Vista de página do Facebook por meio de uma lente de aumento (Thomas Hodel/Reuters)
Bússola
Publicado em 27 de fevereiro de 2021 às 12h08.
Última atualização em 23 de dezembro de 2021 às 10h59.
Extra, extra, extra! Foi da Austrália a não tão recente mas avassaladora polêmica do Facebook com os veículos de comunicação e imprensa. A rede restringiu no dia 17 todo conteúdo noticioso dos veículos respondendo ao projeto de lei do governo que força gigantes tecnológicos a pagar os meios de comunicação pelas notícias criadas por eles e veiculadas na plataforma.
A disruptura e a transformação digital trouxeram questões muito controversas e que cabem discussão. Ora, um dos maiores players de fornecimento de qualidade de vida e exercícios físicos do Brasil, a Gympass, não possui uma academia.
O Uber e o 99, maiores apps de fornecimento de serviços similares ao taxi, não têm um carro. Um dos maiores protagonistas da hospedagem mundial, o Airbnb não construiu um hotel, um camping sequer. O Mercado Livre, uma das maiores plataformas de vendas do país, não cria produtos. Por que, então, o Facebook teria que criar seu próprio conteúdo?
A resposta é de uma simplicidade complexa. As outras empresas citadas acima como exemplo rentabilizam, de alguma forma, seus intermediários. O Facebook monetiza em cima deste conteúdo gerado. Aliás, esta é a base da publicidade de praticamente todas as redes sociais atualmente.
Amplificar, engajar, dar visibilidade aos conteúdos criados por outros, de acordo com seus algoritmos.
O governo australiano quer inverter essa lógica: se você compartilha e ganha em cima do meu conteúdo, você precisa me pagar de volta. Segundo eles, isto distribuiria a receita da publicidade on-line de forma bem mais igualitária.
O Facebook já reagiu: anunciou no dia 24 de fevereiro um investimento de U$ 1 bilhão no setor de notícias no mundo todo para os próximos 3 anos e continua as negociações no coração da Oceania.
Já aqui nas Américas, o Twitter anunciou seu novo produto de assinaturas que permite que os twitteiros de plantão possam cobrar um valor de seus seguidores para ter acesso a conteúdo exclusivo. Mais uma forma de se monetizar nesse mar de sanções que se aproxima de ser um oceano.
Pois, afinal, o futuro do conteúdo jornalístico ainda será definido por outras formas de geração de receita. Vejamos os próximos passos.
*Sócio-diretor de Estratégia da FSB Comunicação
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