Plenário da Câmara dos Deputados (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2021 às 17h56.
Por Márcio de Freitas*
E se Mary Shelley for a relatora oculta da Reforma Tributária que tramita no Congresso Nacional, sem se saber exatamente em que comissão ou plenário, menos ainda se sob mando de gente ou de algo fantasmagórico?
Shelley é a autora de livro que assombra nosso imaginário pela força do personagem que criou: Frankenstein. O doutor que deu nome ao monstro usou pedaços de corpos para provar que poderia gerar vida, com uma forte descarga elétrica para dar energia à matéria morta.
A Reforma Tributária parecia enterrada nesta legislatura, sem tempo viável nem força política para dar impulso à sua votação. O raio que saiu das mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) deu nova vida ao debate, justamente quando todos só olhavam para a Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, obra do Senado Federal.
Diante da CPI, a expectativa de fatos futuros foi se acomodando, a velocidade se perdeu, e a política indicava uma paralisia da agenda de reformas e projetos de interesse do governo. A linha da oposição pareceu se impor.
O movimento de Lira também se fez anunciar como um esquartejamento da reforma, que estava sob guarda do deputado Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB). Neste ponto, o projeto está ameaçado de ficar algo parecido com o personagem de Shelley: pode estar vivo, mas pode ser muito feio ao final.
A feiura talvez nem seja o maior problema da reforma. Se ela funcionar bem, pode até ajudar o país a se livrar do personagem de Bram Stoker, o conhecido sugador de sangue Drácula.
*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação
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