Documentário na Netflix entrevista Desmond Tutu e Dalai Lama, lado a lado, e traz ensinamentos sobre como enfrentar um mundo carregado de emoções ruins (Adam Bettcher/AFP/AFP)
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Publicado em 8 de abril de 2023 às 16h29.
Documentário na Netflix entrevista Desmond Tutu e Dalai Lama, lado a lado, e traz ensinamentos sobre como enfrentar um mundo carregado de emoções ruins
No cristianismo, a Páscoa é uma festividade religiosa que celebra a ressurreição de Jesus Cristo no terceiro dia após sua crucificação no Calvário. Ressurreição após um período de morte. Infelizmente, neste 2023 a Páscoa chega após o assassinato de quatro crianças em uma creche em Blumenau, Santa Catarina, deixando outras quatro feridas.
Como esta coluna trata de entretenimento, pensei como seria difícil indicar algo a entreter após esta tragédia que ficará na memória brasileira. Encontrei um filme que não é novo, mas encaixa no momento. O título já indica: “Missão: alegria em tempos difíceis”.
Gravado em 2015, o documentário, disponível na Netflix desde janeiro de 2023, é um misto de ensinamentos sobre a existência com um apanhado sobre os acontecimentos históricos que cercaram a vida dos protagonistas. Não são quaisquer protagonistas. Estão juntos, sentados lado a lado, Dalai Lama, hoje com 87 anos, que viveu no exílio por quase toda sua existência após ter de fugir do Tibet invadido pela China, em 1959, e Desmond Tutu, arcebispo da África do Sul na época do Apartheid, falecido em 2021 aos 90 anos.
Ambos ganharam o prêmio Nobel da Paz pelos esforços contra a realidade de seus povos (Desmond em 1984 e Dalai Lama em 1989). Entretanto, o documentário não é sobre a vida deles. É, sim, sobre como encararam a vida após tanto sofrimento.
Eles viraram amigos já mais velhos. Sob perguntas do jornalista Doug Abrams e do ex-monge Thupten Jinpa (tradutor de Dalai Lama desde 1985), mostram, em meio a constantes risadas, o quanto de carinho têm um pelo outro – desde o primeiro encontro. Como dois amigos, que de fato eram, discorrem sobre como manter a alegria em meio ao sofrimento e à injustiça, que ainda. Para eles, tendo em vista que a vida acontece por um prazo determinado, os humanos têm a obrigação de torná-la repleta de significado, exercendo compaixão com o próximo.
É raro, mas eles discordam – ou, pelo menos, apresentam pontos de vista diferentes. Em certo momento Dalai Lama dá um conselho: emoções ruins fazem mal e emoções boas fazem bem. Desmond Tutu, mais antenado à humanidade do que à santidade de seu amigo, completa que está tudo bem se em determinada situação houver fixação em emoções ruins, pois também fazem parte da existência – o que não se pode é, segundo ele, deixar que tomem conta da vida.
O documentário é uma ode ao amor e à esperança, mesmo após momentos de desespero. Um alento, um momento de respiro, assisti-lo em ocasiões como esta.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
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