Violência doméstica contra mulher é reincidente e permanece impune. (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de junho de 2021 às 16h59.
Por Ana Fontes*
Uma das perguntas mais comuns que me fazem em palestras, cursos ou participações em geral é porque devemos apoiar, auxiliar, respaldar e criar condições sociais, financeiras e profissionais dignas para as mulheres.
Como mulher, tenho razões pessoais para isso. Mas como cidadã, minhas motivações reforçam e até extrapolam essas empatias particulares. E são sobre essas motivações que quero falar aqui.
Recente estudo realizado e divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou a deterioração social e financeira em que vive a mulher brasileira, agravada pela pandemia da covid-19. O ponto crítico, claro, é a violência.
Nos últimos 12 meses, uma em cada quatro mulheres de 16 anos ou mais sofreu algum tipo de agressão no Brasil. Ou seja, mais de 17 milhões de mulheres vítimas de agressões físicas, insultos, humilhações e xingamentos, tanto no ambiente familiar quanto no profissional. Em sete de cada dez casos, o agressor era conhecido da vítima – cerca de 45% causado por marido, companheiro ou ex, o que revela a prevalência da violência doméstica e intrafamiliar.
A violência doméstica, aliás, é mais um fator de reincidência e impunidade, já que 45% das mulheres agredidas acabam não registrando queixas formais, seja por medo de represálias dentro da própria casa ou pela simples dependência financeira em relação ao agressor.
A pandemia com tudo isso? Infelizmente a covid-19 agravou o cenário de violência que já existia em nossa sociedade. Para mais de 50% das mulheres agredidas, a crise sanitária influenciou para agravar de algum modo a violência que já sofriam.
Somado a isso, a precarização das condições de vida no último ano foi maior entre essas mulheres, mais atingidas pelo desemprego e pela queda da renda financeira quando comparadas a mulheres que não sofreram violência.
Se você ainda não entendeu a importância de apoiar mulheres em vulnerabilidade social, seja por meio de políticas públicas ou por programa de capacitação e desenvolvimento profissional, segue mais um dado alarmante desse mesmo estudo: as mulheres pretas e pardas são as principais vítimas da violência no Brasil – 53%.
E agora? É possível perceber a necessidade de apoiar, auxiliar, respaldar e criar condições sociais, financeiras e profissionais dignas para as mulheres em vulnerabilidade social?
Eu, como mulher, nordestina, de origem negra, criada na periferia e empreendedora, trabalho há mais de dez anos a favor dessas causas por meio da Rede Mulher Empreendedora e por meio de programas e projetos desenvolvidos em parceria com a iniciativa privada.
Visite nosso site e conheça as nossas iniciativas, como o Ela Pode, Potência Feminina e o Ela Segura, nosso novo programa de capacitação feminina em parceria com a Fundação MAPFRE
Ah, estava esquecendo. A violência também atinge as mulheres no ambiente de trabalho: 12,8% já foram assediadas sexualmente em seus empregos por colegas ou superiores.
Vamos reverter esses números?
*Ana Fontes é empreendedora social, fundadora da RME e do Instituto RME, Delegada Líder BR W20/G20, eleita uma das 20 mais poderosas do Brasil pela Forbes BR 2019 e Top Voices LinkedIn 2020
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