Carolina Ignarra: empresas que atuam com foco na diversidade tendem a ter ambientes mais harmônicos (Bússola/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2021 às 15h38.
Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir
Acelerar foi um dos verbos mais utilizados desde o início da pandemia. Entre tantas "acelerações'' a que assistimos, a corrida das empresas para promover a inclusão e a diversidade é inegável. O tema ganhou força, e a luz jogada sobre as desigualdades escancaradas no cenário da covid-19 fez acender o sinal de alerta para os negócios intensificarem seus esforços e investimentos na busca por equipes mais diversas.
Por sinal, as empresas perceberam que ações voltadas à diversidade e à inclusão serviriam de vantagem competitiva. Seus benefícios são traduzidos em inovação, uma vez que os profissionais com vivências e pontos de vista diferentes trazem reflexões e soluções múltiplas para os problemas. Além disso, as equipes ricas em diversidade de perfis apresentam níveis mais elevados de engajamento e retenção desses profissionais, já que seu desempenho ganha em produtividade e entusiasmo.
Um estudo recente da McKinsey & Company sobre o estado da diversidade corporativa na América Latina aponta que as empresas da região que adotam práticas de diversidade têm uma probabilidade 59% maior de alcançar uma performance financeira superior que os seus pares que não o fazem, e seus líderes são melhores em promover a confiança e o trabalho em equipe.
O levantamento mostra que a diversidade é um poderoso capacitador de práticas saudáveis e melhores resultados. Além disso, as empresas que atuam com foco na diversidade tendem a ter ambientes mais harmônicos e uma maior retenção de talentos, o que configura uma condição organizacional mais sólida. Nessas organizações, 63% dos funcionários afirmam que estão felizes no trabalho, sendo que, em empresas que não são percebidas como comprometidas com a diversidade, essa parcela cai para 31%, segundo a McKinsey & Company.
Diante desse quadro, surge o desafio de criar métricas de diversidade e inclusão. Esses indicadores são necessários visto que, se a empresa não consegue comprovar os resultados oriundos das ações que promovem a diversidade e a inclusão, poderá colocar a perder os investimentos realizados nessas iniciativas. Isso porque, se a cultura da diversidade não é fomentada e retroalimentada no meio corporativo, o impacto dos resultados positivos decorrentes desse posicionamento estratégico acaba por se diluir, eventualmente colocando em xeque a própria efetividade de tal direcionamento.
Como saber se sua empresa tem equipes diversas? Isso não é uma questão de observação apenas. A diversidade tem que estar aliada à cultura do respeito. É preciso entender o que as pessoas sentem e pensam, independentemente do marcador social que podem aparentemente representar.
Não basta contratar um representante de cada marcador social. Isso não é inclusão da diversidade. É preciso antes de tudo ter domínio da cultura corporativa. Entender o que a organização quer e aonde pretende chegar.
Um ambiente diverso permite que as pessoas sejam como são, com espaço de fala, com liberdade de errar e aprender com os erros e com oportunidades iguais. Inclusão não é por marcador social, não é por grupos, é para todos! É fundamental inibir o desenvolvimento de estereótipos que impeçam as pessoas de trazer suas experiências de vida para o ambiente de trabalho.
Para fortalecer a cultura de inclusão, é preciso dar atenção a quatro pontos fundamentais:
1.Ser uma empresa mais inclusiva precisa de apoio e atuação da alta liderança, para que o movimento venha no sentido top-down;
2.Montar grupos de afinidades para facilitar a disseminação da cultura e favorecer que o movimento venha de dentro para as extremidades;
3.Realizar acompanhamento periódico e roteirizado das contratações, com o profissional do marcador social e seu gestor direto, para gerar indicadores e conhecimento de cada caso;
4.Promover continuamente ações de conscientização, pois não se muda a cultura de uma empresa com apenas uma palestra de uma hora. É preciso trazer o tema descolado das ações de contratação, e de formas criativas e constantes. Inclusão é ir além de empregar.
Essas ações vão ajudar a empresa a chegar a um modelo mais fiel para mensurar resultados, utilizando:
As áreas que performam melhor são as que possuem diversidade nos times, já que os profissionais que se sentem incluídos atingem patamares mais altos de lealdade, produtividade e entusiasmo.
A verdade é que não existe ainda uma regra para montar essa equação de medida do nível de diversidade. É preciso priorizar a observação do comportamento humano para estabelecer parâmetros dentro da companhia. Contudo, o melhor resultado para ser usado como mensurador da cultura inclusiva é traduzido na reputação da empresa no mercado, pois seus consumidores serão a régua para o seu compromisso real com a inclusão.
*Carolina Ignarra é CEO e fundadora da Talento Incluir, consultoria que já incluiu mais de 7 mil profissionais com deficiência no mercado de trabalho. Está entre as 20 mulheres mais poderosas do Brasil da revista Forbes em 2020.
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