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Play: Guillermo del Toro e seu Gabinete de Curiosidades: uma ode ao horror

Diretor, produtor e roteirista mexicano é o maior patrono do gênero na atualidade

Filmes de terror são especialidade de Guillermo del Toro (Hannah McKay/Reuters)

Filmes de terror são especialidade de Guillermo del Toro (Hannah McKay/Reuters)

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Publicado em 31 de dezembro de 2022 às 14h29.

Por Danilo Vicente*

Em agosto de 2020, Guillermo del Toro assinou contrato de exclusividade com a Netflix. Eis que este fim de 2022 trouxe os dois “produtos” iniciais desta parceria. Del Toro é uma marca tão poderosa que ambos trazem seu nome nos títulos. “Pinóquio por Guillermo del Toro” é certamente uma das melhores animações já realizadas e tem tudo para abocanhar o Oscar da categoria. Ao mesmo tempo, o diretor, roteirista e produtor mexicano lançou a série “Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro”. Ainda que irregular, é uma ode ao horror nas telas, transformando-o, definitivamente, no grande patrono atual do gênero.

São oito episódios com cerca de uma hora cada, sob direção de diferentes nomes, com roteiros baseados em textos de escritores renomados (como H. P. Lovecraft), desconhecidos ou do próprio Del Toro. É uma sequência de fôlego, que somente o criador de “O Labirinto do Fauno” e “A Forma da Água” poderia, hoje, trazer. Del Toro emula o célebre programa de TV “Alfred Hitchcock Presents”, que, de 1955 a 1962, expôs representações de crimes em 30 minutos.

Recentemente, Del Toro disse que se sentiria aliviado pelo projeto não ganhar uma sequência, não pela qualidade, mas por sua estafa. “Produzir oito filmes em um ano foi muito, muito difícil. Adoraria prover outra temporada para reunir pessoas realmente interessantes atrás das câmeras, protegidas e amadas. Mas, por outro lado, tenho um filme a caminho que provavelmente começarei a filmar em agosto – o anúncio virá em breve – e sei que será muito difícil. Se eles disserem ‘sim’, me esforçarei para fazer acontecer, mas se eles disserem ‘não’, quase direi ‘ufa’.”

Todos os episódios de Gabinete têm uma apresentação de Del Toro. E aí vem um olhar peculiar sobre humanos, religiões, mentes, poderes e algumas bizarrices. Nomes como Rupert Grint (o Ronald de Harry Potter), Andrew Lincoln (The Walking Dead) e Sofia Boutella (Kingsman) estão nos elencos. Há a marca registrada de Del Toro, os monstros para lá de bem-produzidos, mas nem sempre ele usa seres alienígenas ou estranhos para entreter.

O melhor episódio é o terceiro, chamado A Autópsia, baseado em conto de Michael Shea. A trama começa indicando um atentado em uma mina de ouro. Os corpos vão para autópsia, com o médico legista Carl Winters (F. Murray Abraham) trabalhando em meio a uma dezena de mineiros mortos.

A irregularidade dos episódios é porque nem todos têm começo, meio e fim cativantes. Há muitos que captam a atenção de cara, outros crescem com os minutos, mas poucos têm desfecho marcante. É um problema, evidentemente, mas menor diante do esforço de Del Toro. Nada tira o mérito dele em favor do horror, gênero que vai e volta em popularidade, mas que agora mostra-se em uma crescente, com o mexicano comandando a ascensão.

Obviamente, há tantos nomes ligados ao gênero que seria injusto esquecer de Wes Craven (A Hora do Pesadelo), Ehren Kruger (O Chamado), Stanley Kubrick (O Iluminado), Chad e Carey Hayes (Invocação do Mal), Alejandro Amenábar (Os Outros), Ridley Scott (Alien, o Oitavo Passageiro), William Peter Blatty (O Exorcista)... e por aí vai. Mas Del Toro é o nome da última década, quem agora traz oito exemplares do horror bem-feito.

Del Toro pode até estar cansado, mas uma segunda temporada viria a calhar, ainda mais se aperfeiçoada. Pode ser desejo de um fã do horror, mas certamente seria um benefício à imaginação de muitos.

*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação

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