente, desenvolvemos uma ação especial com Oreo, justamente com objetivo de gerar conexão entre a nova geração de pais e filhos e apresentar um novo tipo de brincadeira: o recontar de histórias”, explicou Tatiana Gracia, diretora de excelência de marketing da Mondeléz Brasil.

“A marca convidou o artista Lázaro Ramos, o chef Henrique Fogaça e o estilista Alexandre Herchcovitch para recontar histórias como Rapunzel, João e o Pé de Feijão e O Patinho Feio, sob a perspectiva de cada um, trazendo representatividade e diversidade para os contos de forma brincante.”

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