Temos de nos levantar para lutar e mudar os paradigmas (PepsiCo/Divulgação)
Bússola
Publicado em 18 de novembro de 2021 às 16h17.
Por Beatriz Leite*
Chegamos em novembro. Há menos de dois meses do fim do ano, a palavra da vez é ESG com grandes investidores exigindo um posicionamento sustentável das empresas; as mudanças climáticas lotam o noticiário; e vemos cem países assinando um acordo por uma economia de baixo carbono. Podemos já colocar o champagne para gelar? Uma voz feminina se levanta e fala que não, que tudo ainda é muito excludente. Greta Thunberg, que foi muitas vezes subestimada pela idade, nos alerta do fracasso dessas ações e pede medidas drásticas. Ela urge para que se aja de forma contundente. Temos de nos levantar para lutar e mudar os paradigmas.
Por isso, o tom deste texto não será de final de ano, mas sim de (re)começo. Mais do que chegar aos momentos finais deste ciclo, temos a chance de nos preparar para o ano que se aproxima. Nada de “na próxima segunda eu começo”. Aprendemos com as empreendedoras que, de forma criativa, se viraram nos 30, digitalizaram negócios enquanto cuidavam da casa e filhos. Elas sofreram com desemprego record (e em taxa maior do que a masculina), e ainda assim criaram negócios, articularam campanhas de arrecadação de cestas básicas e empreenderam suas habilidades.
Entretanto, ainda há desafios para que essas mulheres consigam se manter. São muitos, e passam desde as mudanças climáticas até a saúde. Não sabe por onde começar? Resumo aqui três principais questões para os quais devemos estar atentos se quisermos de fato impulsionar uma retomada econômica de forma equilibrada e apoiando àquelas que apoiam tantas famílias:
- Segurança Alimentar: ninguém consegue trabalhar ou empreender sem ter garantida uma refeição diária. Iniciativas como o Programa Ela Segura, do Instituto RME, que além de capacitação para empregabilidade e empreendedorismo, oferece vale-alimentação para as participantes acompanharem o curso, serão cada vez mais importantes. Capacitação e renda precisam andar lado a lado.
- Acesso ao digital: saber utilizar o computador e as ferramentas da internet, ter acesso à internet de qualidade, conseguir aproveitar as oportunidades que as redes oferecem para empreender ou encontrar emprego. Muitas iniciativas já apoiam as mulheres neste caminho, mas ainda precisamos aprofundar a digitalização dos pequenos negócios, acompanhado de mudanças estruturais.
- Acesso à capital: A queda de 62% durante a pandemia no número de negócios com mais de três anos liderados por mulheres ( Relatório GEM 2020), mostrou que mesmo empreendimentos estabelecidos podem fechar se não tiverem apoio financeiro. Seja para começar ou impulsionar seus negócios, elas precisam de recursos na forma de doação, capital semente, microcrédito, doação coletiva, investimento anjo. Que grande organização está olhando para isso?
Isso é um pouco do que aprendemos este ano, e nossos olhares deverão estar nesses temas. Podemos sair mais sábios e fortalecidos, para voar ano que vem. Só não podemos esquecer de tudo que precisamos fazer para voar junto com as empreendedoras.
*Beatriz Leite é gestora de projetos, formada em Gestão Ambiental pela USP e pós-graduada em Gestão de Projetos pelo Senac. Atua há quase 10 anos em negócios e organizações sociais, nas áreas de longevidade, desenvolvimento local, cultura e empoderamento feminino
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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