Laís Macedo, CEO do Future Is Now (Celso Doni/Divulgação)
Repórter Bússola
Publicado em 23 de maio de 2024 às 13h00.
Última atualização em 23 de maio de 2024 às 15h15.
“Eu não vim para cá para ser coadjuvante e nunca mais vou passar por isso”. A frase ecoou na mente de Laís Macedo enquanto ela subia a pé a Av. Faria Lima, sem dinheiro sequer para a condução em meados de 2010.
Do interior de Minas Gerais, a jovem estagiária do LIDE, grupo de líderes empresariais, tinha chegado a São Paulo com apoio limitado dos pais e teve momentos em que pensou em voltar para o aconchego da casa da família. Mas o sonho de empreender no ecossistema do networking foi mais forte e ela prometeu a si mesma que seria diretora antes dos 30.
Dito e feito. Em 15 anos, Laís foi de estagiária a CEO e hoje é dona da Future Is Now. O grupo de networking, destinado a líderes de scale-ups e grandes empresas nacionais e multinacionais, se consolidou em 2022 e já cresce mais de 100% ao ano.
A previsão para 2024 é dobrar o faturamento . Para isso, Laís tem uma carta na manga: uma operação baseada na humanização e conexão de pessoas antes de negócios.
“Quando eu questiono o meu modelo eu sei que estou na contramão, mas não é sobre fazer negócio num primeiro momento. É sobre a gente se conhecer, se reconhecer e criar confiança. Aí começamos a fazer negócios em rede”, ela explica.
Segundo a empresária, o Future Is Now é uma plataforma de networking para lideranças que protagonizam a nova economia e que priorizam impacto social, valores atualizados, sustentabilidade e tudo que caracteriza uma nova forma de fazer negócios.
O faturamento vem de duas frentes: B2B e B2C. “No B2B estão marcas que inovam no modo como gerem, como produzem, como contratam e prosperam. Elas chancelam a nosso grupo pela compatibilidade de valores, ideais e posicionamento, e pelo acesso aos líderes que fomentam essa agenda de nova economia”, explica.
E, no B2C, o negócio é feito por meio da assinatura de um membership. O mesmo pode ser adquirido por apenas 15% pelo "Vias", programa que promove o apadrinhamento de lideranças de projetos de impacto social.
Quem faz parte da Future Is Now tem acesso a uma plataforma própria da empresa, grupos de WhatsApp, um calendário de eventos e um concierge de relacionamento que utiliza IA e fator humano para conectar e promover encontros.
O modelo é baseado, acima de tudo, na paixão de Laís pela conexão humana e seu profundo entendimento da importância do networking – coisa que ela descobriu assim que se mudou para São Paulo, sem conhecer ninguém e com apenas o sonho de chegar ao topo.
“Na largada, quando cheguei na faculdade, a menina que tinha o nome mais conhecido pela professora foi a primeira a conseguir estágio. Tinham me falado que em São Paulo ninguém conhecia ninguém. Mentira! Eu precisava fazer networking”, conta.
Laís nasceu em Andradas, no interior de Minas Gerais, e se mudou para São Paulo com 18 anos para cursar comunicação na Cásper Líbero. Os pais tinham um histórico de empreendimentos que não deram certo.
Eles tinham acabado de perder um negócio de café e não queriam que a filha seguisse o mesmo caminho. Ainda assim, eles apostaram no potencial dela.
“Eu tinha o apoio limitado deles, mas não tinha condição financeira para estar em São Paulo. Entrei numa rota de muito sonho, muita oportunidade e vontade de realizar. Se desse errado eu tinha que voltar para Minas”, conta.
Laís fez valer o esforço dos pais e agarrou sua primeira oportunidade com unhas e dentes. Ela entrou no LIDE em 2010, se tornou gerente geral da operação do grupo em 2014, mas quando finalmente foi oferecida a cadeira de diretora, em 2017, ela resolveu sair.
Outra vez, o sonho de empreender era mais forte.
Junto com outros 11 sócios, Laís deixou a empresa para assumir o LIDE Futuro, um projeto do LIDE que se tornou empresa própria.
Na cadeira de CEO, ela licenciou a marca até 2022. Neste período, a empresária conta que precisou conquistar seu espaço.
“No LIDE meu contexto já era diverso. Eu lembro que eu entrava numa sala de reuniões e era evidente o desapontamento. Mas isso também me estimulava. A descrença também catapulta. Com os meninos isso foi muito forte”, conta.
No entanto, o mesmo ambiente que a intimidava, a fortalecia. Os empresários parceiros jogaram junto e a reconheceram.
Até que Laís se viu insatisfeita com o modelo que tinham. Para ela, era preciso mudar, criar uma nova forma de fazer networking, uma que impulsionasse o negócio que parecia estagnado, dependendo de muitas mãos.
A pandemia tinha acabado de instituir o “novo normal” e reduzir 40% do faturamento da empresa. Era uma situação incerta e instável, mas ela resolveu acreditar na visão.
Numa tarde, em reunião com os outros dez sócios falando sobre o futuro da empresa, Laís fez a proposta: “eu quero comprar”.
“Eu saí dessa reunião falando ‘Jesus, eu sou louca’. Um mercado incerto num mundo incerto… Mas eu acreditava no potencial da empresa e mesmo ainda não tendo o dinheiro para pagar, eu sabia que conseguiria”, conta.
Foi a partir daí que nasceu o Future Is Now. Em dois anos, Laís conseguiu não só pagar a compra dos dez sócios que venderam suas partes da empresa, como também recuperou o valor de antes da pandemia e fez a operação crescer 104,37%.
Hoje o Future Is Now opera com base em cinco pilares:
Esses pilares são tangibilizados nas ferramentas disponibilizadas para os membros. Na trajetória de Laís com o Future Is Now, já foram realizados mais de 500 eventos, lives com mais de 150 lideranças empresariais e mais de 100 palestras da empreendedora.
“É sobre desconstruir, humanizar e conectar os CPFs”, ela conta, enquanto fala sobre uma das ações das quais mais se orgulha: uma missão empresarial em sua cidade natal, Andradas.
A empresária convenceu líderes do Future Is Now, os levou em uma viagem na qual eles conheceram os negócios e o potencial da cidade de Andradas (onde nasceu).
Com foco na vulnerabilidade e sinceridade, ela organizou diversas atividades e os líderes criaram amizades verdadeiras. Os empresários de Andradas ganharam oportunidades com as quais não sonhavam.
Ela lembra do final do evento em Andradas, quando o grupo de líderes foi ver o pôr do sol no Pico do Gavião, um dos principais pontos turísticos do município:
“Eu vi tanta gente que eu admiro, na minha cidade, se conectando e até chorando. Eu pensei ‘é isso, esse é o business’. Ninguém fez negócio lá, mas depois foram muitos. Se colocasse numa sala de reunião falando seus interesses não daria certo. É isso. Eu acredito na ponte entre pessoas”, conclui.
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