Inovar é extremamente complicado em qualquer setor. Na educação, não seria diferente (Amit Dave/Reuters)
André Martins
Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 17h48.
Última atualização em 18 de dezembro de 2020 às 17h19.
Inovar é extremamente complicado em qualquer setor. Na educação, não seria diferente. Primeiramente, existem muitos paradigmas em relação ao que a educação deve ser, considerando que esse é um setor que passou por pouquíssimas mudanças estruturais desde a Revolução Industrial e é difícil fugir do estigma de que a educação deve ser conteudista e seguir padrões antigos para ser eficiente.
Um segundo desafio da inovação na educação é encontrar o balanço entre almejar alto, olhando para países muito inovadores na área, mas não esquecer do contexto brasileiro, principalmente considerando as desigualdades sociais. Não é possível, por exemplo, falar em iniciar a inovação com aulas por meio de realidade virtual quando 39% dos alunos de escolas públicas não têm computador ou tablet em casa.
Em terceiro lugar, as informações sobre inovação não são muito difundidas no Brasil e normalmente são associadas à alta tecnologia, deixando de lado o currículo e a metodologia. Essa falta de informação faz com que os agentes da educação tenham certo receio de inovar. Isso fica claro quando vemos que 57% dos professores que dizem nunca usar tecnologias digitais apontam a falta de oportunidades de formação como a principal causa para esse não uso.
O quarto desafio está diretamente focado nas edtechs e consiste no fato de que essas startups têm um foco muito intenso no mercado B2B (em que o cliente é uma instituição/empresa), com 55.3% de todas as edtechs brasileiras sendo B2B ou B2B2C. De certo modo, isso gera um desalinhamento com as necessidades dos stakeholders, pelo fato de que essas startups ficam mais distantes dos professores e alunos. Além disso, essas são soluções extremamente custosas, o que acaba limitando que muitas instituições tenham acesso a elas.
Quais são as tendências da inovação na educação?
Levando em consideração esses desafios e olhando para as edtechs brasileiras mais bem-sucedidas do momento, o hub de inovação Distrito traçou algumas tendências da inovação na educação, que podem ser notadas também em outros países. Algumas delas são: análise de aprendizado, aprendizado adaptativo, ambientes de aprendizado inteligente, gamificação, sala de aula remota, aprendizagem híbrida, habilidades socioemocionais e habilidades tecnológicas.
O caminho é longo, mas possível. Para começar, é preciso olhar com atenção para as reais necessidades de cada país, região e sistema de ensino.
* Iona Szkurnik é fundadora da Education Journey, plataforma focada em desenvolver o ecossistema de inovação na educação, e presidente do Conselho da Brazil at Silicon Valley
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