Investimento em esportes trouxe visão inovadora para o mercado de criptomoedas, trazendo novos tipos de conexão (Jirapong Manustrong/Getty Images)
Bússola
Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 16h13.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2022 às 16h29.
Por Mayra Siqueira*
Nos últimos dois anos, a indústria de criptomoedas apresentou crescimento expressivo, ganhando mercado e fama com a adoção de investidores experientes e de quem nunca tinha tido acesso a produtos financeiros. Dados do site CoinTrade Monitor, que mensura o mercado brasileiro, apontam um crescimento de 417% em 2021 de movimentação em bitcoin, a principal criptomoeda, ultrapassando a barreira dos R$ 100 bilhões em negociações — R$ 103,5 bilhões, no total, com a Binance liderando o mercado, com mais de 30% de market share.
É um valor expressivo, mas o Brasil ainda não responde nem a 2% do mercado global. Considerando a soma das principais empresas, o número de clientes com contas em exchanges deve responder a cerca de 5% da população nacional. É expressivo, já que o número de usuários é maior do que o número das pessoas que operam na B3, a bolsa brasileira. Porém, ainda existe uma enorme dificuldade de “furar a bolha cripto” e atrair novos públicos.
No ano passado, a Binance começou a se voltar para áreas além do core business e passou a imergir em indústrias tradicionais, como o esporte. Esse movimento começou com a listagem dos Fan Tokens dos principais times globais, por meio da parceria com a Socios.com. Isso trouxe uma visão inovadora ao mercado, ao proporcionar novos tipos de conexões entre torcedores e seus ídolos e clubes do coração — indo além também do futebol, com esportes como basquete, Fórmula 1, UFC, entre outros.
Meses depois anunciamos não apenas a nossa própria plataforma de Fan Tokens, como os primeiros patrocínios locais a grandes clubes de futebol pelo mundo. O movimento começou na Europa, chegando à América Latina, com o patrocínio do Santos Futebol Clube, uma das camisas mais “pesadas” do futebol mundial.
Neste ano, anunciamos ainda o apoio ao Paulistão Sicredi 2022, o principal campeonato regional brasileiro, cujo impacto é estimado em mais de 65 milhões de torcedores. Isso sem contar os diversos lançamentos de coleções de NFTs, com importantes atletas e clubes do mercado brasileiro e internacional, feitos por meio do marketplaces de tokens não fungíveis. Uma dessas coleções, a de camisas do Atlético Mineiro, esgotou-se em poucos minutos.
Mas por que o esporte?
Do ponto de vista do negócio, é um excelente mercado. E por anos os clubes buscaram formas de engajar e interagir com seus torcedores e fãs, fazendo com que a experiência esportiva fosse mais rica e interessante.
O esporte comunica por meio da emoção, fazendo com que as empresas patrocinadoras passem a fazer parte da memória afetiva dos torcedores. Os santistas, por exemplo, certamente lembram com carinho da patrocinadora do clube de 2002, que marcou a saída do time de uma fila de quase 20 anos.
Enquanto esse artigo era escrito, três dos quatro grandes já estavam sendo patrocinados por empresas do universo cripto e mesmo o único time que não é, tem em seu portfólio produtos cripto, como Fan Tokens.
E certamente este movimento está apenas começando. É possível constatar a presença de empresas do mercado cripto em outras grandes equipes e competições do futebol e em esportes de grandes audiências, como Fórmula 1 e outras categorias do automobilismo, como a Stock Car, por exemplo. Isso pensando apenas nos esportes ditos tradicionais. Nos eSports, a presença é ainda maior e mais representativa.
Um patrocinador deseja expandir sua base de usuários e as receitas da empresa. No nosso caso, trata-se também de um excelente laboratório para fomentar a inovação da indústria cripto. As entidades esportivas agradecem, já que o mercado digital e, em especial o cripto, vem proporcionando uma robusta fonte de receita.
Um estudo da Sports Value aponta que os clubes brasileiros têm um potencial de gerar mais de R$ 860 milhões em receitas por ano, dos quais R$ 360 milhões advindos de NFTs, Fan Tokens e novos produtos. É quase 70% do valor total arrecadado com patrocínios de uniforme, a forma mais tradicional de exposição de marca, que atualmente fomenta R$ 535 milhões ao ano.
O patrocínio esportivo representa um compromisso muito além de percepção de marca e conversão de vendas. Não dá para deixar de lado o papel educacional sobre o mercado, especialmente quando se trata de uma indústria tão jovem. Nossa tarefa é trazer a melhor e mais correta mensagem para que o público final entenda a relevância desse mercado e seu potencial como futuro do dinheiro, ensinando e abrindo a porta do mercado de forma que todos entendam como investir de forma segura e sustentável.
*Mayra Siqueira é gerente geral da Binance no Brasil
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