Seria o fim de um reinado do “zap” no Brasil, incentivado paralelamente por movimentos políticos que exaltaram esses aplicativos alternativos (MR.Cole_Photographer/Getty Images)
André Martins
Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 15h24.
Uma das maiores empresas de comunicação do mundo, a Globo, anunciou o interesse em ampliar soluções comerciais de áudio original, hospedando todo seu acervo no Globoplay e firmando parcerias com produtoras independentes de podcasts. Começando pelo B9, um dos principais produtores de podcasts do país, que compartilhará com a Globo a gestão e comercialização publicitária dos seus canais mais populares: Mamilos e Braincast.
Esse modelo poderá ser replicado a outras empresas, o que representa um potencial interessante para marcas, dada a explosão que esses formatos tiveram nos últimos anos e as possibilidades de temáticas, públicos, nichos e debates. O endosso de um dos maiores grupos de comunicação do Brasil reforça o peso e potencial desse formato na comunicação atual.
Paralelo a essa decisão, um estudo da Consumoteca demonstrou que, embora o consumo seja cada vez maior, os usuários já buscam ir além da relação “conteúdo sob demanda” dos canais de streaming. Segundo o estudo, o consumidor espera que empresas como Disney, Netflix, Prime Video, entre outros, se tornem personas que se comunicam diretamente com eles, respondam às suas demandas e interajam continuamente a fim de criar uma relação de parceria e proximidade. Esse tipo de conexão foi batizada pela Consumoteca como ‘branded moment’, onde a marca oferece muito mais que o conteúdo em si. Ou seja, vai ficar cada vez mais difícil ganhar o “play” no meio da concorrência sem oferecer conexão, relaxamento e uma experiência, em geral, positiva.
Sabendo dessa necessidade e da cobrança do consumidor por diversos posicionamentos há alguns anos, as plataformas sociais também tiverem movimentações interessantes essa semana. O Twitter anunciou uma nova ferramenta que permite aos usuários identificar informações falsas em postagens e fornecer um contexto informativo. A disseminação de fake news pela rede se torna cada vez mais uma pedra no sapato da empresa e, aos poucos, iniciativas como essa, chamada de Birdwatch, são anunciadas.
Já o Facebook, depois de diversas polêmicas em 2020 sobre o tema, acaba de lançar um calendário com datas - comerciais e não comerciais - de diversidade e inclusão, com insights para que as empresas e marcas incluam a pauta na sua publicidade. E por fim, o Whatsapp, do mesmo grupo, começou a exigir que seus usuários aceitem os novos termos de compartilhamento de dados com o Facebook para seguir usando a rede de mensagens. A empresa adiou a mudança para o dia 15 de maio, justificando que os usuários precisam de mais tempo para compreender melhor o que muda na nova política de privacidade. Vale lembrar que o assunto é polêmico e entra na discussão sobre privacidade de dados e compartilhamento de informações entre plataformas, causando reações negativas e uma leve corrida de usuários para seus concorrentes Signal e Telegram.
Seria o fim de um reinado do “zap” no Brasil, incentivado paralelamente por movimentos políticos que exaltaram esses aplicativos alternativos na ultima semana após Donald Trump ser banido de algumas plataformas? Veremos nos próximos capítulos sobre o tema, que começa a esquentar.
*Sócios-diretores da FSB Comunicação
Siga Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Mais da Bússola: